Decisão da Agência Europeia de Segurança Aérea suspende a proibição de voos, que durou 22 meses após dois acidentes que causaram 346 mortes. Aeronaves 737 Max ficaram 22 meses sem poder voar Reuters A Agência Europeia de Segurança Aérea (EASA) anunciou, nesta quarta-feira (27), que deu sinal verde oficial para que o Boeing 737 MAX volte a voar nos céus europeus, paralisado em terra durante 22 meses após dois acidentes fatais que causaram 346 mortes em 2018 e 2019. "Depois de uma análise profunda por parte da EASA, determinamos que o 737 MAX pode retomar o serviço em total segurança. Esta avaliação foi realizada com total independência da Boeing, ou da Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) e sem qualquer pressão econômica, ou política", garantiu o diretor-executivo da EASA, Patrick Ky, em um comunicado. Os acidentes, na Indonésia e na Etiópia, foram associados a um software de cabine defeituoso do jato mais vendido da empresa norte-americana. "Temos plena confiança de que a aeronave é segura, que é a pré-condição para dar nossa aprovação. Mas continuaremos a monitorar as operações do 737 MAX de perto enquanto a aeronave retoma o serviço", disse o diretor executivo da EASA. "Paralelamente, e por nossa insistência, a Boeing também se comprometeu a trabalhar para aprimorar ainda mais a aeronave no médio prazo, a fim de atingir um nível de segurança ainda maior", afirmou. Os Estados Unidos suspenderam sua própria proibição em novembro, seguidos por Brasil e Canadá. A China, que foi a primeira a proibir o avião após o segundo acidente em março de 2019 e que representa um quarto das vendas do MAX, não disse quando vai agir. Boeing 737 Max volta a fazer voos comerciais no Brasil No Brasil, a Gol retomou as operações com o Boeing 737 MAX em rotas nacionais em dezembro, após aprovação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em novembro. De acordo com a companhia aérea, antes de reintegrar as aeronaves à sua frota, foram realizados treinamentos para 140 pilotos em conjunto com a Boeing, nos Estados Unidos, e uma "série rigorosa" de voos técnicos. Disputa na segurança da aviação Depois de dar a aprovação provisória em novembro, a EASA analisou a opinião de 38 comentaristas e "recebeu diretamente uma série de relatórios de denúncias que analisamos minuciosamente e levamos em consideração", disse o diretor executivo, Patrick Ky, na segunda-feira. Mas um grupo de vítimas baseado na França, Solidariedade e Justiça, chamou a medida de "prematura, inadequada e até perigosa". Analistas e chefes de companhias aéreas dizem que a EASA, que representa 31 países principalmente da UE, emergiu mais forte da crise, que corroeu a liderança dos EUA na segurança da aviação. Nos Estados Unidos, a Federal Aviation Administration (FAA) foi acusada de negligência em relação à Boeing na aprovação do MAX, que apresentava um software pouco documentado capaz de ordenar mergulhos repetidos com base em apenas um sensor vulnerável. Entre suas condições para liberar o jato, a EASA insistiu em fazer sua própria revisão independente de todos os sistemas críticos, muito além do software MCAS, irritando a Boeing e algumas autoridades norte-americanas. Também disse que as causas dos acidentes devem ser compreendidas, mudanças no projeto devem ser implementadas e os pilotos devidamente treinados. "Acreditamos que essas quatro condições foram atendidas", disse Ky. Mas um impacto duradouro será sobre uma tendência de uma década em direção à interdependência, que viu os reguladores confiarem nos julgamentos de segurança uns dos outros, em meio à pressão para serem mais eficientes. Assista a mais notícias de Economia: