Este foi o maior resultado para um mês de janeiro desde 2016. Índice desacelerou na passagem de dezembro para janeiro pressionado pela energia elétrica, que teve bandeira tarifária reduzida, mas alimentos seguem pressionando a inflação no país. Redução da bandeira tarifária das contas de energia elétrica ajudou a desacelerar o indicador prévio da inflação na passagem de dezembro para janeiro, segundo o IBGE Marcos Santos / USP Imagens O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que é uma prévia da inflação oficial do país, ficou em 0,78% em janeiro, conforme divulgado nesta terça-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este foi o maior resultado para um mês de janeiro desde 2016, quando o índice ficou em 0,92%. Em 12 meses, o IPCA-15 acumula alta de 4,30%, acima dos 4,23% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. IPCA: inflação oficial fecha 2020 em 4,52%, maior alta desde 2016 Analistas do mercado sobem estimativa de inflação para 3,50% em 2021 Em dezembro de 2020, o IPCA-15 ficou em 1,06%. A desaceleração do indicador, segundo o IBGE, foi pressionada pela energia elétrica, já que houve redução das contas de luz devido à mudança da bandeira tarifária. Todavia, os preços dos alimentos seguem pressionando a inflação no país. IPCA-15, prévia da inflação oficial (variação mensal) Economia/G1 Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, oito apresentaram alta em janeiro. Apenas comunicação apresentou deflação no mês. Veja o resultado para cada um dos grupos: Alimentação e bebidas: 1,53% Habitação: 1,44% Artigos de residência: 0,81% Vestuário: 0,85% Transportes: 0,14% Saúde e cuidados pessoais: 0,66% Despesas pessoais: 0,40% Educação: 0,11% Comunicação: -0,01% Para seis grupos, o índice desacelerou na passagem de dezembro para janeiro. Houve aceleração do indicador apenas para Vestuário, Saúde e cuidados pessoais e Despesas pessoais. Alimentação segue pressionando a inflação De acordo com o IBGE, o maior impacto no IPCA-15 de janeiro partiu do grupo de Alimentação e bebidas, embora a alta nos preços deste grupo tenha desacelerado de 2% em dezembro para 1,53% em janeiro. A desaceleração dos preços da alimentação ocorreu principalmente por conta dos alimentos para consumo no domicílio, que passaram de 2,57% em dezembro para 1,73% em janeiro. Óleo de soja tem maior subida de preço em 2020; veja as maiores altas e baixas As carnes (1,18%), o arroz (2,00%) e a batata-inglesa (12,34%) apresentaram altas menos intensas na comparação com o mês anterior, quando variaram 5,53%, 4,96% e 17,96%, respectivamente. Já as frutas subiram 5,68%, frente à alta de 3,62% no mês anterior, e contribuíram com o maior impacto (0,06 p.p.) entre os itens pesquisados. No lado das quedas, o destaque foi o recuo nos preços do tomate (-4,14%). Já os alimentos para consumo fora do domicílio seguiram movimento inverso e aceleraram de 0,58% em dezembro para 1,02% em janeiro. Enquanto a refeição (0,81%) apresentou variação próxima à do mês anterior (0,86%), o lanche passou de um recuo de 0,11% para alta de 1,45%, "contribuindo decisivamente para o resultado observado em janeiro", enfatizou o IBGE. Energia elétrica tem o maior impacto individual no mês Depois de Alimentação e bebidas, o segundo maior impacto no índice do mês partiu do grupo Habitação, que teve alta de 1,44% no mês, levemente abaixo do registrado em dezembro (1,50%). O principal impacto na alta da Habitação partiu da energia elétrica que, segundo o IBGE, foi o item com o maior impacto individual no mês (0,14 p.p.), ajudando a desacelerar a inflação na passagem de dezembro para janeiro. A energia elétrica passou de uma alta de 4,08% em dezembro para 3,14% em janeiro. Isso porque passou a vigorar a bandeira tarifária amarela, em que há acréscimo de R$1,34 na conta de luz a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos – em dezembro estava em vigor a bandeira tarifária vermelha patamar 2, cujo acréscimo é de R$ 6,24 para cada 100 kWh consumidos. Ainda no grupo Habitação, o segundo maior impacto veio do gás de botijão, que teve alta de 2,42%, foi o oitavo mês consecutivo com alta de preços para o produto. Alta dos transportes desacelera de 1,43% para 0,14% O IBGE destacou que o grupo de Transportes, que é o segundo de maior peso no IPCA-15, apresentou forte de desaceleração – passou de 1,43% em dezembro para 0,14% em janeiro. "Isso ocorreu tanto pela queda nos preços das passagens aéreas quanto pela alta menos intensa da gasolina, que passou de 2,19% em dezembro para 0,95%", destacou o IBGE. As passagens aéreas registraram deflação de 20,49% em janeiro. Segundo o IBGE, essa queda também ajuda a explicar a desaceleração do IPCA-15 na passagem de dezembro para janeiro, somada à redução da energia elétrica. Alta em todas as regiões Todas as 11 regiões pesquisadas pelo IBGE registraram alta do IPCA-15 em janeiro, sendo que em apenas quatro delas o resultado tenha ficado abaixo da média nacional. O maior índice foi observado na região metropolitana do Recife, enquanto Brasília teve o menor resultado. Veja a prévia da inflação para cada uma das regiões pesquisadas pelo IBGE: Recife: 1,45% Porto Alegre: 1,11% Fortaleza: 0,97% Belo Horizonte: 0,97% Rio de Janeiro: 0,95% Goiânia: 0,89% Belém: 0,78% Brasil: 0,78% São Paulo: 0,63% Curitiba: 0,62% Salvador: 0,38% Brasília: 0,33% Para o cálculo do IPCA-15, o IBGE coletou os preços no período de 12 de dezembro de 2020 a 14 de janeiro de 2021 e os comparou àqueles vigentes de 13 de novembro a 11 de dezembro de 2020. Perspectivas e meta de inflação A meta central do governo para a inflação em 2021 é de 3,75%, e o intervalo de tolerância varia de 2,25% a 5,52%. Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), que está atualmente em 2% ao ano. Os analistas das instituições financeiras projetam uma inflação de 3,50% no ano, conforme aponta a última pesquisa Focus do Banco Central. Em 2020, a inflação fechou em 4,52%, acima do centro da meta do governo, que era de 4%. Foi a maior inflação anual desde 2016. Metas para a inflação estabelecidas pelo Banco Central Aparecido Gonçalves/Arte G1 Assista às últimas notícias de Economia: q