Renúncia de presidente da Eletrobrás tem relação com sucessão no Congresso
A renúncia do presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, anunciada pela empresa via fato relevante, é sinal de que a privatização da estatal tem poucas chances de prosperar nos últimos dois anos do governo do presidente Jair Bolsonaro.
Ferreira Júnior, considerado um nome técnico, alegou motivos pessoais para renunciar. Ele, que fica até 5 de março, estava no cargo desde 2017 e trabalhava para ajustar a empresa para receber mais investimentos privados, diluindo o controle da União na estatal.
A privatização é tentada desde o governo de Michel Temer, mas tem no Congresso seu maior entrave. A empresa é historicamente alvo de políticos que buscam indicar aliados a cargos com altos salários.
Parlamentares mineiros são contrários à privatização porque não querem abrir mão de Furnas. Os do Nordeste querem manter o controle sobre a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf). Ambas são ligadas à Eletrobras.
Já entre parlamentares da região Norte, a privatização ganhou a resistência do atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), depois do apagão no Amapá. No episódio, que deixou Macapá e mais de 10 cidades quase um mês sem energia, os problemas foram atribuídos ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e da empresa transmissora, que é privada. Especialistas do setor elétrico ainda atribuem aos órgãos reguladores falhas no controle do sistema.
Eletrobras comunica renúncia de Wilson Ferreira Júnior do cargo de presidente da empresa
A gota d’água, segundo pessoas próximas ao presidente da Eletrobras, foi a declaração do senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), favorito à corrida para presidência do Senado, de que a privatização não é prioridade. Depois da declaração, as ações da empresa caíram 6%.
A desestatização da Eletrobras é citada por especialistas do setor elétrico como essencial para aumentar investimentos na empresa e garantir que ela deixe de perder fatia de mercado, que vem caindo.