Mercado possui televisores com diferentes siglas. Veja como funcionam e as particularidades de cada uma. Tecnologias das telas de TVs O mercado de televisores é cheio de siglas, muitas delas parecidas entre si: miniLED, microLED, OLED, entre outras. Durante a Consumer Electronic Show (CES), maior feira de tecnologia do mundo, fabricantes apresentaram avanços nessas tecnologias. A expectativa é que TVs com novas nomenclaturas, como miniLED, apareçam no mercado brasileiro a partir deste ano. Mas qual é a diferença entre cada uma dessas siglas? Existe uma tecnologia melhor do que a outra? Tela transparente, painel 'dobrável' e microLED: as novidades de TVs na CES 2021 Entenda a sopa de letrinhas: Entendendo brilho e contraste Cada uma dessas tecnologias oferece níveis diferentes de brilho e contraste. João Rezende, especialista da SEMP TCL, explica a importância desses itens nas TVs: "Pense em uma cena com um céu estrelado: em uma TV de brilho baixo, você vê 50 estrelas, enquanto em outra com mais brilho é possível visualizar muito mais estrelas. É a capacidade de iluminar um ponto específico. Já o contraste é a capacidade da TV controlar o brilho e mostrar diferentes tons de uma mesma cor", disse. O que é LED? Infográfico mostra como é a tecnologia LED em TVs. Anderson Cattai/Arte G1 Para começar a entender cada nome, é preciso iniciar pelo LED. É a tecnologia mais comum do mercado, presente em TVs de diversos tamanhos e resoluções (como Full HD e 4K). Modelos que levam nomes como QLED e miniLED são evoluções dela (saiba mais abaixo). A tecnologia de LED em TVs se refere à iluminação da tela: são as luzes que iluminam filtros e chegam no cristal líquido (LCD) para mostrar as imagens. Na maioria dos modelos convencionais, os LEDs estão posicionados na parte de baixo da tela, na horizontal, jogando luz em uma camada refletora branca, que faz a iluminação ficar uniforme. Em modelos mais baratos, há menos LEDs espalhados pela tela, o que não permite um controle preciso de iluminação de pontos específicos. Na prática, isso pode gerar uma "áurea" em torno de objetos luminosos, como a cena de uma lua, por exemplo. PRÓS: Modelos mais comuns e baratos. CONTRAS: Menos pontos de luz, menor controle do contraste de cores. O que é QLED? Infográfico mostra como é a tecnologia QLED em TVs. Anderson Cattai/Arte G1 O QLED é a primeira evolução do LED. Essa tecnologia não muda o princípio de iluminação do LCD, mas adiciona um filtro que mostra cores mais precisas. O QLED ainda precisa de uma fonte de iluminação. Essa opção é utilizada por marcas como Samsung, TCL e até mesmo a LG – e estão disponíveis em tamanhos a partir de 50 polegadas. Uma das diferenças em relação ao LED convencional é que os televisores QLED contam com mais pontos de luz, permitindo melhor controle da iluminação de fundo e de quais regiões da tela ficam acesas. Os LEDs ficam espalhados na traseira, que também iluminam uma camada refletora para dar uniformidade para o painel. Esses televisores utilizam um filtro de ponto quântico que ajuda a aumentar a gama de cores e de contraste. "A QLED faz uma separação de cores por um cristal muito pequeno: o tamanho dele é 100 mil vezes do que um fio de cabelo. Pense em um prisma, que separa as cores do arco-íris. Esse cristal separa uma única cor, como o vermelho, e é muito preciso", diz João Rezende, chefe de marketing de produto da SEMP TCL. A camada de pontos quânticos filtram as cores vermelho, verde e azul, que formam o "RGB" – sistema de cores aditivas que geram um grande espectro de cores. Os televisores possuem ainda uma camada que bloqueia a iluminação de uma determinada área, regulando quanto dessa iluminação pode atravessá-la, gerando mais contraste – mas que ainda é menor do que o de televisores OLED. A tecnologia QLED, inclusive, pode ser combinada com a miniLED (saiba mais abaixo). PRÓS: Mais pontos de luz do que televisores LED tradicionais, é um filtro que deixa as cores mais precisas, mais brilho que OLED. CONTRAS: Nível de contraste e ângulo de visão menor do que OLED. O que é OLED? Entenda a tecnologia OLED das telas de TV Anderson Cattai/G1 A tecnologia OLED é diferente: ela dispensa o LCD (cristal líquido) e a luz de fundo, já que seus pixels emitem luzes nas cores primárias por contra própria. Quando ele precisa mostrar a cor preta, o pixel desliga. A vantagem dessa tecnologia é produzir TVs mais finas e com o melhor nível de contraste (com o chamado "preto real"). "Cada pixel funciona como uma persiana, liberando um pouco de cada cor. Como o OLED não precisa de um painel de retroiluminação, cada pixel da TV é um ponto de luz", explica Pedro Valery, gerente de produtos e especialista em TV da LG. A diferença fundamental é que o OLED não precisa de uma luz de fundo, ao contrário dos modelos LED. Com o controle individual, o televisor evita que a luz "escape" para a região ao lado – e, assim, não há um efeito de "áurea" em torno de objetos luminosos, como a cena de uma lua ou de um farol. A desvantagem, segundo as fabricantes que optam por não usar a tecnologia em televisores, é que o OLED tem vida útil mais curta, oferece menos brilho e pode gerar marcações na tela se uma mesma imagem é mostrada por muito tempo (o chamado "burn-in" ou retenção de imagem). Os modelos com essa tecnologia são dominados pela LG, embora não seja a única fabricante a usar esse tipo de painel – Sony, Philips e outras companhias adotam a opção. As TVs costumam ser vendidas em tamanhos a partir de 55 polegadas, por causa do custo de fabricação dos painéis. O porta-voz da LG afirma que qualquer televisor está suscetível à retenção de imagem e que existem tecnologias embutidas para evitar o problema – como limpeza automática e desvio imperceptível da imagem para que ela não fique parada no mesmo ponto. PRÓS: Cada pixel é um ponto de luz, melhor contraste disponível, ótimo ângulo de visão. CONTRAS: Menos brilho do que concorrentes, vida útil pode ser mais curta. O que é miniLED? Infográfico mostra como é a tecnologia miniLED em TVs. Anderson Cattai/Arte G1 O miniLED é outra evolução do LED convencional, e começará a aparecer no mercado em meados 2021 – como as marcas ainda não trouxeram os modelos, não se sabe em quais tamanhos estarão disponíveis. Segundo os representantes das fabricantes de televisores, o miniLED vai oferecer mais brilho do que o OLED e um contraste parecido. São lâmpadas ainda menores, em miniatura, que ficam atrás do LCD. Os LEDs menores permitem um controle maior da emissão de luz. Cada pixel gera cores mais precisas (porque o ponto de iluminação não "invade" o pixel vizinho) e mais contraste (pois é possível escurecer locais com mais precisão). "Um miniLED é sair de uma luz que é do tamanho de um dedo para outro que é do tamanho de um glitter", disse Guilherme Campos, especialista da Samsung. "Com a redução de tamanho, consigo colocar muito mais LEDs, não preciso da camada refletora. Preciso somente do miniLED, e a parte de trás da televisão conseguiu ficar mais próxima da tela em si.", completa. Isso vai permitir a chegada de televisores mais finos, com espessuras mais parecidas com as que estão disponíveis atualmente nos modelos OLED. "Antes, uma TV LED de 75 polegadas tinha cerca de 600 zonas de iluminação, mas com miniLED vamos cobrir mais de 2000 zonas", disse João Campos, da SEMP TCL. Diversas fabricantes anunciaram na CES 2021 que irão produzir modelos com essa tecnologia, cada uma adotando um nome específico. Entre elas estão a LG (com a linha QNED), a Samsung (Neo QLED) e a Semp TCL (miniLED). Como os nomes das linhas indicam, o miniLED vai ser combinado com os filtros QLED. Por ser novidade, a tendência é que esses modelos sejam mais caros do que aqueles que utilizam outras tecnologias. "Hoje, a TV de miniLED consegue desligar em regiões muito pequenas, mas não consegue desligar o LED individualmente no tamanho de um pixel, que é o que faz o OLED e o que vai fazer o microLED", afirmou João Rezende, da SEMP TCL. PRÓS: Muito mais pontos de luz do que televisores LED tradicionais, pode ser combinado com tecnologia de cores QLED, alto nível de brilho. CONTRAS: Só estará à venda a partir do meio de 2021 e contraste ainda não é idêntico ao do OLED. O que é microLED? Infográfico mostra como é a tecnologia microLED em TVs. Anderson Cattai/Arte G1 Por fim, temos o microLED, tecnologia que é grande aposta da Samsung para esse ano. A novidade junta características do LED e do OLED e é considerada o "cenário ideal" em televisores. O microLED emite suas próprias cores vermelha, verde e azul, sem precisar de uma iluminação de fundo (igual ao OLED). Porém, ele não possui compostos orgânicos como o OLED, o que aumenta a sua vida útil. Além disso, como o nome sugere, ele é minúsculo: tem apenas 0,1 milímetro, mais fino que um fio de cabelo, e tem cerca de 1% do tamanho de um LED convencional. Com isso, cada Micro LED consegue iluminar uma estrutura de pixel. "Um painel é repleto de micro LEDs, oferecendo máximo do brilho, pois há controle individual, e o máximo de constraste", diz Guilherme Campos, da Samsung. Essa tecnologia ainda é nova e, até agora, estava disponível em telas muito grandes como uma TV modular de 146 polegadas que foi mostrada pela Samsung em 2018. A promessa da empresa sul-coreana é começar a produzir modelos menores, começando com 99 polegadas e 110 polegadas, ainda neste ano. E por ser a tecnologia de ponta, os preços devem ser bastante altos. PRÓS: Cada ponto de luz é um pixel, melhor nível de contraste e melhor nível de brilho disponível. CONTRAS: Estará à venda somente depois do meio de 2021 e será mais cara. Veja vídeos sobre tecnologia no G1