Grupo é formado por associações de 10 países, entre eles Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha. Funcionários do Google protestam contra assédio sexual, em dezembro de 2018. REUTERS/Jeenah Moon Trabalhadores da Alphabet, empresa que controla o Google, anunciaram nesta segunda-feira (25) a formação de uma aliança de sindicatos ao redor do mundo. Chamada de Alpha Global, a coalização é composta por 13 sindicatos que representam funcionários em 10 países, incluindo os Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha. Não há um sindicato no Brasil. A Alphabet possui mais de 220 mil funcionários contratados e terceirizados ao redor do mundo, segundo o jornal "New York Times". O grupo é afiliado ao UNI Global Union, uma federação sindical baseada na Suíça que representa mais de 20 milhões de trabalhadores em diversos setores. O anúncio da coalizão acontece uma semana depois de trabalhadores da Alphabet nos EUA formarem o próprio sindicato – que atualmente possui mais de 700 filiados. Assim como o sindicato dos trabalhadores da Alphabet nos EUA, a aliança buscará poder de barganha com a companhia por meio da união dos funcionários. Não há nenhum acordo vinculativo entre a união de sindicatos e a Alphabet. SAIBA MAIS: Funcionários da Alphabet formam sindicato nos EUA A UNI Global Union opera dessa forma com outras empresas. Em 2020, ela ajudou a organizar uma greve internacional de trabalhadores da Amazon durante a Black Friday. O protesto pedia por melhores condições de trabalho e transparência sobre o pagamento de impostos. A iniciativa recebeu apoio de mais de 400 parlamentares de 34 países, segundo a agência de notícias Reuters. "Os problemas na Alphabet – e criados pela Alphabet – não são limitados a apenas um país e precisam ser tratados em um nível global", disse Christy Hoffman, secretária-geral da UNI, em comunicado. Entre os objetivos listados pela Alpha Global estão: criação de uma estratégia comum e o apoio das demandas coletivas; trabalhar em conjunto para construir organizações locais que reflitam os valores e interesses dos funcionários; brigar pelos diretos de funcionários diretos da Alphabet, bem como temporários e terceirizados. No total, a aliança inclui sindicatos de Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Estados Unidos, Finlândia, Irlanda, Itália, Itália, Reino Unido, Suécia e Suíça. Plano de fundo A organização de sindicatos é rara entre trabalhadores do setor de tecnologia. Porém, a relação entre os funcionários e as lideranças executivas da Alphabet se tensionaram nos últimos anos. Em 2018, milhares de trabalhadores deixaram os escritórios e protestaram contra escândalos de assédio sexual e como a empresa lida com esses casos, no chamado “Google Walkout”. O protesto aconteceu após uma reportagem do jornal “New York Times” mostrar que a empresa protegeu Andy Rubin, um alto executivo diretor do sistema Android, acusado de assédio. Ele deixou a empresa com um bônus de US$ 90 milhões. SAIBA MAIS: Funcionárias que promoveram protesto no Google enfrentam retaliação, diz jornal Funcionários do Google protestaram em todo mundo contra assédio sexual em novembro de 2018 Reuters/Stephen Lam Também em 2018, os funcionários do Google escreveram uma carta ao CEO da companhia, Sundar Pichai, pedindo que encerrasse uma parceria com o Pentágono que estaria desenvolvendo um programa de inteligência artificial (IA), chamado Project Maven. A pressão deu certo, a empresa deixou o projeto de lado. No mesmo ano, outra movimentação dos trabalhadores fez com que o Google abandonasse o Projeto Dragonfly, um plano para lançar uma versão censurada dos serviços de buscas on-line na China. No final de 2020, milhares de profissionais do Google e apoiadores acadêmicos assinaram um abaixo-assinado contra a demissão da cientista de inteligência artificial Timnit Gebru. Ela enviou um e-mail interno acusando o Google de "silenciar vozes marginalizadas", após superiores terem solicitado que ela não publicasse um artigo científico ou retirasse seu nome e de colegas. Gebru foi desligada da companhia pouco depois. A companhia agora investiga uma outra pesquisadora sobre ética em inteligência artificial (IA), Margaret Mitchell, por ela supostamente ter baixado um grande número de arquivos e compartilhado com terceiros. Em dezembro passado, o Conselho Nacional de Relações Trabalhistas acusou o Google de espionar ilegalmente funcionários que organizaram protestos e ter demitido dois deles em retaliação. Veja vídeos sobre tecnologia no G1 A