Na comparação com novembro de 2019, a economia apresentou queda de -0,6%, a menos intensa desde o início da pandemia. A atividade econômica brasileira cresceu 1,1% em novembro, frente a outubro, indica o monitor do Produto Interno Bruto (PIB) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgado nesta quinta-feira (21). O resultado mostra uma aceleração da economia, já que em outubro ela havia registrado crescimento de 0,6%.
Já na comparação com novembro de 2019, a economia teve queda de 0,6%, segundo a FGV. Foi a queda menos intensa, nesta base de comparação, desde o início da pandemia.
A estimativa da FGV ficou acima da do Banco Central, que apontou um crescimento de 0,59% em novembro ante outubro e queda de 0,83% na comparação interanual.
De acordo com o coordenador do Monitor do PIB-FGV, Claudio Considera, a alta do PIB em novembro reflete o crescimento registrado nas três grandes atividades econômicas – agropecuária, indústria e serviços.
"Embora ainda esteja em patamar muito abaixo do nível pré-pandemia, a economia dá sinais de retomada, ainda que lenta, no que parece ser a volta a seu antigo normal de crescimento fraco e instável. ”, apontou Considera.
Consumo das famílias em queda, mas com tendência ascendente
De acordo com o monitor do PIB, o consumo das famílias teve queda de 3% no trimestre móvel terminado em novembro, em comparação ao mesmo trimestre de 2019. A FGV destacou, no entanto, que desde a queda histórica de 12,2%, registrada no segundo trimestre, o consumo segue com tendência ascendente, embora ainda com variações menos negativas.
"Nota-se que essa trajetória menos negativa se deve principalmente ao desempenho do consumo de bens, tendo em vista que o consumo de serviços, apresenta uma recuperação mais lenta, embora também com taxas menos negativas desde o resultado do segundo trimestre", destacou a FGV.
Já na análise mensal interanual, comparando-se novembro com o mesmo mês do ano anterior, o consumo de serviços se destacou com a maior queda dentre os componentes do consumo. Segundo a FGV, isso se deve, principalmente, às retrações do consumo de alojamento, alimentação e demais serviços prestados as famílias, "todos dependentes da interação social, dificultada devido à pandemia".
Entre os bens de consumo, o destaque foi o desempenho positivo dos produtos duráveis, que cresceram 8,9% em novembro. "Lembrando que os produtos duráveis são menos dificultados pelo isolamento social, e adquiríveis por comércio eletrônico", ponderou a entidade.
Investimentos voltam a crescer após sete quedas seguidas
A Formação bruta de capital fixo (FBCF), que indica a capacidade de investimento das empresas, cresceu 1% no trimestre móvel terminado em novembro, em comparação ao mesmo trimestre do ano anterior, interrompendo uma sequência de sete quedas seguidas deste indicador.
Segundo a FGV, esse crescimento foi devido ao desempenho positivo de máquinas e equipamentos (3,4%) e da construção (0,6%).
Na comparação mensal interanual, o componente de "outros da FBCF" apresentou a única retração deste indicador (-4,1%), influenciada pelo desempenho negativo do segmento de serviços prestados às empresas, em novembro.
Exportação segue em queda
A exportação de bens e serviços retraiu 6,5% no trimestre móvel terminado em novembro, também na comparação com igual trimestre de 2019. Segundo a FGV, praticamente todos os componentes retraíram nesta comparação. As únicas exceções foram a exportação de bens de consumo que cresceu 17,6%, impulsionada pela exportação de bens de consumo não duráveis que cresceram 21% e de consumos duráveis que cresceram 9,4%, neste trimestre.
Além destes componentes, a exportação de produtos da extrativa mineral também apresentou desempenho positivo no trimestre (3,3%).
A FGV destacou, ainda, que o volume total exportado de bens e serviços recuou 2,9% – apenas três segmentos apresentaram alta: bens de consumo (17,3%), produtos da extrativa mineral (13,0%) e bens intermediários (2,5%). A maior queda registrada foi na exportação de produtos agropecuários (-27,8%), seguida de bens de capital (-24,2%) e da exportação de serviços (-21,5%).
Importação tem leve melhora
A importação retraiu 14,4% no trimestre móvel. A FGV enfatizou, no entanto, que "embora muito negativa, mostra uma melhora desta taxa, em comparação ao desempenho anterior".
O único componente a crescer foi a importação de produtos agropecuários (6,7%). As fortes quedas de bens de capital (-26,4%), bens intermediários (-6,2%) e dos serviços (-30,2%) explicam a maior parte desta retração.
Já na comparação mensal, a maior parte dos segmentos da importação apresentaram crescimento em novembro. Segundo a FGV, os segmentos de extrativa mineral e de serviços foram únicos que apresentaram queda no mês.
"O segmento de serviços, em particular, segue com quedas expressivas desde abril, com taxa de -20,0% em novembro", destacou a entidade.