Pandemia do coronavírus reduziu comemorações que priorizavam outras bebidas; expectativa para 2021 é mais contida por conta da crise econômica. Vinho: foram 501,1 milhões de litros comercializados em 2020 contra 383,9 milhões de litros no ano anterior. Freepik Na contramão de setores que sofreram com a pandemia do coronavírus, o mercado de vinhos teve alta de 31% em 2020. Ao todo, foram 501,1 milhões de litros comercializados em 2020 contra 383,9 milhões de litros no ano anterior. Como mostrou o G1 em outubro, as vendas subiram no ano passado por conta do isolamento social. Subiu a preferência pela bebida para momentos de lazer em casa. Wine pede suspensão de sua entrada na bolsa O levantamento final de 2020 foi cedido com exclusividade ao G1 pela Ideal Consulting, empresa que mede o comércio entre as vinícolas e supermercados, lojas e restaurantes, somando importações. Os números captam, portanto, a formação de estoque e não a venda na ponta. A venda de vinhos nacionais subiu 32,4% no ano passado, enquanto os importados tiveram crescimento de 26,5%. Assim, o produto brasileiro ganhou 3 pontos percentuais no mercado. A preferência por vinhos daqui é efeito direto do dólar mais alto. A moeda americana teve alta acumulada de 29% no ano, elevando junto o preço de produtos importados. A boa notícia para produtores é que os vinhos finos brasileiros ganharam 2 pontos percentuais do mercado, um crescimento de 100% em 2020. Casal pede vinho barato em restaurante de NY e recebe garrafa de US$ 2 mil por engano Os finos são aqueles de qualidade mais alta, feitos com uvas próprias para a produção da bebida (vitiviníferas). São eles que tentam bater de frente com produtores vizinhos, como Argentina, Chile e Uruguai, e que têm ampla procura de quem aprecia a bebida. "Foi um ano atípico. O desafio para 2021 será sustentar esse crescimento, com as pessoas voltando às suas rotinas, com crise econômica, câmbio desfavorável e aumento do preço dos vinhos brasileiros por conta da falta de insumos", diz Felipe Galtaroça, CEO da Ideal Consulting. Segundo Galtaroça, a moeda americana será decisiva também no ano que virá. Por conta das pressões de mercado de commodities, por exemplo, as vinícolas brasileiras sofreram com a falta de garrafas e caixas de papelão nos últimos meses. As importadoras, diz, também aproveitaram para formar estoque com o enfraquecimento do dólar depois das eleições americanas. Houve, então, queda de procura em dezembro e haverá nos primeiros meses deste ano. Felipe Galtaroça, CEO da Ideal Consulting: mercado de vinhos sofrerá pressão da crise econômica e falta de insumos produtivos Divulgação Mercado de vinhos comemora crescimento recorde nas vendas Consumo A Ideal estima ainda que o volume consumido em litros por habitante no Brasil tenha crescido substancialmente. Em 2019, cada brasileiro maior de 18 anos bebia, em média, 2,13 litros de vinho ao ano, segundo a empresa. O resultado apurado de 2020 foi de 2,78 litros no ano. A autoridade máxima nessa estatística, a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), nem mesmo divulgou o resultado para 2019. Em 2018, o número apurado no Brasil foi de 2 litros anuais para cada habitante. A diferença para outros mercados é considerável. O líder do ranking da OIV foi Portugal, que teve consumo de 62 litros per capita naquele ano. Franceses beberam 50 litros em média. Italianos, 44 litros. Argentinos, 25 litros. Em outras palavras: a cada garrafa bebida por um brasileiro, mais de 30 são consumidas por um português. VÍDEOS: Últimas notícias de Economia ,