Publicações do presidente Jair Bolsonaro e do Ministério da Saúde receberam rótulos recentemente. Plataforma diz que reduz visibilidade e alcance dos tuítes; entenda. Twitter tem regras para marcar posts com desinformação mas que são considerados pela rede social como de interesse público. Thomas White/Reuters O Twitter marcou como enganosas publicações do presidente Jair Bolsonaro, do Ministério da Saúde e de outras figuras públicas brasileiras desde a última sexta-feira (15) com uma mensagem que aponta que a publicação feriu as regras da rede social. A plataforma afirma que, por ser um conteúdo que pode ser do interesse público, os posts são mantidos no ar. Esse tipo de marcação passou a acontecer com mais frequência durante a pandemia de Covid-19, após a plataforma definir regras para conter a desinformação sobre a crise sanitária. SAIBA MAIS: Ministério da Saúde diz que questionou Twitter sobre post com alerta de informação enganosa O que acontece quando um tuíte é rotulado? Entenda abaixo: O que é um post marcado? Post do presidente Jair Bolsonaro escondido sob aviso do Twitter. Reprodução As publicações rotuladas pelo Twitter ficam escondidas sob um aviso no perfil de quem as publicou. O alerta colocado em posts de Bolsonaro, do Ministério da Saúde e de deputados tem um texto que diz: "Este tuíte violou as Regras do Twitter sobre a publicação de informações enganosas e potencialmente prejudiciais relacionadas à Covid-19. No entanto, o Twitter determinou que pode ser do interesse público que esse Tweet continue acessível." Os tuítes continuam no ar, mas, quem abre a postagem vê primeiro esse aviso. Marcação do Twitter em post do ministério. Pasta apagou o tuíte. Reprodução/Twitter O que acontece com esses tuítes? O Twitter afirma a marcação de posts reduz sua visibilidade e circulação: não é mais exibido o contador de retuítes e curtidas daquele tuíte; não é mais possível responder ao post (enviar replies), mas é possível fazer um retuíte com comentário; as respostas enviadas até a marcação são escondidas; ele deixa de ser exibido na linha do tempo de "tuítes em destaque" (o Twitter permite que as pessoas escolham entre visualizar uma linha do tempo cronológica e outra em que um algoritmo escolhe as principais publicações); o post não é mostrado em notificações e e-mails que recomendam tuítes "em alta"; ele deixa de ser mostrado na aba "Explorar" que traz curadorias do Twitter e uma lista dos assuntos mais comentados; o tuíte deixa de aparecer nas buscas caso o filtro de pesquisa segura esteja ativo. Quais posts podem ser rotulados? Nas regras sobre remoção de conteúdo que envolva desinformação sobre a Covid-19, em texto de julho passado, a rede social aponta o que leva em conta ao considerar essa medida. Podem ser alvos posts que: reflitam não uma opinião, mas algo apontado como fato, e, entre os exemplos, o Twitter cita postagens que abordem supostas medidas preventivas contra a doença, tratamentos ou curas; tenham sido apontados como falsos ou enganosos por especialistas no assunto, como autoridades de saúde pública; possam causar danos se as pessoas acreditarem nessa informação, da forma como ela foi apresentada, podendo levar a uma maior exposição ao vírus ou afetar a capacidade do sistema de saúde de lidar com a pandemia, por exemplo. Não são apenas publicações sobre Covid-19 que podem receber um rótulo como esse. Posts que desrespeitem qualquer uma das regras de uso da rede social estão sujeita à marcação, incluindo aqueles que incitem violência ou que possam manipular ou interferir em eleições ou outros atos cívicos. Twitter tira conta de Trump do ar permanentemente Por que marcar e não remover? Os critérios do Twitter para decidir se uma publicação será removida ou mantida no ar não estão expostos nas regras da plataforma. Segundo a rede, a decisão depende do "interesse público". No caso de posts de líderes mundiais, o Twitter diz que, ainda que a mensagem viole as regras "se houver um claro interesse público em mantê-lo na plataforma, nós o colocaremos atrás de um aviso que trará contexto sobre a violação e permitirá que as pessoas cliquem e vejam o conteúdo se assim desejarem". "O aviso é potencialmente informativo. Ele pode fazer com que a pessoa passe a procurar informações verdadeiras em outros canais e romper o canal da desinformação”, avalia Yasmin Curzi, especialista em Direito Digital, da FGV-Rio. “Adicionar uma informação a mais, um aviso ou um link para que a pessoa chegue à checagem de fato daquela informação é uma boa medida porque não suprime a manifestação de um usuário”, diz Ivar Hartmann, professor associado do Insper e especialista em direito digital. VÍDEOS: novidades sobre vacinas contra a Covid-19 e Initial plugin text