Vendas cresceram 9,4% com relação ao ano anterior, atingindo 44,5 milhões de sacas de 60 kg. Segundo a entidade, efeito da seca ainda será avaliado. Plantação de café em Minas Gerais Reprodução/Globo Rural As exportações de café do Brasil atingiram recorde de 44,5 milhões de sacas de 60 kg em 2020, considerando a soma dos produtos verde, solúvel e torrado & moído, afirmou o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) nesta segunda-feira (18). Exportações de commodities do Brasil em 2020 têm recordes que vão do petróleo ao café De onde vem o que eu como: café é a 2ª bebida mais consumida no país e interesse por métodos de preparo cresceu na pandemia A tendência indica que o ritmo de exportações continue, mas podem ocorrer efeitos do ciclo de baixa da cultura e da longa estiagem ocorrida no ano passado, que ainda serão avaliados, de acordo com Nelson Carvalhaes, presidente do Cecafé. "Ainda temos café suficiente para atender os mercados. O Brasil vai continuar embarcando o máximo que é possível, mas é importante esperarmos fevereiro e março para termos um número mais seguro (sobre os estoques e safra)", afirma Carvalhaes. Em relação a 2019, o resultado dos embarques de 2020 representa alta de 9,4%. Do volume total embarcado, 40,4 milhões de sacas foram de café verde, aumento de 10,2% comparado ao ano anterior. Os cafés verdes são compostos pelos grãos tipo arábica, cujas exportações totalizaram 35,5 milhões de sacas no ano passado, alta de 8,4% ante 2019 e recorde histórico para essa variedade. Os embarques da variedade robusta (conilon) atingiram 4,9 milhões de sacas, crescimento de 24,3% e também maior volume embarcado na história, segundo o Cecafé. As exportações de café solúvel foram de 4,1 milhões de sacas, alta de 2,4% e volume recorde do produto industrializado. "Devido à pandemia da Covid-19, estamos passando por um período desafiador e, ao mesmo tempo, tivemos uma das maiores safras, batendo um recorde histórico", afirmou o presidente da entidade. Segundo o Cecafé, houve uma mudança na dinâmica de consumo da bebida imposta pelo surto do novo coronavírus no mundo, que fez com que a população parasse de frequentar as cafeterias, mas não parasse de tomar café. Além do consumo em casa, também avançaram novas modalidades de venda, como a online. Quanto à segunda onda da pandemia, que desencadeou novos lockdowns em diversos países, Carvalhaes disse que o comportamento dos consumidores será avaliado. "O consumo doméstico deverá continuar firme e forte, mas o fora do lar continuará prejudicado com esses lockdowns, principalmente na Europa", alertou o presidente. Entre os compradores, os Estados Unidos permaneceram como principal destino do café brasileiro, com 8,1 milhões de sacas exportadas para o país, equivalente a 18,3% das exportações totais no ano passado. O segundo maior destino foi a Alemanha, com 7,6 milhões (17,1%) e, em terceiro, a Bélgica, com 3,7 milhões (8,4%). "Nos dois continentes mais afetados pela Covid-19, Europa e América do Norte, o Brasil apresentou crescimento nas exportações, de 8,8% e de 3,8%, respectivamente", pontuou Carvalhaes. Retorno financeiro A receita cambial com as exportações de café no ano passado alcançou 5,6 bilhões de dólares, alta de 10,3% em relação a 2019 e equivalente a R$ 29 bilhões, representando aumento de 44,1% na conversão em moeda local, de acordo com o Cecafé. Com isso, o conselho afirmou que o setor teve participação de 5,6% nas exportações do agronegócio e de 2,7% nos embarques totais do país. Já o preço médio da saca no ano foi de 126,52 dólares. "O Brasil é o país que mais repassa preço ao produtor. De todos os ganhos que se tem nas exportações, a maior parte fica com o produtor. Mostrar recordes significa receita a mais para o produtor", disse a entidade. Dezembro recorde Ainda de acordo com o Cecafé, em dezembro o Brasil exportou 4,3 milhões de sacas de café para o mundo, dado que representa também um recorde histórico em volume exportado para o mês, além do aumento de 38,6% no comparativo anual. A receita cambial gerada no período foi de 541 milhões de dólares, crescimento de 37,1% e equivalente a 2,8 bilhões de reais, representando alta de 71,7% na conversão em reais. As exportações de cafés verdes somaram 3,9 milhões de sacas (+41,8% ante dezembro de 2019), sendo 3,5 milhões de sacas de café arábica (+46,3%) e 381 mil de robusta (+10,1%). Os cafés industrializados corresponderam a 353,1 mil sacas embarcadas (+11,3%), sendo 352 mil sacas de café solúvel (+11,5%). Vídeos: tudo sobre o agronegócio