Ana Flor: 'Bolsonaro avalia trocar presidente do Banco do Brasil'
A pressão de aliados políticos do presidente Jair Bolsonaro levou o Palácio do Planalto a reagir contra a restruturação do Banco do Brasil e pode resultar na saída do atual presidente da instituição, André Brandão.
Desde segunda-feira, quando foram anunciadas as mudanças – fechamento de mais de 200 agências e um programa de demissão voluntária com o objetivo enxugar 5 mil vagas – Bolsonaro passou a receber telefonemas e pedidos de audiência de políticos. Eles reclamam que suas cidades deixariam de ter agências do banco.
A principal irritação de Bolsonaro é motivada pelo anúncio das medidas antes da definição das presidências da Câmara e Senado — as eleições estão previstas para fevereiro.
“Cada agência que fecha em um município, é uma base eleitoral de algum político que fecha com ela”, disse ao blog um experiente conhecedor do banco.
As reclamações incluem o fato de Brandão receber poucos políticos, uma ação institucional que sempre faz parte da agenda dos presidentes dos dois bancos com controle acionário do governo — o outro é a Caixa Econômica Federal.
O Banco do Brasil é uma empresa de economia mista, mas a maior parte das ações (pouco acima de 50%) com direito a voto pertencem ao governo. O banco tem ações em bolsa, e atualmente 20% do capital é estrangeiro.
Um assessor próximo ao presidente Bolsonaro afirmou que no início da noite desta quarta-feira a situação de Brandão não estava resolvida e que Bolsonaro pensava ainda em manter Brandão, indicado para o cargo pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
Dentro do governo, há a visão de que Brandão é um "outsider", que, apesar de muito conhecimento no mundo financeiro, não entende a função institucional do cargo, que inclui uma relação próxima com lideranças políticas.
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