Vanguardista, estilista foi pioneiro das coleções exclusivamente masculinas e ajudou a popularizar o estilo unissex. Causa da morte não foi divulgada. Estilista Pierre Cardin prepara sua sucessão aos 96 anos MARCO BERTORELLO / AFP O estilista francês Pierre Cardin morreu aos 98 anos nesta terça-feira (29), no hospital de Neuilly-sur-Seine, ao lado de Paris. A morte foi confirmada pela família à Agência France Presse, mas a causa não foi divulgada. "Dia de grande tristeza para toda a nossa família, Pierre Cardin já não está. O grande costureiro que foi, atravessou o século, deixando à França e ao mundo uma herança artística única na moda, mas não apenas isso", escreveu a família em um comunicado. "Todos temos orgulho da sua ambição tenaz e da ousadia que demonstrou ao longo da vida." Pierre Cardin, estilista ícone do 'prêt-à-porter', morre aos 98 anos na França Vanguardista, o estilista foi um dos responsáveis pela retomada da alta costura na França pós-guerra e ícone do "prêt-à-porter". Também introduziu grandes tendências da moda, como as coleções exclusivamente masculinas e as peças unissex. FOTOS: Modelos e peças icônicas ENTREVISTA: 'É minha razão de ser, minha realidade, minha droga' Cardin também foi pioneiro nas licenças no mundo da moda, o que permitiu a internacionalização de seu trabalho. Com sede na França, sua grife se tornou muito popular na Ásia e nos Estados Unidos. Além da moda, Cardin tinha negócios de hotelaria, perfumaria e restaurantes, que fazia questão de administrar. No ano passado, um documentário em sua homenagem foi exibido no Festival de Veneza. "House of Cardin", de P. David Ebersole e Todd Hughes, mescla momentos-chave de sua carreira com um retrato pessoal do estilista. Nascimento na Itália e carreira na França Cardin nasceu em 2 de julho de 1922 em Veneza, na Itália, com o nome de Pietro. Seus pais, agricultores italianos, migraram para a França para fugir do fascismo quando ele tinha dois anos. O estilista se naturalizou francês. Começou a trabalhar com moda e costura aos 14 anos, como alfaiate na cidade de Saint-Etienne. Depois, foi para uma casa de moda em Vichy e trabalhou, posteriormente, como contador na Cruz Vermelha. Pierre Cardin, estilista francês, morre aos 98 anos Em 1944, ingressou na casa Paquin, em Paris, da renomada estilista Jeanne Paquin. Ali, foi responsável pela criação dos figurinos do filme "A bela e a fera" (1946). Em 1947, se tornou o primeiro funcionário de Christian Dior e colaborou com a criação do tailleur Bar, uma das peças mais famosas de Dior. Futurista e revolucionário Pierre Cardin no camarim do Hotel Pierre em Nova York, em foto de outubro de 1975 Ray Stubblebine/AP/Arquivo Cardin fundou o próprio ateliê em 1950, com um estilo revolucionário nas formas e nos materiais. Fascinado pelo futurismo, apostava em formas esculturais, geométricas e abstratas. Assim, passou a adotar peças unissex. Também inovou nos materiais, com roupas feitas de vinil e peles falsas. Entre suas peças mais famosas está o "vestido bolha", lançado em 1954, fruto de sua primeira coleção de alta costura. Jeanne Moreau e Pierre Cardin, em foto de outubro de 1972 AFP O estilista vestiu diversas personalidades das artes e do cinema, como os Beatles, a atriz Jeanne Moreau, com quem formou um casal por quatro anos, passando pela também atriz Charlotte Rampling à bailarina Maya Plisetskaya. Vanguardista Pierre Cardin foi pioneiro nos anos 1960. Foi neste ano que se tornou o primeiro estilista a lançar uma coleção masculina. Pierre Cardin durante inauguração do Museu Pierre Cardin, em Paris, em foto de novembro de 2014 Jacques Brinon/AP/Arquivo Na mesma década, disposto a democratizar o acesso à moda, enfrentou críticas ao oferecer peças para uma loja de departamento. Foi responsável por criar uma ponte entre a moda europeia e a oriental. Primeiro, introduziu uma modelo japonesa em seus desfiles parisienses, novidade na moda europeia. Depois, em 1979, realizou o primeiro desfile de moda de um estilista ocidental em Pequim. VÍDEOS: personalidades que morreram em 2020