Para 2020, instituto estimou um tombo de 4,3% no PIB. No mercado de trabalho, efeitos da recuperação ainda são modestos e a perspectiva é que desemprego ainda aumente antes de começar a cair, acrescentou o estudo. Após um tombo de 4,3% neste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) deve apresentar um crescimento de 4% em 2021, estimou nesta segunda-feira (20) o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), por meio da Carta de Conjuntura.
O instituto, porém, avaliou que a volta do crescimento do número de casos de Covid-19 representa um "fator de risco para a continuidade do processo de recuperação econômica".
"Caso os efeitos de uma possível segunda onda de Covid-19 não surpreendam negativamente, e caso haja avanços concretos na direção de um regime fiscal sustentável, projeta-se crescimento de 4% do PIB em 2021", explicou.
Para os pesquisadores do Ipea, é possível que a evolução da crise sanitária "leve alguns estados ou municípios a retomarem medidas de restrição a certas atividades econômicas e sociais, desacelerando a retomada em alguns segmentos, notadamente no setor de serviços".
Mesmo na ausência de novas medidas legais de distanciamento social, avaliou o Ipea, é "razoável esperar que parte da população diminua espontaneamente sua mobilidade, visando reduzir as chances de contágio".
Concluiu, entretanto, que mesmo que o agravamento da pandemia leve a um aumento relevante nos índices de distanciamento social no país, é "razoável supor que os eventuais impactos adversos sobre o nível de atividade serão significativamente menores do que no momento inicial da pandemia".
Vacinação
Sobre a vacinação, o Ipea concluiu que, para 2021, a expectativa de avanço de medidas de imunização em massa da população, por meio de vacinação, pode influenciar o ritmo de recuperação da economia, impulsionando especialmente o setor de serviços.
Acrescentou, porém, que a vacinação em massa "tende a produzir efeitos apenas gradualmente após seu início" e que ela pode levar a um "novo período de distanciamento social, seja por imposição de novas restrições ou por decisão voluntária, como reação ao aumento do risco de contaminação".
Desequilíbrio das contas públicas
Segundo o Ipea, o "principal nó" da economia brasileira continua sendo o desequilíbrio fiscal, ou seja, das contas públicas. O instituto avaliou que que "várias despesas associadas à crise sanitária ainda serão necessárias ao longo de 2021".
"Ainda assim, será importante que o Executivo e o Congresso avancem na aprovação de medidas voltadas para a contenção de despesas obrigatórias – em especial, a PEC Emergencial – e para a redução de gastos tributários, visando 'compensar' a piora do resultado primário associada aos gastos com a pandemia que extravasarão para 2021", avaliou.
Por conta dos gastos extraordinários com a pandemia, a previsão do governo é de que suas contas terão um rombo acima de R$ 800 bilhões neste ano, o que elevará a dívida pública para cerca de 94% do PIB – patamar recorde – e que, em 2021, o déficit primário (sem contar as despesas com juros) some até R$ 247,1 bilhões.
Mercado de trabalho
No mercado de trabalho, informou o estudo do Ipea, os efeitos da recuperação, apesar de visíveis, ainda são modestos, e a perspectiva é que a taxa de desemprego "ainda aumente antes de começar a cair – devido ao provável aumento da procura por trabalho em 2021".
"Para os próximos meses, a tendência é de novas elevações na taxa de desocupação, mesmo diante de uma contínua expansão da população ocupada, tendo em vista que parte dos trabalhadores que saíram da força de trabalho durante a pandemia devem retornar ao mercado à procura de uma nova colocação, tanto pelo relaxamento das medidas de isolamento social quanto pelo fim do auxílio emergencial", avaliou.
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