Foi a maior variação mensal do índice desde junho de 2018 (1,11%). Taxa em 12 meses ficou acima da meta central do governo para o IPCA em 2020, que é de 4%. Alimentos tiveram alta de 14,36% no ano. Movimentação de clientes em supermercado de São Paulo. Bruno Rocha/Fotoarena/Estadão Conteúdo Pressionado mais uma vez pelos preços dos alimentos, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), que é considerado uma prévia da inflação oficial do país, ficou em 1,06% em dezembro, após ter registrado avanço de 0,81% em novembro, informou nesta terça-feira (22) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o resultado, o índice fechou o ano com aumento de 4,23%, indicando que a alta dos preços encerrará o ano pouco acima do centro da meta do governo para o IPCA em 2020, que é de 4%. A alta de 4,23% em 2020 foi a maior taxa anual desde 2016 (6,58%). Em 2019, o acumulado do IPCA-15 foi de 3,91%. IPCA-15, prévia da inflação oficial (variação mensal) Economia G1 A variação de 1,06% registrada em dezembro foi o maior índice mensal desde junho de 2018 (1,11%). Em dezembro de 2019, o IPCA-15 foi de 1,05%. Apesar da aceleração, o resultado veio um pouco abaixo do esperado. A expectativa era de uma alta de 1,14%, segundo a mediana das estimativas de 26 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data. As projeções variavam de aumento de 0,98% a 1,30%. Alimentos acumulam alta de 14,36% no ano Segundo o IBGE, a maior alta em dezembro foi mais uma vez registrada pelo grupo alimentação e bebidas (2%), que respondeu por um impacto de 0,42 ponto percentual no índice geral. No acumulado no ano, a inflação dos alimentos foi de 14,36% – mais de o triplo do índice geral. Entre os itens que mais subiram no mês, destaque para batata-inglesa (17,96%), óleo de soja (7%), carnes (5,53%), arroz (4,96%) e frutas (3,62%). Entre as quedas, ficaram mais baratos o tomate (-4,68%), o alho (-2,49%) e o leite longa vida (-0,74%). Em dezembro, apenas o grupo vestuário apresentou deflação (-0,44%). Veja o resultado de dezembro e em 2020 para cada um dos grupos: Alimentação e bebidas: 2%/14,36% Habitação: 1,50%/3,10% Artigos de residência: 1,35%/5,29% Vestuário: -0,44%/-1,75% Transportes: 1,43%/1,36% Saúde e cuidados pessoais: 0,03%/1,11% Despesas pessoais: 0,39%/0,97% Educação: 0,34%/1,23% Comunicação: 0,46%/3,22% Energia elétrica e combustíveis mais caros A segunda maior alta em dezembro veio do grupo habitação (1,50%), que contribuiu com 0,23 p.p. no índice do mês. A principal influência foi o aumento do item energia elétrica (4,08%), puxado pela volta da bandeira vermelha patamar 2 (com acréscimo de R$ 6,243 a cada 100 quilowatts-hora consumidos) após 10 meses consecutivos de bandeira verde, em que não há cobrança extra. Os transportes (1,43%) apresentaram o segundo maior impacto no índice de dezembro (0,29 p.p.). A maior contribuição (0,14 p.p.) veio das passagens aéreas (28,31%). Além disso, os combustíveis (2,40%) registraram aumento frente a novembro, com destaque para a gasolina (2,19%) e o etanol (4,08%). IPCA-15, prévia da inflação oficial (variação anual) Economia G1 Todas as regiões tiveram alta em dezembro Todas as regiões do pais pesquisadas apresentaram alta em dezembro, sendo o menor resultado registrado por Brasília (0,65%) e o maior em Porto Alegre (1,53%). Meta de inflação e perspectivas O ano de 2020 começou com o cenário de inflação baixa. Entretanto, em meados do ano os preços passaram a apresentar repique, com os alimentos subindo forte no final do ano em meio às exportações, fortalecimento do dólar e estímulo do auxílio emergencial. Os analistas projetam uma inflação para 2020 acima da meta central do governo, de 4%. A expectativa do mercado para este ano passou 4,39%, de acordo com a última pesquisa Focus do Banco Central. Apesar da aceleração nesta reta final do ano, a inflação oficial ainda está dentro do intervalo de tolerância existente. Pela regra vigente, o IPCA pode oscilar de 2,5% a 5,5% neste ano sem que a meta seja formalmente descumprida. Em 2019, a inflação oficial fechou o ano em 4,31%. Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, o resultado de dezembro do IPCA-15 abaixo do esperado sugere revisões para as projeções do IPCA de dezembro e perspectiva deflacionária para janeiro. Metas para a inflação estabelecidas pelo Banco Central Aparecido Gonçalves/Arte G1 A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), atualmente em 2% – mínima histórica. O mercado segue prevendo manutenção da taxa básica de juros neste patamar até o fim deste ano, subindo para 3% no final de 2021. Ou seja, a expectativa é que a Selic deve voltar a subir no ano que vem. Para o IPCA de 2021, o mercado financeiro espera uma inflação de 3,37%. No ano que vem, a meta central de inflação é de 3,75% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2,25% a 5,25%. O BC vem ainda mantendo a avaliação de que os choques atuais ligado à inflação deverão ser passageiros, ao mesmo tempo em que prevê retomada mais lenta no mercado de trabalho e na volta à normalidade após as restrições impostas pela pandemia do coronavírus, projetando crescimento da economia de 3,8% em 2021. Na avaliação de economistas ouvidos pelo G1, espera-se que a inflação não registre em 2021 picos como os observados nos último meses. Mas, para permanecer dentro da meta central de 3,75%, o Banco Central terá de se posicionar de forma mais firme nos primeiros meses do ano, afirmam os analistas. Preço do cafezinho sobe mais que a inflação no Brasil Vídeos: veja as últimas notícias de economia