Ao G1, ele comenta letras 'infantis' em inglês e funk rap 'Ilusão (Cracolândia)', 1º sucesso no topo desde 'Hear me now'. Live cheia de tecnologia é neste sábado (19). Ouça entrevista. Quando Alok quer saber quais músicas estão fazendo sucesso, ele não olha a lista de clipes mais vistos do YouTube ou os rankings do Spotity. Ele olha a vista da cobertura onde mora no Brooklin, bairro da Zona Sul de São Paulo. "No final de semana que estrala e você sabe as músicas que estão bombando no momento, tá ligado? Só que não tocava músicas minhas", lamenta o DJ ao G1. Após ligar para o produtor GR6, Alok foi parar em um estúdio com "vozes que as pessoas ouvem nas comunidades". Seis horas de trabalho com MC Hariel, MC Davi, MC Ryan SP, Salvador da Rima e Djay W foram suficientes para ter uma versão quase final de "Ilusão (Cracolândia)". A música foi parar no primeiro lugar de Spotify, Deezer e Youtube. Na plataforma de vídeos, soma mais de 70 milhões de views. Ela deve aparecer no repertório do especial de fim de ano do DJ goiano, neste sábado (19), com transmissão do Multishow. Ao G1 (ouça no podcast acima), Alok também falou sobre quem o critica por "só apertar o play" e por fazer um som "comecial" demais e com letras "infantis". Ele não liga. Contanto que adjetivos como esses sejam os responsáveis por ser ouvido cada vez por mais gente. G1 – Como estão os preparativos para a live? Alok – A gente investiu bastante na tecnologia para uma entrega diferente. O show terá tecnologia 4D, a mesma usada no último filme do “Star Wars”. É a primeira vez que usa no Brasil a tecnologia do virtual stage, que mistura luzes do show com o virtual studio. Eu lembro que na última live, quando eu tirei a poeira do laser aqui em casa e joguei na janela, rolaram vários memes interessantes da galera falando: "pô, chegou aqui em Manaus, chegou na Austrália, chegou em Marte". Eu achei legal essa parada de chegar em Marte. Porque a gente pensa nessa perspectiva de ver o mundo do espaço. Lá de cima a gente não consegue ver barreiras, fronteiras, muros. O laser que a gente usa aqui tem 50 watts. É hoje o mais forte da América Latina. Esse laser da live tem 1000 watts e estamos usando três deles. Vai para a estratosfera. G1 – Como foi lidar com problemas recentes na sua vida pessoal, com sua esposa e sua filha, logo antes da live? Alok – Depois de tudo isso que aconteceu na minha vida, eu perdi o sentido de fazer a live. Eu nem queria mais fazer, sacou? Pra mim, era uma coisa que eu não conseguia nem pensar. O pessoal perguntava se iria ter e eu falava que não sabia se queria fazer. Pra mim, não tinha mais sentido. Eu não conseguia pensar em fazer sabendo que minha filha estava na UTI, a Romana na UTI. Alok e Romana Novais posam com a filha Raika Reprodução/Instagram/Alok E aí, graças a Deus, as coisas foram se estabilizando muito rápido. A Raika está em um desenvolvimento tão lindo que eu estou muito orgulhoso que ela pode estar em casa muito mais rápido do que a gente imaginava. Ela já está quase com peso para poder sair da UTI. Aí minha cabeça começou a voltar a funcionar. Eu vou todo dia para o hospital, fico com a Raika até umas duas, três da manhã. E aí pegar ela no colo e tal pra mim foi muito bom, porque eu não pude pegar no dia que ela nasceu. Eu estava com Covid, então começou tudo a estabilizar. G1 – Falando não só dessa live, mas de outros shows, é bem claro que tem a preocupação com a música, mas tem a parte pirotécnica da criação de uma live. Você percebe que cada vez mais essas duas coisas têm o mesmo peso? Como você se divide entre música versus a parte da imagem? Alok – Não adianta eu estar no top 5 do mundo se a minha música não está sendo ouvida. Pra mim, não faz sentido. E vice-versa. Se a música está sendo muito bem ouvida, é legal também ter a parte da imagem associada. Eu não sei cantar. Eu não tenho banda. O que eu tenho é o uso da tecnologia como aliada para eu transmitir minha arte. Quando eu estou tocando, a pirotecnia, o laser, as luzes, tudo está sincronizado já com a minha música. A gente tem um sistema de timecode que a gente foi um dos pioneiros no Brasil a fazer, que eu termino a música, aí eu levo para uma plataforma e a gente começa a desenhar: aqui vai entrar tal laser, aqui vai fazer tal. “E aí tem a coisa assim: dá o play. ‘Ah, quer dizer que ele só aperta o play?’ Mas é muito louco isso, porque, no fundo, se parar para pensar esse play significa tanta coisa. Mas se você parar para pensar também, na hora de você lançar um foguete para o espaço também é só um play, só um botão que você vai apertar.” Alok Divulgação/Gil Inoue Saiu o ranking no Brasil que eu estou entre os dez brasileiros mais ouvidos no Brasil,. Cara, isso pra mim é muito louco, porque eu sinto às vezes que eu estou um pouco na contramão. Fazendo músicas em inglês, eletrônico. E aí saiu outro ranking que entre todos os brasileiros eu sou o segundo mais ouvido no mundo, ficando atrás da Anitta. Faz mais sentido. Que bom que a música está sendo protagonista nesse momento da minha carreira, porque pra mim é o mais importante. G1 – Eu também sou bem ligado em números e sei que você também é. Mas eu quero saber o quanto você se liga em chart, em ranking, e o quanto você pensa 'ah, essa música performou bem' e aí você leva isso em conta para a sua criação. O quanto você leva em conta? Alok – Os números muita vezes são um reflexo daquilo que você fez. Mas eu nunca fui pautado nisso. Eu não tento fazer uma fórmula que eu sei que vai dar certo, porque nunca dá. Se eu pudesse fazer um hit seguindo a fórmula, eu teria 80 hits por ano. Mas eu não consigo. (risos) G1 – Mas você tenta. Às vezes… (risos) Alok – É, mas eu vou te dar um exemplo claro. Eu lancei uma música agora com uma rapaziada do trap, funk e tal. E ela ficou em número um do Brasil no Spotify, do Deezer também, agora já deu uma baixada, normal. Mas no YouTube ela está com 72 milhões em um mês. Mas a música ela fala de Cracolândia, tá ligado? Como assim? Eu lembro que aqui na frente de casa tem umas comunidades. E, para você saber que música que está bombando você não precisa nem entrar no Spotify, é só vir aqui no final de semana que estrala e você sabe as músicas que estão bombando no momento, tá ligado? Só que não tocava músicas minhas e eu falava: “cara, como consigo de alguma forma acessar?”. G1 – Só para localizar para quem está fora de São Paulo: qual comunidade é? Eu sei que você mora no Brooklin (bairro da Zona Sul). Alok – Eu não sei, mas é perto de Paraisópolis tem também ali do lado eu realmente não sei dizer, mas tem algumas aqui. O legal foi que eu falei: “Cara, a galera não está assistindo televisão, eles estão em um próprio mundo. Eles buscam o que eles querem ouvir, sacou? E como eu acesso eles?” E aí eu fui em busca das vozes que as pessoas ouvem nas comunidades. E aí liguei para o GR6, o Rodrigo (empresário e produtor do funk). Eu falei: “Irmão, eu queria fazer uma música com beltrano”. Ele juntou uma equipe e a gente se encontrou. Quando chegou lá foi muito louca a história, porque eles começaram a falar um pouco de “bandidagem”. Alok, MC Hariel, MC Davi, MC Ryan SP, Salvador da Rima e Djay W na capa de 'Ilusão (Cracolândia)' Divulgação G1 – Quem é que estava neste encontro? Já estava todo mundo que iria participar? Alok – Salvador da rima, Hariel, MC Rian, MC Davi e Djay W. Uma galera grande. Eu nunca fiz música com tanta gente. E naquele momento eu lembro que eu falei para eles uma frase que o Djonga me falou: “Galera, eu sei que vocês precisarão gritar muito para serem ouvidos, mas agora eu acho que a gente pode falar de conscientização e passar uma mensagem”. Eu lembro até que eles me deram uma resposta muito louca. O Salvador da Rima falou: “Tá beleza, Alok. Eu entendi, mas deixa eu te perguntar uma coisa: ‘Você quer ouvir sobre a vida bandida na televisão de um cara de terno e gravata que não sabe nada da nossa realidade aqui que a gente vive? Quem tem que falar sou eu, é a gente vive aqui.” Eu falei: “Não, tudo bem, eu entendo, tá tudo certo. mas eu não consigo falar sobre isso porque eu não vivo isso. Eu não tenho propriedade para falar sobre isso.” E aí começamos a debater onde a gente iria chegar. Eu falei sobre a parada das drogas. E aí o Hariel chegou falando que o pai dele faleceu, a mãe foi para os narcóticos anônimos e o amigo dele morreu para o crack. Ele veio com uma letra e com um refrão prontos já. Mas era um outro flow, um outro ritmo. Naquele momento, eu peguei o piano e comecei a tocar a melodia. No estúdio, juntei todo mundo e começamos. A música saiu naquele dia em 5 ou 6 horas de estúdio. Depois, obviamente trouxe para cá e comecei a produzir e tal. A música, eu até me inspirei no Criolo, em "Não existe amor em SP". Quando eu falo "não precisa morrer pra falar com Deus". E aí vem aquela coisa que você falou. Por mais que a música tenha quase seis minutos, eu montei uma estrutura pop. Uma estrutura que eu sabia que poderia funcionar muito bem na rádio e no Spotify. Porque tem refrão, lalalá, refrão, lalalá, refrão. Eu fiz dois refrãos também. (risos) E aí vem aquela parada de você usar a fórmula e tal. Foi uma loucura, porque é engraçado que a música que eu mais tive mais repercussão no Brasil foi essa. G1 – É seu primeiro número um desde 'Hear me now'… Alok – Exatamente. Eu só chegava no 3, 2 e não voltava, tá ligado? (risos) E aí eu lembro que eu cheguei a pegar número 1 em outros países e no Brasil não ia. No fundo, cara, é uma música que foge um pouco. Ela passa uma mensagem forte. Eu até peguei um Vitor Franklin (psiquiatra) que fala aquela frase no final. Eu fiquei extremamente feliz e satisfeito. Toda vez que eu olho aqui para fora e lembro de como foi o processo de criação, eu fico extremamente feli. Porque eu sei que essa música está cumprindo o papel dela: ela está levando um papo reto, uma visão muito legal. A gente não valorizou. A parada tem vários "reacts" da galera da direita que não gosta da deles falando "pô que demais" e tem uma galera da esquerda falando "pô que demais". E o policial… é muito interessante isso. Alok e o irmão gêmeo Bhaskar no Rock in Rio 2019 Diego Padilha / Divulgação G1 – Essa música tem mensagem, é óbvio, mas eu queria falar de suas músicas com letras que são divertidas, que têm aquele impacto, com uma frase em inglês simples… É como nas grandes músicas do pop americano, feitas por suecos. As letras são fáceis, porque eles não falam tão bem inglês. São músicas da Britney Spears dos Backstreet Boys. Tem um pouco disso, de ser um inglês fácil de falar? 'The books is on the table', obviamente, é o exemplo mais zoeira. Alok – Total, total. Quero fazer músicas que o pessoal possa cantar, como eu quando não sabia falar inglês e cantava as músicas em inglês. Então, "da-da da-da da-da da-da" (cantarola "Alive, feels like") "Vale vale vale vale eo" (canta "Vale vale") são muito simples. Às vezes, o menos é mais e eu consigo penetrar nas pessoas. Se ficou muito complexo, as pessoas já se inibem um pouco. Sobre "The books on the table", eu vou te contar qual que foi a minha estratégia para ela. Meu fotógrafo estava dando uma palestra sobre as ações sociais no sertão e tinha umas 400 crianças no auditório. Ele filmou para mim e o pessoal tava meio assim e tal. E aí a diretora falou: "Eu não sei se vocês sabem, mas o Bismarck além de fazer isso aqui, ele também viaja, fica junto e ele é o fotógrafo oficial do DJ Alok. Cara, a reação da galera é tipo assim, eu fiquei muito emocionado. As crianças todas, algumas de 10, outras 17, outras de 12, e estavam muito felizes batendo um no outro gritando. "Aaaaaah." E eu pensei: faz quanto tempo que eu não faço uma música pensando neles? Se eu fizesse uma música pensando no público infantil, talvez eu teria que ser um artista infantil e eu não sou. Então, foi uma forma de fazer uma música para eles e eu lembrei que na minha época de criança tinha essa "The book is on the table". E aí eu lembrei da escola: "books on the table" foi a primeira frase que eu aprendi. Ela foi parte de uma campanha grande no TikTok. Mas foi feita com esse propósito. Foi muito legal, porque, no fundo, é cômica. G1 – É quase uma música infantil, 'Alok for Kids'. Alok – É uma música infantil. "Never let me go" é infantil também. (balbucia o arranjo) G1 – Agora, queria que você explicasse como você começou no psy trance e hoje você faz várias coisas, mas se tem que rotular com um rótulo só é EDM… Alok – Eu diria pop, sabia? G1 – É, pop. Mas eu queria que você explicasse, como foi essa evolução. O que é psy trance, o que é EDM e o que é música pop? E como você explicaria pra alguém que curte música, mas talvez não manje tanto igual você essa evolução tua por meio desses gêneros… Alok – Posso mudar minha resposta? Não sou pop não… G1 – Pode. É o quê, vai? Alok – Eu sou "free spirit", espírito livre. (risos) Antes, eu tinha muito julgamento, tá ligado? Eu vinha do psy trance e eu lembro que quando eu ouvia Sandy & Júnior, quando era mais novo, e meu pai tirava. Falava não e eu tinha que ouvir escondido Sandy & Júnior. (risos) G1 – Mas o que é psy trance pra quem não sabe? Como você descreve? Alok – A minha mãe ela trabalhava em uma boate na Holanda como cleaner, ela limpava lá. E lá chamava Trance Buda, que era uma releitura do euro trance. Estava vindo muito forte de Goa, da Índia. Minha mãe tem vínculo muito forte com a Índia. Meu nome Alok é indiano, o nome dela, Ekanta, é indiano, o do meu pai, meu irmão, tudo indiano. Tudo significa luz, qualquer nome indiano significa luz. (risos) E aí quando ela trabalhava lá, meu pai era roqueiro e foi para Holanda visitar a gente. Eu lembro que meu irmão quebrou um violão e meu pai deixou a guitarra no lugar para o cara. Ele trocou a guitarra por vinis. Meu pai falava que era um som que era a continuação do rock psicodélico. Fazia parte até de um momento de uma contracultura, que meu pai e minha mãe trouxeram para o Brasil. Os dois foram os pioneiros do psy trance no Brasil. Alok na edição de 2006 do festival Universo Paralello, aos 15 anos Reprodução/Twitter do DJ/Murilo Ganesh G1 – Pra quem não sabe, seus pais são os fundadores do festival universo paralello, que é um dos mais tradicionais do Brasil… Alok – Exato. Que começou em 2000. O que acontece é que naquele momento que teve isso foi uma ruptura para mim a origem era dali da Índia que era bem diferente do eurotrance. O problema é que eu vivia em uma prisão. Eu mesmo criei, porque eu era influenciado por todo esse ecossistema do psy trance. "Eu julgava os DJ que subiam no palco e falavam no microfone e tocavam músicas mais comerciais. Eu falava: 'velho que coisa cheesy, que coisa mais cafona, cara, apelativo e tal'. E no dia que eu comecei a subir no palco, falar no microfone e tocar músicas mais comerciais? E aí? (risos) A forma como você julga o mundo é a forma como você interpreta como o mundo vai te julgar. Então, quando eu subi no palco eu falei 'caraca, tá mundo achando que eu sou cafona'." Eu precisava me adaptar para onde eu estava indo. Acabou que eu separei do meu irmão. (Bhaskar) Eu tenho meu irmão gêmeo que a gente fez sempre a vida inteira junto psy trance. Eu fiquei livre pra fazer aquilo que meu coração vibrava mais. Eu lembro que meu pai falou: "filho, eu não consigo te ajudar aqui, eu sei te ajudar por esse caminho". Eu comecei a me livrar dos julgamentos da minha família, da cena. Mas no fundo eu percebi que a maior prisão era eu mesmo. Por todas essas influências. É engraçado que quando eu vou para alguns festivais, mais alternativos ou para o universo paralello, falam "pô, não curto muito a linha de som que você toca hoje em dia, mas, caraca, meu filho é seu fã". "Ou meu sobrinho, minha mãe, minha vó". E eu falo "que massa, irmão, valeu e tal". E era essa a ideia. Eu nunca quis ser uma coisa limitada. A minha criatividade não pode ser limitada. "Free spirit". Eu não sou pop, não sou isso, eu sou "free spirit" mesmo. Alok e o pai Juarez Petrillo no 'Conversa com Bial' Divulgação/TV Globo G1 – Falando sobre não ser limitado: e essa história que você fez muito sucesso na China. Queria saber como foi entrar nesse mercado, porque todo mundo que a gente fala, principalmente da indústria do cinema, diz que quando você emplaca na China, rapaz, aí é só partir pro abraço. Porque hoje em dia, lá é que tá o dinheiro. Se o filme vai bem lá, pode ter certeza de que vai ser campeão de bilheteria. Então, como foi essa experiência e o quão lucrativo foi estourar na China? Alok – Eu comecei na China tem 5 anos talvez, e ela não usa Facebook, não usa Instagram, não usa nada daquilo. Então, tem as próprias redes sociais e o parâmetro de referência que eles tinham para contratar DJ era o top 100 da "DJ Mag" e eu estava em 44 no ranking. Só que os outros DJs do top 20, ninguém queria ir para China e tocar em boate para 200 pessoas. Ninguém queria. Uma vez, eu toquei em um lugar em que as mesas subiam dependendo da quantidade de bebidas que as pessoas consumiam. Eu ficava falando: "mano, o que está acontecendo?". G1 – Isso em 2015? Alok – É… só em Xangai e em Hong Kong tinha uma cena mais EDM, o resto era muito tipo… teve uma vez que eu lembro que tinha um cara falando no microfone antes de mim, era uma doideira, tocando umas músicas chinesas. E eu achava que o cara estava animando a galera, mas falaram que era promoção. Estavam anunciando champanhe e eu pensei meu Deus é mentira. Aí eu fui tocar numa balada lá, em 2016. Eu encontrei um nigeriano ou é de Gana, Foster, e ele falava chinês perfeitamente. E aí ele começou a cantar e falar com o público. Eu fiz uma música com o Eason Chan, que é tipo o Roberto Carlos da China. Eu lembro que eu andava na rua e lá tem prédio de cem andares, e tinha anúncio com meu rosto. E eu pensava: caraca que doidera. A cena começou a crescer pra caramba na China. Começaram a ir DJs grandes e eu lembro que, nos festivais, eu ia tocar e a gente levava esse cara. (Foster) Ele era uma arma secreta. A primeira vez que eu fiz todo mundo pular pra esquerda e pra direita foi na China, com esse cara me ajudando. A primeira vez que fiz sentar e abaixar foi na China. Eu lembro que os DJs iam tocar depois e falavam: irmão, você atropelou, como assim? Quando estava eu e ele com a bandeira da China e ele falando em chinês, a galera ia à loucura. E eu falei "Foster, se eu tivesse a habilidade de falar chinês, eu estaria voando na China, muito maior. Investe nisso, cara". E aí ele começou a fazer vídeos. Em um ano, esse cara virou um fenômeno na China, pegou 20 milhões de seguidores, em um ano, fazendo vídeos falando em chinês. Virou um astro, virou jurado do "The Voice". Bizarro, tá ligado? G1 – Qual o sobrenome dele? Alok – Noisemakers. É o nome do projeto dele. E aí quando eu fui pra China depois, o cara estava bombado, estourado, mas não deixou de ir comigo pras festas. Então, eu ajudei ele no começo e depois ele me ajudou. Ele ficou muito mais famoso do que eu na China. Mas na China o meu cachê é muito maior do que no Brasil. Agora com o dólar… Já era quase o dobro, mas agora é o triplo. Eu ia pra China em janeiro, não fui, porque lá estourou a parada do Covid. Depois, eu tinha uma turnê nos Estados Unidos em março, depois do carnaval. Também não fui, porque fiquei com medo: "Meu filho acabou de nascer, eu vou pra lá, chego lá e fecha a fronteira, não consigo voltar pro Brasil. Tudo incerto." Eu cancelei antes de todo mundo, ninguém queria cancelar. Todos os produtores ficaram pê da vida que eu estava cancelando. No dia que era para eu estar lá, fechou a fronteira. Alok e Zeeba, voz do hit 'Hear me now' com a bandeira da China Reprodução/Twitter de Alok/Alisson Demetrio