Proposta foi enviada pelo governo ao Congresso em julho como 'primeira etapa' da reforma; outros pontos ficam para 2021. Maia disse avaliar que Guedes está 'enfraquecido' no governo. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta quarta-feira (16) que tentará articular a votação, na semana que vem, do projeto de lei que unifica o PIS e a Cofins, dois impostos federais sobre o consumo.
A medida seria uma forma de dar os primeiros passos, ainda em 2020, para a reforma tributária. Há textos mais amplos no Congresso, mas a tramitação dessas outras mudanças está parada há meses.
Segundo Maia, a ideia é tentar votar o projeto enviado pelo governo ao Legislativo, em julho, que trata apenas dos tributos sobre consumo. O texto transforma PIS e Cofins em um tributo de valor agregado com o nome de Contribuição Social sobre Operações com Bens e Serviços (CBS).
Maia afirmou que deve procurar o relator da reforma tributária, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), e o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), para consultá-los sobre a inclusão na pauta. A votação teria que acontecer no máximo até terça-feira (22), último dia de trabalho legislativo neste ano.
“O governo apresentou um projeto que é convergente com a PEC 45 [reforma tributária], que é a unificação do PIS e Cofins, que é uma votação de maioria simples, e que, se nós conseguíssemos com o Aguinaldo e o líder Ricardo Barros construir um texto de consenso, teríamos condição de aprová-lo e ter uma boa sinalização para a sociedade neste momento”, afirmou Maia.
Entenda a proposta de reforma tributária entregue pelo governo ao Congresso
Por ser apresentada em um projeto de lei, a unificação depende apenas de maioria simples dos votos. A reforma tributária mais completa tramita como proposta de emenda à Constituição (PEC), que exige dois turnos de votação com ao menos 308 votos a favor.
Governo entregou primeira etapa da reforma em julho; relembre o que foi proposto
Segundo o presidente da Câmara, o texto do projeto poderia incluir alguns outros pontos da PEC, mas trataria apenas de PIS e Cofins.
"Melhorando o texto e incluindo algumas coisas que podem ser introduzidas por lei que estavam sendo introduzidas na PEC em relação ao PIS e Cofins só, nenhuma coisa além disso, talvez fosse o primeiro passo para a unificação de impostos no próximo ano de todos os impostos sobre bens e serviços. A partir do ano que vem, incluir o IPI e incluir o ICMS e o ISS", disse.
Embora reconheça que a PEC teria um peso maior, Maia diz que o projeto de lei já seria um bom indicativo para o mercado.
"É claro que a PEC tem um peso, uma importância muito maior, mas talvez o projeto de lei seja o primeiro passo, uma primeira sinalização para aquilo que a gente pretende no parlamento, que é sempre construir uma maior segurança jurídica e um melhor ambiente de negócio", afirmou.
Em outubro, Maia disse à GloboNews que buscaria construir um texto consensual sobre a reforma tributária ainda neste ano. Veja:
Maia: 'A gente tem condição ainda de construir um texto da reforma tributária'
Paulo Guedes 'enfraquecido'
Ao comentar o cenário econômico do país, Rodrigo Maia fez críticas à atuação do ministro da Economia, Paulo Guedes. Na visão dele, o ministro está "enfraquecido" e a pauta defendida pela equipe econômica tem, hoje, apoio minoritário no resto do governo.
"A minha impressão é que a pauta econômica liderada pelo ministro [da Economia] Paulo Guedes hoje é minoritária no governo e a agenda majoritária é uma pauta expansionista em gasto", disse.
"Acho que o Paulo Guedes, infelizmente, pelo que ele representa, pelas políticas que defende, acho que está enfraquecido e não é bom para o Brasil."
Reforma tributária esbarra em falta de acordo no Congresso