Nicole Kidman e Hugh Grant em cena de "The Undoing" Divulgação/HBO Estou com um pouco de dificuldade de decidir se "The Undoing" é boa ou muito ruim (muito boa já sabemos que não é). Porque assim. O final foi bem ridículo, os personagens principais não fazem muito sentido, mas mesmo assim cheguei a criar algumas teorias para o “quem matou” ou “será que ele matou mesmo?”, fiquei ansiosa a cada episódio (truque barato de sempre terminar com um gancho? Talvez), os atores estão todos bem e a série é rica e caprichada em Manhattan. Como são só seis episódios e está bem badaladinha, eu diria para você assistir, se é que você está à procura de um conselho. Tem na HBO. *Mas se você não viu 'The Undoing' até o final pula para o fim deste texto, porque agora vem um comentário com spoilers* Eu estava até que gostando da parte final do julgamento (um pouquinho forçado o plano da Grace de fazer a defesa colocá-la como testemunha para ela poder ser usada pela promotora? Sim, um pouquinho), do depoimento dela de repente mudar sutilmente e ela passar a mostrar o quanto o marido era um monstro e tal. Mas aí eles perderam a chance de encerrar ali, de terminar com o Jonathan sendo condenado ou dando a entender que ele seria condenado e resolveram fazer aquela cena batida demais que já vimos no final de uns 300 filmes e novelas, do cara fugindo com o filho, mil carros de polícia atrás dele, a Grace perseguindo num helicóptero (foi bem cafona isso). O que não faz sentido é que ela, uma psiquiatra/psicóloga com PhD em Harvard e não sei o que lá, ter passado 17 anos casada com um sociopata e nunca ter notado nada, nadinha, nem uma pulguinha micro atrás da orelha ela teve. Foi totalmente enganada pelo charme enorme do Hugh Grant versão oncologista infantil. Dezessete anos. Ok, a gente também achou que ele pudesse ser inocente, mas aí foi a série que manipulou a gente e a gente já ama o Hugh Grant de outros filmes e tal. Então eu me pergunto: ela tinha mesmo que ser psicóloga? Por que não botaram a Nicole Kidman sendo engenheira, comerciante, executiva, sei lá? Seria um pouquinho mais verossímil. “The Undoing” começou bem demais. Aquele final do primeiro episódio, a gente achando que ia ser uma série sobre um casal incrível (eu não leio sinopse antes de ver) e aí descobre que é uma série sobre um crime bárbaro. Aliás os dois primeiros episódios são ótimos, o Jonathan desaparecido, a Grace descobrindo que ele tinha sido demitido do hospital, que ele tinha um caso com a tal Elena Alves, tudo excelente. Só que no final desencanaram de qualquer lógica e coerência. A história do martelo – descobrem a arma do crime em casa, o que claramente mostra que o cara é culpado, e aí resolvem fazer uma reunião familiar? – , o pai de repente acusando o filho de 12 anos de ter assassinado uma mulher a marteladas na cabeça, ele resolvendo sequestrar o filho, cantando musiquinha no carro, muito psicopata, foi tudo ridículo. E ele na ponte, Nicole no helicóptero, ai. Acho que só perde pra cena do episódio anterior, quando no meio do julgamento da década, com uma megacobertura da imprensa, a família resolve que tudo bem sair pra almoçar num restaurante de Manhattan. Socorro. No fim, foi um bom passatempo. Mas a HBO já foi melhor que isso. Fim dos spoilers Por falar em HBO, sigo na luta para ver “The Third Day”, com o Jude Law. Tem horas que parece genial, tem horas que parece completamente idiota. Também estou vendo se me empolgo ou não com “Industry”. Até agora não me empolguei. * Acho que todo mundo já falou o que havia para ser dito sobre “O Gambito da Rainha” (Netflix), né? Eu, de minha parte, digo que é excelente, embora menos uma obra-prima do que fazem parecer, e podia ter uns dois episódios a menos, acho. Mas é uma das séries mais legais do ano, sem dúvida. * Também adorei quase tudo de “A Mansão Bly” (Netflix também), a série meio de terror/assombração (meio que a segunda temporada de "A Maldição da Residência Hill") que tem um dos melhores episódios do ano (o quinto), as melhores crianças atores que eu já vi, mas que tem um final bobinho de tudo (os dois últimos episódios dão uma estragada, mas ainda assim é uma boa minissérie). Zoë Kravitz em cena de 'High Fidelity' Divulgação/Starzplay Agora boa, boa mesmo, excelente, incrível, que dá vontade de rever tudo, ficar ouvindo a trilha sonora, mandar todo mundo assistir e fazer uma estátua pra Zoë Kravitz é “High Fidelity” – baseada no livro “Alta Fidelidade”, do Nick Hornby, que depois virou filme em 2000 com o John Cusack. Aqui a protagonista é Zoë Kravitz, que está apenas perfeita no papel da dona da loja de discos que vive uma crise depois de ter terminado um namoro. Por favor veja (Starzplay). * Será que me rendo e começo a ver “The Crown”? Que preguiça.