Em live, dançarino lembrou que integrantes negros eram 'apagados' em participações do grupo na TV: 'Houve momentos em que eu não queria fazer aquilo, chegava no camarim e chorava.' Edson Cardoso, o Jacaré, em foto publicada no Instagram Reprodução/Instagram Edson Cardoso, que ficou famoso nacionalmente como o dançarino Jacaré, do É o Tchan, revelou episódios de racismo e machismo sofridos por integrantes do grupo no auge da carreira, na segunda metade dos anos 1990. Em uma live no perfil do Instagram "Men Do Not Dance", ele lembrou de quando a maioria dos membros da banda eram "apagados" durante participações do É o Tchan em programas de televisão. "Dentro da TV, todo mundo foi em cima de Carla Perez. A gente gravava os programas e, quando ia assistir, via que não aparecia muito. Só a Carla aparecia." "A Carla não tem culpa nenhuma. Isso é culpa do sistema, da sociedade, que quer mostrar sempre a mulher. É um grande machismo", acrescentou. Na época, Carla era a única integrante branca do É o Tchan, que era composto ainda por Compadre Washington, Beto Jamaica e a dançarina Débora Brasil, além de Jacaré. "Eram quatro negros e uma loira. Chamavam sempre a mulher loira, não a Débora", continuou Jacaré. "A gente ficava triste, todo o grupo ficava. Houve momentos em que eu não queria fazer aquilo, chegava no camarim e chorava." Carla Perez, Jacaré e Débora Brasil eram dançarinos do É o Tchan na segunda metade dos anos 1990 Divulgação 'Só queria dançar' Na conversa com Yves Lorrhan, dono do perfil "Men Do Not Dance", o dançarino também contou que ficava insatisfeito com a sexualização de seu trabalho. "Eu só queria dançar. Queria que as pessoas vissem a dança, não que olhassem para o meu orgão genital, para a bunda, para a barriga. Queria que vissem o movimento do corpo inteiro, a coreografia que eu fiquei horas tentando criar." Ele disse que sempre foi estigmatizado por ser um homem dançarino. "Quando fiquei famoso, teve muito essa coisa de acharem que eu era gay porque estava rebolando." "E é uma pena porque isso fere, de certa forma, por acharem que só o gay pode rebolar, dançar, mexer. Todo mundo pode." Jacaré fez parte do É o Tchan por 12 anos. Desde 2016, ele vive com a família no Canadá. VÍDEOS: Semana Pop explica temas do entretenimento