♪ Na certidão de nascimento, consta que ela veio ao mundo em 17 de novembro de 1940 com o nome de Iranette Ferreira Barcellos. Mas todo mundo a conhece como Tia Surica, sobretudo nos bairros cariocas de Madureira e Oswaldo Cruz, em cuja divisa se situa a escola de samba Portela. Eterna pastora da Velha Guarda da agremiação azul e branca, Surica chega aos 80 anos nesta terça-feira, 17 de novembro de 2020, como voz e símbolo – inclusive de resistência – da Portela, escola à qual a artista está associada. Em mundo ainda masculino, como o dos bastidores das escolas de samba, Surica está para a Portela assim como Neuma Gonçalves da Silva (1922 – 2000), a Dona Neuma, e Euzébia Silva do Nascimento (1913 – 2003), a Dona Zica, estiveram para a Mangueira. São personalidades, figuras respeitadas e queridas em todas as alas e comunidades. Cozinheira afamada na região (e fora dela) por conta de feijoada servida em eventos sociais (momentaneamente interrompidos pela pandemia) temperados com o samba, Surica é lenda viva da Portela, escola onde teria desfilado pela primeira vez com quatro anos. Cantora, Surica tem a glória de ter puxado no gogó o samba-enredo da Portela no Carnaval de 1966, ano em que a escola se sagrou campeã do Carnaval do Rio de Janeiro ao desfilar com o enredo Memórias de um Sargento de Milícias. O samba era de autoria de Paulinho da Viola, então novato nas quadras. Como cantora, a pastora lançou dois álbuns na carreira solo, Surica (2003) – disco gravado em estúdio com Paulão Sete Cordas – e o CD e DVD Poderio de Oswaldo Cruz – Tia Surica ao vivo na Portela (2013), registro de show editado uma década depois. Mesmo no posto de cantora solo, Surica gravou discos que reiteram o amor pelo samba e pela Portela, impresso também na tatuagem feita recentemente pela artista. E não é por acaso que o 80º aniversário de Tia Surica será comemorado com live na quadra da escola, o Portelão, a partir das 19h desta terça-feira festiva.