Amapá tem novo apagão total
Os dois apagões no Amapá geram o alerta para problemas de segurança energética em outras regiões do país. A falta de planejamento histórica do setor leva ao uso de usinas térmicas e geradores a diesel, mais caros e poluentes, encarecendo a conta de luz de todos os brasileiros.
As regiões Sudeste e Sul vivem um momento de reservatórios em níveis muito baixos nas usinas hidrelétricas. Segundo o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires, no Sudeste os níveis devem ficar abaixo de 20% ao final dessa semana. O plano B, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (NOS), será o uso de térmicas a diesel.
A região Norte é a que mais sofre com a falta de um plano B, a chamada redundância, no sistema energético. Este problema é mais sério no Acre.
Já Roraima depende integralmente das térmicas, por não receber mais energia da hidrelétrica de Guri, na Venezuela. O estado não é ligado ao Sistema Integrado Nacional (SIN).
No Nordeste, há uma presença elevada de fontes eólicas, que são eficientes e representam energia limpa, mas de forma intermitente.
A necessidade de utilização de geradores e térmicas a diesel encarece as contas de luz em todo o país. Dados repassados ao Tribunal de Contas da União (TCU) estimam que as usinas de óleo diesel em Roraima têm um custo diário de R$ 3 milhões e a operação já teria custado a todos os consumidores brasileiros cerca de R$ 1,5 bilhão.
O presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e Consumidores Livres (Abrace), Paulo Pedrosa, diz que as falhas no planejamento e eficiência fazem com que metade das contas de luz dos brasileiros seja composta de subsídios, taxas e impostos.
Segundo Pedrosa, apenas o episódio de emergência para atender a situação do Amapá, que pode durar seis meses, deve custar R$ 1 bilhão ao sistema pago por todos os usuários do país.
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“A prioridade agora é clara: proteger a população do Amapá. Mas a segunda precisa ser planejar melhor a eficiência de todo o sistema”, diz.
Pedrosa sugere o estudo de uma segunda linha de transmissão local, já que o Amapá fica na ponta do sistema, como se fosse uma “rua sem saída”. Ele diz ainda que a região Norte deveria explorar melhor a energia solar, como alternativa na região.