De acordo com o ministro, sem criação do 'digitax' não será possível fazer a desoneração da folha de pagamentos. Na semana passada, presidente Bolsonaro negou alta de impostos. Guedes diz que, sem novo imposto, não há como manter desoneração da folha de pagamento
O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a defender nesta quinta-feira (29), durante audiência pública no Congresso Nacional, a criação de um imposto sobre transações financeiras realizadas por meio digital, que ele chamou de "digitax".
Logo depois, ainda durante a audiência, Guedes disse que, para ele, "o imposto está morto". Mas alertou que, sem os recursos que viriam com esse tributo, ele não pode levar adiante uma proposta, em discussão na área econômica, de fazer uma ampla desoneração da folha de pagamentos de empresas – não apenas dos 17 setores que já foram beneficiados com a desoneração e podem ter o benefício estendido até o final de 2021.
Guedes também voltou a negar relação do possível novo imposto com a antiga Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira (CPMF).
"As pessoas nem entenderam que tem um futuro digital chegando. O Brasil é a terceira ou quarta maior economia digital do mundo, nós vamos ter que ter um imposto digital mesmo", disse o ministro.
Minutos depois, o ministro disse:
“O imposto está morto, ele não existe. Então, como eu não tenho fonte, eu não posso aprovar, tendo dado um parecer que, enquanto não tiver o dinheiro, eu não posso aprovar a desoneração", disse. " Do meu ponto de vista, o imposto está morto. Não tem imposto nenhum, não tem desoneração", emendou.
Veja abaixo vídeo de 23 de setembro com análise da proposta do governo de recriar imposto aos moldes da antiga CPMF:
Júlia Duailib: Guedes sinalizou que Governo deve formalizar a 'nova CPMF'
Guedes deu a declaração uma semana depois de o presidente Jair Bolsonaro afirmar, em cerimônia de formação de diplomatas, que o Brasil não aumentou impostos durante a pandemia do novo coronavírus nem aumentará quando a pandemia acabar.
Bolsonaro fez a afirmação se dirigindo ao próprio ministro da Economia, que também estava presente ao evento.
No Congresso, parlamentares também têm dado sinais de que uma proposta do governo prevendo a criação de um novo imposto pode não ter apoio. No final de setembro, por exemplo, o presidente da comissão que debate a reforma tributária, senador Roberto Rocha (PSDB-MA) declarou que não considerava “oportuno” discutir um imposto nos moldes da antiga CPMF.
De acordo com o ministro, porém, esse novo imposto não representará aumento da carga tributária, já que a proposta é que ele substitua outros tributos existentes, como o que incide sobre a folha de pagamentos.
"Vamos diminuir os outros [tributos], vamos simplificar os outros. Vamos desonerar a mão de obra. Estamos indo para um futuro melhor", acrescentou.
Nota de R$ 200
Paulo Guedes disse, ainda, que a nota de R$ 200, estampada pelo lobo-guará, foi inventada para pagar o auxílio emergencial durante a pandemia do novo coronavírus. Ele disse ainda que, no futuro, ela pode ser aposentada.
"O lobo-guará, essa nota grande, foi inventada porque tínhamos um problema logístico de pagar as pessoas. As pessoas mais simples não tinham as ferramentas digitais, então tínhamos de dar dinheiro físico. E o dinheiro estava ficando entesourado, ficava travado em uma comunidade, não saía de lá. Precisamos criar uma nota mais alta, na contramão da direção do mundo", disse.
Banco Central lança nota de R$ 200, com imagem de um lobo-guará
De acordo com o ministro, o "mundo está indo para notas mais baixas para acabar com o crime que se financia dessas notas altas, acabar com a corrupção".
"Está vindo o PIX para transferências digitais. O futuro é de menos dinheiro na mão e notas mais simples. No futuro, vai acabar o lobo-guará, vai acabar a nota de R$ 200, de R$ 100, tudo isso vai diminuir brutalmente. Da mesma forma como tivemos o auxilio emergencial, tivemos o lobo-guará, tivemos de pedir ajuda para o lobo-guará para o dinheiro poder circular", disse.