Artista lançou há 2 meses filme com imagens do isolamento em Wuhan, marco zero do coronavírus. Próximas obras tratam de refugiados e influência chinesa em Hong Kong. O artista chinês Ai Weiwei France Presse Um dos artistas mais ativos do mundo, o chinês Ai Weiwei não diminuiu o ritmo durante a pandemia. Depois de um documentário com imagens do isolamento na cidade chinesa de Wuhan, primeiro epicentro do coronavírus, ele prepara o lançamento de mais dois filmes produzidos durante a crise. As próximas obras tratam dos protestos recentes em Hong Kong contra a influência chinesa e da crise de refugiados rohingya em Mianmar e Bangladesh. A questão dos refugiados, uma das mais presentes na obra do artista e ativista social, também é tema de uma exibição que estrela a Bienal de Arte de Bangkok, na Tailândia, neste mês. Trailer de 'Coronation', documentário do artista chinês Ai Weiwei 'Coronation' O documentário "Coronation", lançado há dois meses, ilustra as tentativas chinesas para conter a Covid-19 após a explosão das infecções em Wuhan. Em uma entrevista à agência France Presse, Weiwei disse que a ideia do filme, como uma 'gravação para a história", parecia óbvia naquele período. "Este trágico vírus se espalhou pelo mundo e continua afetando nossas vidas. Provavelmente teve o maior impacto no planeta desde a Segunda Guerra Mundial. Não há dúvidas sobre a urgência e a necessidade desse filme." O artista contou com a ajuda de uma enorme rede de voluntários, que filmaram as cenas de isolamento dentro e fora das casas em Wuhan. De Roma, ele dava diariamente instruções à equipe. "Todas as noites baixávamos o que eles nos mandavam. Graças ao fuso horário, trabalhamos 24 horas por dia", contou. Documentário 'Coronation', de Ai Weiwei Reprodução/ Mostra Internacional de Cinema de São Paulo O resultado, na visão de Weiwei, revela que a China teve eficiência implacável ao combater o vírus, com enorme implantação de recursos e regulamentos ultrarrigorosos. Ao mesmo tempo, segundo ele, indivíduos foram desumanizados nesse processo. "A China é uma sociedade pouco transparente, autoritária, de estilo militar, sob o controle da vontade de uma só pessoa. Não há democracia, todas as ações carecem de oposição", afirma o artista. "Não temos informações de como ocorreu a pandemia, o número real de vítimas ou de pessoas presas por terem feito queixas", acrescenta. Ele diz esperar que seu filme, "mesmo em 100 minutos, forneça esclarecimentos reais" ao resto do mundo "sobre o que é a China". VÍDEOS: Semana Pop explica temas do entretenimento