Volume total das operações de crédito avançou 1,9% no mês passado, para R$ 3,8 trilhões. Taxa média de juros para pessoa física caiu para 38% ao ano, e inadimplência também recuou em setembro. O volume total do crédito ofertado pelos bancos cresceu 1,9% em setembro, para R$ 3,809 trilhões, segundo números divulgados nesta segunda-feira (26) pelo Banco Central.
A taxa média de juros caiu no mês passado, englobando operações com cartão de crédito (que, mesmo assim, segue acima de 300% ao ano). No caso do cheque especial das pessoas físicas, houve aumento. (veja detalhes mais abaixo nessa reportagem).
Em setembro, de acordo com o BC, houve aumento de 2,6% no volume total de crédito para as empresas, com saldo atingindo R$ 1,688 trilhão, e de 1,4% em pessoas físicas (estoque de R$ 2,121 trilhões no fim do mês passado).
Em doze meses, informou a instituição, o crescimento do volume total do crédito bancário acelerou de 12,2% para 13,1%, estimulado pelas operações com empresas, que tiveram aceleração de 16,6% para 18,3%, e também nas operações com pessoas físicas – cuja expansão passou de 8,9% para 9,3%.
As concessões totais de crédito somaram R$ 367 bilhões em setembro, acrescentou o Banco Central, o que representa uma elevação de 6,5% no mês passado.
O aumento no crédito bancário no acumulado deste ano está relacionado às medidas adotadas pelo Banco Central para liberar às instituições financeiras mais recursos destinados a empréstimos em meio à pandemia do novo coronavírus.
Ainda há relatos de dificuldades por parte de pequenos empreendedores no acesso a linhas de crédito emergenciais, ofertadas pelos bancos com garantia do governo federal, mas o acesso está aumentando nos últimos meses.
A segunda fase do Pronampe, a principal linha de crédito para micro e pequenos empreendedores, já está praticamente esgotada, e o área econômica confirmou recentemente que pretende lançar a terceira rodada de empréstimos por meio do programa (que conta com garantia de recursos orçamentários).
A taxa de inadimplência média dos bancos do crédito, por sua vez, passou de 2,6% para 2,4% de agosto para setembro. No caso das operações com pessoas físicas, a inadimplência passou de 3,3% em agosto para 3,1% no mês passado, e nas empresas, caiu de 1,8% para 1,5% na mesma comparação.
Juros bancários
Os juros bancários médios com recursos livres (sem contar habitacional, BNDES e rural) de pessoas físicas e empresas, por sua vez, recuaram de 26,5% ao ano, em agosto para 25,7% ao ano no mês passado. Somente para pessoas físicas, a taxa passou de 39% para 38% ao ano na mesma comparação.
A queda do juro bancário no mês passado não englobou as operações com cheque especial, cuja taxa passou de 112,9% ao ano em agosto (6,5% ao mês) para 114,2% ao ano no mês passado, o equivalente a 6,6% ao mês. Nesse caso, o BC adotou um teto para os juros.
No caso das operações com cartão de crédito rotativo, os juros bancários cobrados das pessoas físicas recuaram de 310,2% ao ano, em agosto, para 309,9% ao ano em setembro. Deste modo, mesmo com a pequena queda, a taxa segue em patamar proibitivo.
O crédito rotativo do cartão de crédito pode ser acionado por quem não pode pagar o valor total da fatura na data do vencimento, mas não quer ficar inadimplente. Essa é uma das linhas de crédito mais caras do mercado e, segundo analistas, deve ser evitada. A recomendação é que os clientes bancários paguem todo o valor da fatura mensalmente.
A queda dos juros bancários médios e das operações com pessoas físicas acontece em um momento de recuo da taxa básica de juros da economia. Em agosto, houve nova queda, para 2% ao ano (mínima histórica), patamar que foi mantido em setembro deste ano.
De acordo com o BC, o chamado "spread" bancário (diferença entre quanto bancos pagam pelos recursos e quanto cobram dos clientes) médio com recursos livres passou de 22,1 pontos percentuais, em agosto, para 21,1 pontos percentuais em setembro – uma queda de um ponto percentual.
Nas operações com pessoas físicas, houve redução de 34,2 pontos em agosto para 32,8 pontos em setembro deste ano.
Com isso, mesmo com o repasse da queda do juro básico da economia na parcial deste ano, o "spread" bancário ainda segue em patamar elevado para padrões internacionais.
O "spread" é composto pelo lucro dos bancos, pela taxa de inadimplência, por custos administrativos, pelos depósitos compulsórios (que são mantidos no Banco Central) e pelos tributos cobrados pelo governo federal, entre outros.