Alta foi pressionada pelo aumento dos preços de carnes (4,83%), arroz (18,48%) e óleo de soja (22,34%). No ano, indicador acumula alta de 2,31% e em 12 meses atingiu 3,52%. Pressionado pelos preços dos alimentos, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), acelerou a 0,94% em outubro, segundo divulgou nesta sexta-feira (23) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se da maior taxa para o mês desde 1995 e da maior alta mensal desde dezembro do ano passado. O indicador – que é considerado uma prévia da inflação oficial do país – mostrou forte aceleração em relação ao índice de setembro, quando ficou em 0,45%. No ano, a prévia da inflação acumulou alta de 2,31% e em 12 meses atingiu 3,52%, acima dos 2,65% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores mas ainda abaixo do centro da meta para o ano, que é de 4%. IPCA-15: prévia da inflação oficial acelera a 0,94% em outubro Economia G1 O resultado do IPCA-15 de outubro veio acima do esperado pelo mercado. Pesquisa da Reuters com economistas estimava alta de 0,81% para o período. Inflação sobe em meio à crise; o que está provocando a alta dos preços? O que mais subiu? A maior pressão de alta em outubro veio dos alimentos, que representaram praticamente metade da variação do IPCA-15 no mês. O grupo alimentos e bebidas subiu 2,24%, com impacto de 0,45 ponto percentual no índice de outubro. O item que mais pesou individualmente foi carnes (aumento de 4,83% no mês e impacto de 0,13 p.p.). Após a quinta alta consecutiva, os preços da carne acumulam no ano avanço de 11,4%. O índice também foi puxado pelo aumentos dos preços do óleo de soja (22,34%), do arroz (18,48%), do tomate (14,25%) e do leite longa vida (4,26%). Os alimentos para consumo fora do domicílio registraram alta (0,54%), com destaque para a refeição, que acelerou de 0,09% em setembro para 0,93% em outubro. Por outro lado, houve queda nos preços da cebola (-9,95%) e da batata-inglesa (-4,39%). Preço da carne subiu 4,83% em outubro, segundo o IBGE Divulgação O grupo dos transportes teve a segunda maior variação entre os 9 grupos pesquisados (1,34%), puxado pelas passagens aéreas, que subiram 39,90% e responderam por 0,13 p.p. do IPCA-15 de outubro. O segundo maior impacto veio da gasolina, que subiu 0,85%, sua quarta alta consecutiva, embora menos intensa que no mês anterior (3,19%). Já os preços do seguro voluntário de veículo subiram 2,46%, após sete meses consecutivos de quedas. Os artigos de residência subiram 1,41%, com destaque para as altas no mobiliário (1,75%) e TV, som e informática (1,68%). O único grupo a apresentar queda em outubro foi educação (-0,02%). Veja o resultado para cada um dos 9 grupos pesquisados pelo IBGE Alimentação e bebidas: 2,24% Habitação: 0,40% Artigos de residência: 1,41% Vestuário: 0,84% Transportes: 1,34% Saúde e cuidados pessoais: 0,28% Despesas pessoais: 0,14% Educação: -0,02% Comunicação: 0,23% Preços das carnes disparam e consumidor têm dificuldade para comprar produto no Sul do ES Em outubro, o IPCA-15 subiu em todas as regiões pesquisadas pelo IBGE. A maior inflação foi registrada na região metropolitana de Fortaleza (1,35%). Já a menor variação foi a da região metropolitana de Salvador (0,43%). "Nos chama atenção que a difusão tem subido de maneira geral ao longo do ano, o que é esperado uma vez que o choque pós pandemia deprimiu muitos produtos, mas começa a chegar a patamares elevados", avaliou o economista-chefe da Necton, André Perfeito. "Temos que observar com atenção a evolução da difusão para ver se o choque do câmbio que bateu em alimentos não se espalha para o resto". Inflação no supermercado é a maior em 26 anos Perspectivas e meta de inflação Apesar da aceleração dos preços nos últimos meses, a expectativa de inflação do mercado para este ano segue abaixo da meta central do governo para o IPCA, de 4%. Segundo o relatório Focus, divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central, os analistas do mercado financeiro estimam uma inflação de 2,65% em 2020. Pela regra vigente, o IPCA pode oscilar de 2,5% a 5,5% sem que a meta seja formalmente descumprida. Quando a meta não é cumprida, o BC tem de escrever uma carta pública explicando as razões. A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), atualmente em 2% – mínima histórica. O mercado segue prevendo manutenção da taxa básica de juros neste patamar até o fim deste ano. Para o fim de 2021, a expectativa do mercado é que a Selic vá a 2,5% ao ano. Para Felipe Sichel, estrategista-chefe do banco digital Modalmais, o resultado do IPCA-15 de outubro reforça a perspectiva de aceleração da inflação na reta final do ano. "O avanço nos serviços subjacentes foi um pouco mais forte do que o que supúnhamos. Mantemos nossa projeção de IPCA inalterada para 2020 (3%) e 2021 (3.15%), o risco central no curto prazo permanece do lado fiscal", afirmou. Embora o risco fiscal e a inflação de curto prazo mais alta façam com que a curva de juros precifique níveis bastante elevados para a Selic no fim de 2021, analistas mantêm a avaliação de que as pressões inflacionárias devem ter pouca influência na decisão do Copom na próxima semana, destaca o Valor Online. Entenda o IPCA-15 Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados de 12 de setembro a 13 de outubro e comparados com aqueles vigentes entre 14 de agosto e 11 de setembro. O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e Goiânia. A metodologia é a mesma do IPCA, índice oficial da variação média de preços no país. O que muda é apenas o período da coleta e a abrangência geográfica. Vídeos: vejas as últimas notícias de economia