Segundo vice-presidente da empresa, ideia perdeu força diante dos impactos na demanda futura de passageiros e incertezas geradas pela pandemia. Movimentação de passageiros no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, Grande São Paulo, no dia 7 de agosto. Fepesil/Estadão Conteúdo A Invepar não tem mais planos de vender sua participação no aeroporto de Guarulhos (SP) e espera acertar ainda neste ano com o governo federal um acordo de reequilíbrio do contrato de concessão que poderia gerar um desconto de R$ 600 milhões a R$ 800 milhões no valor de outorga devida neste ano, disse o vice-presidente financeiro da empresa, Enio Stein. Assim como todo o setor aéreo e de turismo mundial, o terminal de Guarulhos foi duramente impactado pela pandemia de coronavírus. Em entrevista à Reuters, Stein afirmou que Guarulhos chegou a operar com apenas 5% de sua capacidade na área internacional e apenas 10% nas operações domésticas no auge das medidas de isolamento social, entre março e abril. Nos últimos meses, no entanto, houve uma melhora no movimento de operações e passageiros, mas o aeroporto ainda opera com cerca de metade da capacidade, disse o executivo. Antes da Covid-19, a estimativa era que Guarulhos poderia atingir um fluxo de 45 milhões de passageiros neste ano, mas projeções atualizadas da Invepar apontam para algo em torno de 20 milhões. A outorga anual de Guarulhos é de R$ 1,2 bilhão. O ministro dos Transportes, Tarcísio de Freitas, já afirmou por diversas ocasiões neste ano que o governo pretende renegociar os termos de concessões por conta da pandemia apenas dos contratos que não apresentem problemas anteriores à epidemia. "A ideia em discussão é compensar uma parte de passageiros perdidos com a redução da outorga. A ordem de grandeza é de R$ 600 milhões a R$ 800 milhões. É como se fosse desconto", disse Stein sobre as negociações com o governo. A concessão de Guarulhos vai até 2032. A venda do terminal de Guarulhos chegou a entrar no radar da Invepar antes da pandemia, mas a ideia perdeu força, diante dos impactos na demanda futura de passageiros e incertezas geradas pela pandemia. "A ideia de vender morreu…o que dificulta fazer uma venda é o nível de incerteza no mercado muito elevado", disse Stein. "Acho difícil alguém chegar com um cheque; mas parcerias, modelos conjuntos são propícios”, adicionou. Reestruturação A Invepar, que atravessa um processo de reestruturação de dívida que atualmente está em cerca de R$ 2,1 bilhões, pretendia transferir a credores parte de seus ativos, como as concessões da Linha Amarela e MetrôRio, no Rio de Janeiro. Mas uma liminar da justiça este ano devolveu à prefeitura carioca a concessão da via expressa, dificultando o andamento das tratativas sobre reestruturação do passivo da companhia. A expectativa é que a reestruturação possa ser finalizada em 2021, desde que a Invepar volte a controlar a via expressa. A previsão é que a liminar concedida à prefeitura do Rio sobre a Linha Amarela seja julgada no Superior Tribunal de Justiça (STJ), na quarta-feira. Enquanto isso, a empresa aguarda desdobramentos da proposta de aquisição apresentada aos controladores pela gestora brasileira Latache Capital, no início do mês. Stein afirmou que a Invepar deve ficar fora da agenda de concessões do governo federal até 2021 por causa do processo de reestruturação do passivo da empresa. A partir de 2022, a companhia deverá voltar ao mercado para analisar oportunidades. A licitação de aeroportos como Congonhas (SP) e Santos Dumont (RJ), prevista para 2022, é um interesse natural do grupo. "São dois ativos que cabe olhar; vai depender de modelo, quem são os competidores, mas conceitualmente são ativos que fazem sentido para nós", disse Stein. Vídeos: veja últimas notícias de economia