Conheça o hackamore, método que permite dar comandos aos animais por fora do focinho, sem a necessidade de usar barra de metal nas bocas. Especialista ensina técnica para conduzir cavalos com mais suavidade
Comandar um cavalo com sutileza, sem o bridão e o freio, que são muito utilizados no Brasil. É nisso que consiste o hackamore, um conhecimento antigo, mas pouco disseminado no país.
Antes da pandemia do novo coronavírus, o especialista mexicano nesse método, Alfonso Aguilar, fez uma visita ao Brasil para repassar o seu conhecimento sobre a técnica, vista como uma forma mais respeitosa de conduzir os cavalos.
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Enquanto o bridão e o freio trabalham com uma barra de metal dentro da boca do animal, o hackamore transmite os comandos pelo lado de fora do focinho, com toques suaves pelas rédeas.
“Se cuido do seu bem-estar (do cavalo), eu lhe ofereço uma boa preparação. O cavalo me aceita, dá licença de montá-lo. Aliás, essa é uma parceria histórica. O homem mudou o mundo nas costas do cavalo”, diz Aguillar.
“Corra os dedos com delicadeza. E alivie imediatamente quando o cavalo fez o que você pediu”, ensina Aguilar, durante as aulas ministradas na Universidade do Cavalo, em Sorocaba (SP).
Aguillar já viveu no Texas e na Califórnia e, atualmente, oferece treinamentos na Europa. Ele aprendeu o uso do hackamore com o seu pai e o seu avô.
“Como num relógio, as mãos trabalham na posição de três e nove horas. Conforme abaixam para oito, sete horas ou, do outro lado, para quatro, cinco horas, por exemplo, você vai transmitir comandos distintos”.
“A ideia não é forçar o cavalo, mas dar-lhe uma sugestão”, afirma Aguillar.
Quem teve a oportunidade de estudar com ele, gostou dos ensinamentos.
“Para você aprender, você tem que trabalhar com quem sabe mais do que você. Precisa ter alguém para se comparar”, diz Eduardo Borba.
A ferramenta é uma invenção dos árabes que os mouros levaram para a Península Ibérica. Os espanhóis, por sua vez, transportaram para a América, com o nome de “jáquima”. E o sotaque americano adaptou para “hackamore”, em inglês.
No Brasil
Apesar de ainda pouco disseminado no país, um dos maiores haras do Brasil começou a implementar o uso do hackamore.
Magdi Shaat, dono do haras El Far, em Lavras (MG), adquiriu os equipamentos no ano passado. Em sua fazenda, onde possui 700 cavalos, ele trabalha com melhoramento equino, contando com vários campeões, além de atuar na produção e comercialização de potros.
“Hoje eles estão liberados. Estão relaxando e conseguindo trabalhar com muita facilidade. Eu acho que essa tecnologia veio para melhorar a nossa tropa”, diz Shaat.
Porém, o objetivo da fazenda não é substituir o freio pelo hackamore.
"Eu utilizo o hackamore simplesmente para construir um cavalo. O hackamore exige que o cavaleiro seja mais educado. Ele exige um refinamento muito maior do cavaleiro. É a coisa que mais chama a atenção”, diz Marquinho Vilela, que oferece consultoria ao haras de Shaat.
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