Reportagem do 'New York Post' teve publicação proibida no Twitter e circulação reduzida no Facebook. Conteúdo faz afirmações supostamente falsas sobre o filho do candidato democrata à presidência dos Estados Unidos. Ex-vice-presidente Joe Biden fala durante o 1º debate da campanha presidencial em 29 de setembro, em Cleveland. Patrick Semansky/AP O Facebook e o Twitter lançaram dúvidas sobre uma matéria do "New York Post" que fez afirmações sobre o filho do candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos, Joe Biden, tomando medidas proativas para restringir a divulgação do texto horas após a sua publicação na última quarta-feira (14). A reportagem continha supostos detalhes das negociações comerciais de Hunter Biden com uma empresa de energia ucraniana e dizia que o ex-vice-presidente se reuniu com um consultor da empresa. A matéria, que a Reuters não confirmou de forma independente, fornece detalhes de e-mails que, segundo o texto, foram enviados ao advogado de Rudy Giuliani, o advogado pessoal do presidente Donald Trump. Robert Costello, o advogado de Giuliani citado na matéria do "Post", não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. O Twitter proibiu seus usuários de publicar links para a reportagem, enquanto o Facebook reduziu a frequência com que a matéria aparece nos feeds de notícias dos usuários e em outros lugares em sua plataforma. O porta-voz da campanha de Biden, Andrew Bates, disse em um comunicado que os comitês do Senado liderados pelos republicanos já haviam concluído que Biden não se envolveu em nenhum delito relacionado à Ucrânia. Saiba mais: Em setembro, documento mostrou que Trump pediu ao presidente da Ucrânia que investigasse Biden, o que levou a um pedido de impeachment "O New York Post nunca perguntou à campanha de Biden sobre os elementos cruciais dessa matéria", disse Bates. "Revisamos as programações oficiais de Joe Biden da época e nenhuma reunião, como alegado pelo New York Post, jamais ocorreu", acrescentou. Trump, que está atrás de Biden nas pesquisas nacionais antes da eleição presidencial de 3 de novembro, disse que era "terrível" que o Twitter e o Facebook "derrubassem a história de emails de 'Smoking Gun' relacionados a Sleepy Joe Biden e seu filho, Hunter" e vagamente aludiu a uma ameaça de ação regulatória. Saiba mais: Trump assinou decreto que questiona proteção legal a redes sociais em maio O "New York Post", em um editorial respondendo às ações das empresas, disse: "Censure primeiro, pergunte depois: é uma atitude ultrajante para duas das plataformas mais poderosas dos Estados Unidos". O jornal não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. Justificativas das redes O Facebook, a maior rede social do mundo, limitou a divulgação da história do "Post" poucas horas depois de sua publicação na quarta-feira, de acordo com um tuíte do porta-voz Andy Stone. Stone citou uma política que diz que o Facebook pode temporariamente tomar medidas contra o conteúdo com revisão pendente por organizações de notícias e outros em seu programa de checagem de fatos de terceiros "se tivermos sinais de que uma parte do conteúdo é falsa". O Facebook fez a mesma coisa pelo menos uma vez antes, em resposta a falsas alegações — também envolvendo o "New York Post" — de que Biden usou um fone de ouvido no debate do mês passado. Uma análise da Reuters revelou que a marca na roupa de Biden era provavelmente um vinco da camisa. O Twitter disse que a matéria violou sua política de "materiais hackeados", que proíbe a distribuição de conteúdo obtido por meio de hackers que contenham informações privadas ou segredos comerciais, ou que coloque pessoas em risco de danos físicos. A empresa não forneceu detalhes sobre quais materiais foram vistos como hackeados nos artigos do "Post". "Não foi hackeado", disse Giuliani, advogado de Trump, à Reuters. O Twitter disse em uma série de tuítes que as imagens contidas em dois artigos do "Post" incluíam informações pessoais, como endereços de email e números de telefone, o que os colocava em violação da "política de informações privadas da empresa". As ações rápidas das empresas de mídia social foram elogiadas por alguns pesquisadores de desinformação, que alertaram sobre a procedência e a credibilidade da reportagem do "Post", mas alguns disseram que levantou questões sobre seus processos para decidir conter a disseminação de informações falsas. Cristina Tardaguila, diretora associada da International Fact-Checking Network, disse que considerou "perturbadora" a decisão do Facebook de agir sem divulgar sua metodologia. Embora o Facebook possa pedir aos verificadores de fatos as classificações de determinados conteúdos, vários parceiros de verificação de fatos, incluindo uma unidade da Reuters, disseram que a empresa não fez neste caso, nem optou por iniciar uma verificação por conta própria. Apesar dos movimentos para restringir a disseminação, as informações da matéria circularam amplamente em ambas as plataformas. Versões da reportagem alcançaram a lista dos 10 links mais compartilhados em inglês nas páginas e grupos do Facebook, enquanto o tópico ainda estava entre as 'trends' no Twitter na tarde de quarta-feira. Veja os vídeos sobre eleições nos EUA Veja os vído