Variedade foi aprovada neste mês pelo país vizinho, que fornece 60% do cereal consumido por brasileiros. Para Abitrigo, compra exigiria controles que aumentariam custos para a importação. Produção de trigo no Paraná Jaelson Lucas/AEN Representantes da indústria de trigo do Brasil vão pedir ao governo que não libere a comercialização no país de uma variedade transgênica do cereal aprovada recentemente pela Argentina, informou a associação do setor Abitrigo nesta quarta-feira (14). O movimento vem após uma sondagem mostrar que brasileiros são contrários ao uso de trigo geneticamente modificado (GM) e poderiam até suspender compras do produto argentino no caso de exportações do grão transgênico, disse a entidade em nota. "Em pesquisa interna promovida pela Abitrigo junto aos moageiros brasileiros, 85% não foram favoráveis à utilização de trigo GM e 90% informaram estar dispostos a interromper suas compras de trigo argentino, caso se inicie produção comercial naquele país e sua exportação para o Brasil", afirmou a associação. A Argentina é responsável pelo fornecimento de cerca de 60% do cereal que abastece o mercado brasileiro, sendo complementado pelo produto nacional (30%) e de outras origens (10%). A associação setorial também ressaltou que pesquisas capitaneadas pela empresa estatal de pesquisa Embrapa e parceiros privados têm promovido avanços em qualidade e produtividade do trigo sem necessidade de tecnologia de modificação genética. O uso de transgênicos ainda exigiria controles que gerariam custos para os processos de importação e teriam consequências sobre preços, acrescentou. "Por esses motivos, a Abitrigo se manifestará contrariamente à comercialização tanto da farinha quanto do trigo transgênicos no curso da audiência pública convocada pela CTMBio, por solicitação da empresa argentina produtora de trigo transgênico", afirmou a associação, que disse que também pedirá veto da venda do produto a autoridades. Bom Dia explica os fatores que influenciam no preço da farinha e derivados do trigo O governo argentino aprovou neste mês a variedade transgênica de trigo HB4, da empresa de biotecnologia Bioceres, mas destacou que a comercialização do produto ficaria sujeita à autorização para importações pelo Brasil, conforme publicação no Diário Oficial do país na semana passada. A variedade do cereal HB4 desenvolvida pela Bioceres e pela francesa Florimond Desprez "confere tolerância à seca e tolerância ao herbicida glufosinato de amônio", segundo o governo argentino. Mas a importação de trigo transgênico ainda não foi aprovada por nenhum país, o que deixaria agricultores argentinos com pouco incentivo para plantar a nova variedade. Vídeo: tudo sobre o agronegócio