Pedro Damián fala ao G1 sobre nova fase do 'Rebelde', mais de 15 anos após lançamento. Ele explica demora para músicas do RBD chegarem aos serviços de streaming. Pedro Damián tem uma resposta educada e bem pensada para cada uma das dúvidas dos fãs de "Rebelde", série criada por ele para a rede mexicana Televisa. O RBD era o grupo musical de cantores e atores dessa trama, exibida originalmente entre 2004 e 2006. A banda durou um pouco mais, até 2009, com shows no Brasil e reexibições dos episódios no SBT. Em entrevista por telefone ao G1, o empresário, showrunner e produtor mexicano de 67 anos explicou por que as canções do RBD demoraram tanto a chegar aos serviços de streaming: São três marcas envolvidas: Rebelde, a série mexicana, RDB, a banda, e Rebelde Way, a série original argentina; Quando as músicas saíram, o lançamento foi via EMI, que agora pertence à Universal. A gravadora tem os direitos das músicas e também participa da negociação; Pedro tem os direitos do RBD, marca que ele inventou, a partir do nome Rebelde; Então, foi preciso um acordo entre todas essas partes que detêm direitos do projeto: Universal, Televisa, a empresa de Damián e a Dori Media, produtora israelense que atua no mercado sul-americano. Pedro Damián e os integrantes do RBD Reprodução/Instagram Shows e filme do RBD A chegada das músicas do grupo às plataformas de streaming, no começo de setembro, deve ser só o primeiro passo de uma nova fase do sexteto mexicano. No dia do lançamento, o RBD foi o artista mais ouvido em todo mundo no Spotify. E a banda também botou 32 músicas no top 200 brasileiro. No dia 26 de dezembro o grupo vai fazer uma live, com ingressos a US$ 25, mas sem Alfonso Herrera nem Dulce María. Pedro Damían também falou sobre a possibilidade de uma turnê de retorno do RBD e deu mais detalhes sobre o aguardado documentário sobre a banda e a série. As pendengas judiciais com a música eram um dos principais motivos para o filme do "Rebelde" ainda não ter sido lançado. A nova data de lançamento é março de 2021. Segundo Damían, o documentário e o lançamento nos serviços de streaming foram os primeiros passos. E ele espera que mais pra frente tenha a oportunidade de ensaiar com eles pra ver se podem fazer mais coisas juntos: "Espero que mais pra frente tenhamos a oportunidade de ensaiar com eles para ver se podemos fazer mais coisas juntos." Pedro Damián e Christian Chávez trabalharam juntos na novela 'Like', exibida entre 2018 e 2019 Reprodução/Twitter do cantor G1 – Como você recebeu a notícia de que o RBD havia batido vários recordes quando finalmente chegou ao streaming? Pedro Damián – Eu fiquei muito feliz, porque eu acho que o objetivo foi alcançado de muitos fãs do Brasil e do mundo que queriam ter a música do RBD nas plataformas. Eles tinham as músicas, mas eram as músicas que as pessoas subiam. Elas saíam do ar imediatamente. Esse lançamento volta a botar no mapa o RBD. G1 – Por que demorou tanto? Pedro Damián – O problema é quando os direitos de uma marca… neste caso estamos falando de duas marcas, uma marca é Rebelde e a outra é RBD. Rebelde tem origem na Argentina e havia pessoas que tinham os direitos. E, ao mesmo tempo, quando a gente fez as músicas, lançamos através da EMI, que agora pertence á Universal. Eles também tinham os direitos da música. E, por outro lado, eu tinha os direitos do RBD como marca, uma marca que eu inventei, obviamente que vinha do nome Rebelde. Então, eu teria que estar de acordo para negociar e gerenciar os direitos deles e a monetização desses direitos. Como ia ser repartido entre essas três entidades? Creio que no final, depois de muitos anos, conseguimos através da Universal diretamente, de uma pessoa que se chama Alfredo Delgadillo, que é o CEO da Universal México… Através de um acordo com a Televisa, conseguiram resolver a questão dos direitos e estamos livres para poder negociar com todas as plataformas digitais. O RBD, banda da novela 'Rebelde' Divulgação G1 – Você acha que a música do RBD envelheceu bem? As letras, os arranjos continuam atuais quando se compara com as outras músicas das paradas hoje? Pedro Damián – Fizemos a música junto ao CEO da EMI-Capitol do México, Camilo Lara. Com ele, fechamos para começar a gravar as músicas enquanto gravávamos a série, ao mesmo tempo. Quando estreamos na televisão aberta, rapidamente já estávamos fazendo shows. Foi um fenômeno de comunicação muito rápido. Um fenômeno de identificação. Creio que as canções foram importantes para alcançar essa identificação. O compositor que participou com mais canções dentro do RBD se chama Carlos Lara. Foi o grande criador. Essas músicas criadas há uns 10, 11 anos continua sendo atuais. É porque o pop era o gênero que fazíamos com o RBD e segue sendo tão atual como era há muitos anos. As músicas são românticas, falam do que sentem os mais novos. Não mudou tanto assim. G1 – Há algo na série ou na música que você teria mudado, se fosse o RBD fosse lançado agora? Você se arrepende de algo que fazia sentido só naquela época? Pode ser qualquer coisa: as letras das músicas, as roupas muito curtas… Pedro Damián – É uma pergunta muito boa essa que você está fazendo, porque quando fizemos estamos falando de 15 anos atrás. Não tinha rede social e talvez fôssemos muito mais ingênuos do que somos agora. Quando fizemos a série, o mais velho tinha 20 anos e a mais nova 17 anos. Porém, foi a primeira série que revolucionou a linguagem, porque deixamos de usar termos acadêmicos ou naturais das novelas. Usamos uma linguagem mais próxima dos jovens. Isso fez com que existisse uma grande identificação. O vestuário era sexy, mas era também de alguma maneira ingênuo. Eu penso que agora, por exemplo, os jovens que têm 13, 12 anos são como se tivessem 17, 18. E os que têm 17, 18 são como se tivessem 23, 24. "Hoje, talvez eu gostaria de ter abordado temas como aquecimento global, consciência ambiental, o respeito à natureza. Teria mais abertamente temas sobre sexualidade. De alguma maneira, a gente era atrevido naquela época, mas agora é tudo muito mais aberto, né?" Christian Chávez, Anahí e Pedro Damián posam juntos Acervo Pessoal Agora, se você pergunta a um rapaz sobre sexo, ele vai dizer que não é um tema a tratar, não é importante falar se você tem uma preferência sexual diferente de outra. Isso não é mais importante. Todos são seres humanos. Como tudo isso mudou um pouco, daria para fazer uma versão mais contemporânea. G1 – Esta última pergunta, tenho que fazer como porta-voz dos fãs: alguma chance de turnê e o que pode adiantar sobre o documentário? Pedro Damián – Eu sigo preparando o documentário. Isso tem me tomado muitos anos por causa da questão dos direitos. Então, agora que está solucionada a questão da música, vai ser muito mais fácil eu poder negociar qualquer tipo de direitos em relação ao documentário que me interessa muito que seja lançado. A ideia do documentário é mostrar o processo, a viagem desses seis personagens. Ou sete, porque incluiria o fã também. A sétima parte do RBD é o fã, que nos construiu. Faremos essa viagem sobre como esses jovens, alguns com experiência e outros não, se tornaram conhecidos, viraram estrelas mundiais que viajaram por toda a América e parte da Europa. Não chegamos à Ásia, que era meu plano, mas agora podemos chegar com a música e com o documentário. Esse é o começo com que estou trabalhando, mas não sei. Espero que mais pra frente tenhamos a oportunidade de ensaiar com eles para ver se podemos fazer mais coisas juntos. G1 – Já tem uma data para o lançamento do documentário? Pedro Damián – Não tem um data certa ainda. Mas eu acho que ficará para o primeiro quarto do próximo ano. Tipo em março poderia ser uma boa data para lançar o documentário em várias plataformas, para chegar em todos os fãs, as pessoas que já nos conheciam e as que querem nos conhecer. RBD, a banda da novela 'Rebelde' Divulgação Semana Pop explica reencontro do RBD e o que ele significa para os fãs