Caiu a proporção de empresas que perceberam impactos negativos da crise, enquanto aumentou a daquelas que perceberam efeitos pequenos ou inexistentes ou até positivo. Flexibilização do isolamento social promoveu retorno dos consumidores ao comércio do país Matheus Tagé Um levantamento divulgado nesta quinta-feira (1) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sugere que houve melhora dos impactos da pandemia sobre o funcionamento das empresas no país. Entre a primeira e a segunda quinzena de agosto, caiu de 38,6% para 33,5% a proporção de empresas que relataram impactos negativos da crise sanitária e econômica sobre os seus negócios. 4 em cada 10 empresas ainda tiveram impacto negativo da pandemia na 1ª quinzena de agosto, diz IBGE Também houve melhora em relação às empresas que reportaram impacto pequeno ou inexistente, assim como entre as que apontaram ter percebido efeitos positivos – passou de 33,9% para 37,9%, e de 27,5% para 28,6%, respectivamente. “Num primeiro momento, percebemos impactos negativos correlacionados à demanda – vendas, produção e atendimento – devido ao fechamento das lojas e ao isolamento social. E, num segundo momento, o que passou a prevalecer foram os pontos relacionados à oferta e à cadeia de suprimentos, devido às dificuldades de acessar fornecedores”, apontou o coordenador de Pesquisas Conjunturais em Empresas, Flávio Magheli. O levantamento foi feito por meio da “Pesquisa Pulso-Empresa: Impacto da Covid-19 nas Empresas”, criada pelo IBGE, em caráter experimental, para avaliar os efeitos da pandemia do novo coronavírus entre as empresas brasileiras dos setores da indústria, construção, comércio e serviços. Ela se soma à à Pnad Covid-19, versão especial da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) criada com foco em avaliar os efeitos da pandemia no mercado de trabalho brasileiro. Esta foi a última edição da pesquisa. Região Sul tem maior proporção de impactos negativos De acordo com o coordenador da pesquisa, a flexibilização do isolamento social com a consequente retomada gradual das atividades econômicas está diretamente relacionado à atenuação dos efeitos negativos da pandemia. Todavia, ponderou que essa melhora não se dá de forma homogênea entre as cidades brasileiras. “Os municípios tiveram ações diferenciadas e, apesar de avançarem no movimento de abertura, muitos ainda operam com controles e restrições de horário ou capacidade”, ponderou Magheli. Conforme o levantamento, regionalmente os impactos gerais negativos perdem a predominância ao longo das quinzenas para a maior incidência de efeitos nulos ou positivos. Na segunda quinzena de agosto, o Sul foi o mais impactado negativamente (37,2%), seguido pelo Sudeste (35%). Os efeitos seguiram pequenos ou inexistentes para 37,4% das empresas na região Norte; 37,3% no Sudeste; 42,9% no Sul e 40,7% no Centro-Oeste. “Destaque para a maior percepção de efeitos positivos para as empresas do Nordeste (45,0%). Diversas atividades voltaram a operar no Nordeste desde comércio de rua, transporte intermunicipal, além de ampliação dos horários de funcionamento”, ressaltou o coordenador da pesquisa. Construção e comércio seguem os mais afetados negativamente Entre as atividades econômicas, assim como na quinzena anterior, as empresas de construção (40,0%) e do comércio (36,0%) reportaram as maiores incidências de efeitos negativos na quinzena. Por outro lado, nas empresas industriais, 40,3% reportaram impactos pequenos ou inexistentes e no setor de serviços, a incidência foi de 43,2%, com destaque para os segmentos de serviços de informação e comunicação (68,7%) e serviços de transporte (48,8%). “Do ponto de vista setorial, no início da pesquisa, há uma incidência forte de dificuldades na indústria, na construção, nos serviços e principalmente no comércio, devido à grande dependência dos pequenos comércios em relação às lojas físicas. Ao longo desses três meses, ocorreu uma retomada gradual, mas no final de agosto 33,5% das empresas ainda sinalizavam algum grau de dificuldade”, explicou Magheli. Manutenção de empregos O IBGE destacou que, desde o início da pesquisa, a maior parte das empresas buscou manter os funcionários. Na segunda quinzena de agosto, 85% das empresas em funcionamento (2,9 milhões) mantiveram o número de colaboradores em relação à quinzena anterior. Outras 8,1% (280 mil) disseram que tiveram de cortar pessoal, enquanto 6,3% (218 mil) ampliaram o quadro de funcionários. Entre as empresas que demitiram pessoal, 56,8% reportaram que diminuíram em até 25% seu pessoal, com destaque para as empresas de menor porte (55,8%). Assista aos últimos vídeos em economia: