A produção fonográfica do país é mais uma vez minimizada na premiação voltada para músicas cantadas em espanhol. Anitta é indicada na categoria 'Melhor música urbana' por 'Rave de favela', gravação feita com MC Lan e Tropkillaz Divulgação ♪ ANÁLISE – Assim que a Academia Latina da Gravação revelou na manhã de terça-feira, 29 de setembro, a lista de indicados à 21ª edição do Grammy latino, artistas brasileiros começaram a celebrar em redes sociais as nomeações para a premiação programada para 19 de novembro. A comemoração é justa, porque a marca Grammy é uma das mais fortes da indústria fonográfica mundial. Contudo, é preciso ressaltar que, com poucas exceções, as indicações de brasileiros foram feitas em categorias exclusivamente dedicadas a discos e gravações em língua portuguesa. Ou seja, são categorias exclusivas para o Brasil, já que o foco do Grammy Latino é e sempre foi o mercado de música latina formado pelos países de língua hispânica. Como já virou tradição na premiação, a produção fonográfica brasileira está minimizada – a rigor, quase inteiramente ignorada – nas categorias gerais e mais relevantes da 21ª edição do Grammy latino. Os músicos Caetano Brasil, Marcelo Jiran e Yamandu Costa foram indicados na categoria Melhor álbum instrumental por Cartografias (2019) – disco de choro feito por Caetano Brasil com o grupo do clarinetista mineiro, e por Festejos (2020) – álbum de Yamandu com Jiran. No nicho instrumental, o Brasil normalmente emplaca ao menos uma indicação por ser música sem idioma. Também merece menção a indicação do quinto álbum de estúdio de Céu, APKÁ! (2019) na categoria técnica que contempla a melhor engenharia de som. Há também indicações para clipes da cantora Bivolt e do grupo BaianaSystem (em parceria com o duo Tropkillaz). Mas é muito pouco diante da diversidade e da qualidade da produção fonográfica brasileira. A rigor, somente Anitta e o funkeiro MC Lan representam o Brasil no 21º Grammy latino em categoria de grande visibilidade. Por conta das conexões de Anitta com estrelas internacionais do mercado latino e norte-americano, a cantora mais uma vez é indicada na categoria Melhor canção urbana. Desta vez, por Rave de favela (Anitta, Diplo, Eric Alberto Lopez, MC Lan, Tropkillaz e Tynashe Beam, 2020), música gravada pela artista carioca com MC Lan e com o trio Major Lazer. Anitta já é nome recorrente na categoria Música urbana. Em 2018, no 19º Grammy Latino, Anitta concorreu (e perdeu) na mesma categoria com a música Downtown (José Balvin, Alejandro Ramírez, Justin Quiles, Anitta, 2017). Em 2019, na 20ª edição, a artista teve o álbum Kisses (2019) indicado na categoria. Também perdeu. Pode ser que a cantora ganhe desta vez, sem que uma eventual vitória de Anitta na 21ª edição do prêmio dilua a sensação de que, pela barreira mercadológica da língua portuguesa, o Grammy Latino sempre isola a música do Brasil e, como consequência dessa separação, a minimiza nas categorias realmente relevantes como Álbum do ano, Gravação do ano e Música do ano.