Aprosoja Brasil se desvinculou da Abag na última semana, alegando que voz do setor "não era mais ouvida". Alertas de desmatamento na Amazônia sobem 34% em um ano JN A Associação Brasileira de Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), já descontente com a atuação da nova gestão da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), rompeu com a entidade na última semana, tendo como estopim uma recente aliança da Abag junto a ONGs contra o desmatamento na Amazônia. "Nossa voz não era mais ouvida… realizamos uma assembleia junto às 16 Aprosojas (estaduais) e a decisão foi unânime em ser contrário à postura que vem sendo adotada pela Abag, de fazer politicagem", disse à Reuters o presidente da Aprosoja Brasil, Bartolomeu Braz Pereira. No último dia 15, a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, formada por 230 entidades, incluindo representantes do agronegócio — dentre eles, a Abag –, apresentou ao presidente Jair Bolsonaro um pacote de seis ações a serem adotadas para buscar a redução rápida e permanente do desmatamento no Brasil, especialmente na área da Amazônia Legal. Grandes frigoríficos prometem carne com desmatamento zero na Amazônia até 2025 com a criação de 'cadastro positivo da pecuária' ONGs e empresários cobram governo contra desmatamento Pereira defende o direito de produtores utilizarem suas terras conforme prevê a legislação brasileira, que permite a abertura de determinado percentual das áreas verdes dentro da propriedade rural. Para ele, estas "ONGs não têm interesse nenhum em preservar o meio ambiente" e o fato da Abag se aliar a elas indica que a associação é conivente em "denegrir a imagem do produtor rural". Segundo Braz, todas as medidas propostas pela coalizão já estão sendo trabalhadas pelo setor produtivo junto ao governo federal. "Tenho ido direto ao (vice-presidente) general (Hamilton) Mourão", afirmou. Pereira ainda disse que, desde a entrada da nova gestão, a associação do agronegócio passou a defender mais intensamente os interesses de bancos, em detrimento dos pleitos do setor, como a redução nas taxas de juros para crédito rural e combate às exigências "excessivas" no processo de tomada de recursos. Em janeiro de 2019, o engenheiro de alimentos Marcello Brito assumiu a presidência da Abag no lugar do agrônomo Luiz Carlos Corrêa Carvalho (Caio), que permaneceu à frente da entidade por sete anos. Procurada, a Abag afirmou por meio da assessoria de imprensa que não comenta saída ou entrada de associados. "Isso faz parte de um processo normal dentro de entidades associativas", disse. Além disso, o rompimento com a Aprosoja –que representa os produtores da principal commodity de exportação do país– não é motivo de preocupação, acrescentou a Abag.