Revisão incorpora efeitos de uma 'demanda acentuada' das empresas por crédito diante dos efeitos da pandemia do novo coronavírus, diz a instituição. Os empréstimos bancários devem registrar uma alta maior em 2020, de acordo com estimativa divulgada nesta quinta-feira (24) pelo Banco Central no relatório de inflação do terceiro trimestre.
No documento, o BC informa que a previsão de aumento do crédito bancário passou de 7,6% para 11,5% neste ano. Com isso, a estimativa é de aceleração em 2020, com uma alta maior do que a registrada no ano passado – que foi de 6,5%.
Para 2021, porém, a estimativa do Banco Central é de uma alta menor, de 7,3%, com desaceleração.
O aumento maior do crédito, projetado pelo BC para este ano, acontece em meio à pandemia do novo coronavírus e da liberação de empréstimos emergenciais pelo governo.
Segundo o BC, a previsão de alta do crédito para as empresas em 2020 passou de 10% para 16,5%. A estimativa de crescimento dos empréstimos para pessoas físicas, por sua vez, subiu de 5,8% para 7,8% em 2020 (mas ainda com desaceleração frente ao registrado em 2019).
"O aumento decorre, principalmente, da demanda acentuada de crédito das empresas, que vem sendo atendida tanto pela expansão do crédito livre como pelo crédito direcionado, no último caso voltado principalmente para as empresas de menor porte", informou o BC.
Nos últimos meses, o Banco Central e o Ministério da Economia vêm anunciando medidas para liberar recursos às demais instituições financeiras e elevar os empréstimos bancários às empresas.
Em uma primeira rodada de ações, anunciada em março, foram anunciados R$ 1,2 trilhão em liquidez e capital para as instituições financeiras. Em junho, outros R$ 200 bilhões foram autorizados.
Porém, empresários de pequeno porte ainda reclamam da falta de crédito durante a crise do novo coronavírus.
O BC informou que o volume de crédito bancário teve a maior alta para o primeiro semestre em sete anos, e que continuou avançando em julho.
"No que tange aos empréstimos com recursos direcionados, projeta-se expansão de 11% no ano, refletindo a perspectiva de expansão dos programas emergenciais de crédito – dados os ajustes implementados no PESE, o novo aporte de recursos no Pronampe, e a evolução dos empréstimos no âmbito do PEAC-FGI e PEAC-Maquininhas", informou.
Segundo a instituição, os empréstimos a pessoas físicas, com recursos livres (excluído rural, habitacional e BNDES) devem apresentar desaceleração em 2020, influenciada, entre outros fatores, pela modalidade cartão de crédito à vista, fortemente afetada pela queda nos gastos dos consumidores de alta renda.
Veja o GloboNews Debate sobre a retomada da economia no Brasil