Mark Chapman pediu desculpas novamente à viúva do ex-beatle, Yoko Ono, por assassinar Lennon em 1980, mas ele ainda não conseguiu a liberdade condicional. Mark Chapman, assassino de John Lennon, na prisão em 2010 Getty Images via BBC "Fiz isso por glória pessoal." Mark Chapman, o homem que assassinou John Lennon, mais uma vez pediu desculpas à viúva do ex-beatle, Yoko Ono, 40 anos após a morte do músico. Chapman atirou em Lennon quatro vezes perto do apartamento do compositor, em Manhattan, Nova York, em 8 de dezembro de 1980. A Justiça dos Estados Unidos negou conceder a ele a liberdade condicional pela 11ª vez, após uma audiência no mês passado. Durante a audiência, Chapman disse que assassinou o astro do rock de 40 anos pela "glória" e que, pelo que fez, merecia a pena de morte. Ele acrescentou que pensa naquele "ato desprezível" o tempo todo e aceita o fato de que pode passar o resto de sua vida na prisão. John Lennon foi assassinado por Mark Chapman em 8 de dezembro de 1980 BBC 'Ele era um ícone' "Só quero reiterar que eu lamento meu crime", disse Chapman à junta judicial que decide sobre liberdade condicional no Centro Correcional de Wende, em Nova York. "Não tem desculpa. Fiz isso foi pela glória pessoal. Acho que (o assassinato) é o pior crime que pode acontecer contra alguém inocente." "Ele (Lennon) era extremamente famoso. Eu não o matei por causa de sua personalidade ou do tipo de homem que ele era. Ele era um homem de família. Era um ícone, alguém que falava sobre coisas sobre as quais podemos falar agora, e isso é ótimo", continuou ele. "Eu o matei (…) porque ele era muito, muito, muito famoso e eu estava muito, muito, muito em busca de glória pessoal, algo muito egoísta." "Quero acrescentar e enfatizar que foi um ato extremamente egoísta. Lamento a dor que causei a ela (Ono). Penso nisso o tempo todo", acrescentou. Em 2015, a artista japonesa, que contestou todas as tentativas de liberdade condicional de Chapman, disse ao jornal The Daily Beast que vivia com medo de Chapman sair da prisão. "Uma coisa que eu acho é que ele poderia fazer isso de novo, matar outra pessoa. Pode ser eu, pode ser o Sean (filho do casal), pode ser qualquer um, então existe essa preocupação", disse ela. Os documentos da última audiência, obtidos pela agência Press Association, mostram que a Justiça americana rejeitou a liberdade de Chapman sob o argumento de que "seria incompatível com o bem-estar da sociedade". Lennon tinha 40 anos quando foi assassinado BBC Chapman tinha 25 anos na época do crime. Ele agora tem 65, é casado e sua esposa mora perto da prisão onde ele está há oito anos. Na audiência do conselho de liberdade condicional, ele foi descrito como profundamente religioso e um "cristão devoto". Ele também é funcionário e porteiro em uma área restrita do presídio, local para onde ele foi levado por sua segurança. 'Isolamento e solidão' No momento do crime, o assassino de Lennon carregava o famoso livro "O Apanhador no Campo de Centeio", do escritor americano JD Salinger. Falando de seu amor pelo livro na época, Chapman contou ao conselho como se identificou com o "isolamento" e a "solidão" do personagem principal da obra, o adolescente Holden Caulfield. Chapman teve sua liberdade condicional negada pelo tribunal dos EUA pela 11ª vez após uma audiência no mês passado Reuters via BBC Na audiência no mês passado, Chapman disse que a pena de morte, no seu caso, era merecida. Essa pena foi abolida no estado de Nova York em 2007, embora nenhuma execução tivesse ocorrido desde 1963. "Quando você planeja conscientemente o assassinato de alguém e sabe que é errado e, mesmo assim, você o faz, isso é pena de morte, na minha opinião", disse Chapman. "Algumas pessoas discordam de mim, mas agora todos têm uma segunda chance", disse ele. Quando questionado sobre se a justiça foi feita, Chapman afirmou: "Eu mereço zero, nada. Se a lei e você escolherem me deixar aqui para o resto da minha vida, não tenho queixas." Em sua decisão, o conselho do Departamento de Correções e Supervisão da Comunidade do Estado de Nova York disse que achou a declaração de Chapman de que "o crime trouxe a glória pessoal" perturbadora e recomendou seu "crescimento pessoal e uso produtivo do tempo". O conselho também observou como "as ações egoístas de Chapman roubaram dos futuros fãs de Lennon a oportunidade de vivenciar as palavras inspiradoras que esse artista forneceu a milhões de pessoas". "Seu ato violento causou devastação não só para a família e ex-membros da banda, mas para o mundo", acrescentou. Chapman terá direito a pedir liberdade condicional novamente em dois anos.