Varejista Walmart também faz parte da proposta de aquisição de porcentagem do aplicativo de vídeos. Acordo ainda precisa de aprovações da China e dos EUA. Oracle faz parte da proposta para que o aplicativo TikTok se mantenha nos EUA. Dado Ruvic/Reuters Com a "novela" entre o aplicativo chinês TikTok e os Estados Unidos, o nome da americana Oracle começou a ser ligado ao popular aplicativo de vídeos. A companhia apareceu como uma das interessadas na compra de parte do app desde que o presidente dos EUA, Donald Trump, emitiu uma ordem executiva que proibia "transações" com a ByteDance, desenvolvedora do TikTok, ameaçando banir a rede social do país caso ela não fosse vendida. O interesse só foi oficializado na semana passada, quando TikTok e Oracle anunciaram uma proposta de "parceria tecnológica". Durante o último final de semana, a Oracle anunciou que concordou em adquirir 12,5% da TikTok Global, uma nova empresa com sede nos EUA que será proprietária da maioria das operações do aplicativo em todo o mundo. O acordo ainda depende do aval de Trump, que está inclinado a aprovar caso os americanos detenham a maior parte da nova empresa. A ByteDance diz que a China também precisa validar a negociação, e afirma que a nova empresa será sua subsidiária, causando divergências sobre os moldes do negócio. Saiba mais: 'Novela' do TikTok nos EUA continua: entenda os capítulos mais recentes e o que deve vir por aí Conheça a Oracle Pouco conhecida entre os consumidores, a Oracle atua em soluções corporativas, e seu fundador tem uma relação estreita com Trump. Fundada em 1970, ela é referência no gerenciamento de bancos de dados e servidores para empresas, escolas e governos – incluindo o dos EUA. A empresa também atua na infraestrutura de servidores na nuvem e na área de inteligência artificial. Avaliada em US$ 180 bilhões, ela é concorrente de gigantes como Microsoft e Amazon no segmento de servidores na nuvem, e de companhias como SAP e Salesforce na área de bancos de dados. No anúncio da "parceria tecnológica" entre ByteDance e a Oracle, a companhia americana afirmou que seria uma "provedora confiável de tecnologia" para o TikTok. A empresa americana pretende assumir o gerenciamento dos dados de usuários do aplicativo nos EUA e teria acesso aos códigos da ByteDance para realizar auditorias. Fundador é amigo de Trump Larry Ellison, fundador da Oracle. Oracle PR via Hartmann Studios O fundador da Oracle é Larry Ellison, que tem 75 anos e ainda atua como diretor executivo da empresa. Durante a década de 1970, Ellison trabalhou na Amdahl Corporation, que fabricava computadores de grande porte compatíveis com os produtos da IBM. Em seguida, foi para a Ampex, uma fabricante americana de equipamentos eletrônicos popular nos anos 1970 e 1980 que ficou conhecida pela liderança no mercado de fitas de gravação. Na Ampex, em 1975, participou do desenvolvimento de um sistema para o armazenamento de dados em massa para a CIA (Agência Central de Inteligência), cujo o codinome era Oracle. Em 1977, Ellison se juntou aos sócios Bob Miner e Ed Oates para fundar uma nova companhia, a Software Development Laboratories (SDL). Eles criaram um sistema de gestão de banco de dados relacional e vendiam a solução como alternativa ao IBM System R. Anos depois, o nome da empresa mudou para Oracle Systems Corporation, inspirado no projeto da CIA. O bilionário já declarou abertamente que apoia Donald Trump, e a companhia tem um histórico de colaboração com o governo americano. Ele organizou uma campanha de arrecadação de fundos para Trump em fevereiro. Em abril, se juntou a um grupo de consultoria da Casa Branca que trabalhava em planos para aquecer a economia americana. Ellison está entre as 10 pessoas mais ricas do mundo, de acordo com um ranking da revista Forbes. Sua fortuna está avaliada em US$ 78,3 bilhões (cerca de R$ 411 bilhões, na cotação atual). Participação do Walmart na negociação Trump também citou o varejista Walmart quando disse que daria sua "bênção" a um acordo entre Oracle e TikTok. A companhia confirmou que faz parte da proposta para aquisição de uma parte do TikTok, em conjunto com a empresa de banco de dados. O Walmart ficará com 7,5% da TikTok Global. O interesse da rede de lojas já não era segredo: em agosto, a companhia disse que fazia parte das negociações entre Microsoft e TikTok. Mesmo com a saída da fabricante do Windows, o Walmart continuou nas negociações. TikTok: o aplicativo chinês que conquistou milhões de usuários O varejista não tem experiência no gerenciamento de plataformas de redes sociais, mas vê no TikTok uma maneira de ampliar a sua presença digital, de olho principalmente nos 100 milhões de usuários ativos que o TikTok tem nos EUA e nos cerca de 800 milhões ao redor do mundo. Ainda não está claro quais seriam as responsabilidades do Walmart no TikTok Global. A versão chinesa do aplicativo, chamada de Douyin, já incorpora algumas funcionalidades de compra em meio a exibição dos vídeos curtos. Há um botão que redireciona os usuários para lojas virtuais, muitas vezes dos próprios criadores de conteúdo. "A maneira como o TikTok integrou as capacidades de e-commerce e publicidade em outros mercados é um benefício claro para criadores e usuários nestes locais", disse um porta-voz do Walmart à rede de televisão CNBC em agosto. Veja os últimos vídeos sobre tecnologia no G1 ,