Projeto social ajuda trabalhadores na cadeia da moda, principalmente em São Paulo, o principal pólo têxtil do Brasil. Durante a pandemia, o foco é na produção de máscaras. ONG promove relações justas de trabalho para imigrantes no setor de confecção de roupas
Pequenos empresários que chegam de outros países em busca de melhores oportunidades no Brasil lutam para receber um pagamento justo pelo seu trabalho.
Maria Nina é boliviana, de La Paz, e vive no Brasil há 10 anos. Veio em busca de uma vida melhor para ela e para os dois filhos, mas encontrou em São Paulo uma realidade diferente do sonho.
“Cheguei a uma oficina trabalhando praticamente como escrava. Meus filhos também eram obrigados a trabalhar. Foi um pesadelo”, conta Nina.
Com oito meses dessa exaustiva rotina, Nina foi para outra oficina, também ilegal. Virava noites e trabalhava todo domingo. “Cada vez que a polícia entrava, nos faziam fugir”, lembra.
A situação só melhorou quando ela se legalizou no país. Alugou uma salinha no Centro da cidade e montou uma oficina, mas sem ter noção do valor do próprio trabalho.
“A gente tem caso, por exemplo, de imigrante que levou dois anos para ver uma nota real do nosso dinheiro, porque nem o dinheiro ele recebia”, afirma Cristina Filizzola, diretora da ONG Aliança Empreendedora.
A ONG Aliança Empreendedora coordena o projeto Tecendo Sonhos e ajudou muito a Nina. Eles promovem relações dignas de trabalho na cadeia da moda, principalmente com imigrantes em São Paulo, o principal pólo têxtil do Brasil.
“A gente faz todo um trabalho, mesmo antes da pandemia, de apoio à regularização e orientação a essas oficinas, a aprender a fazer uma gestão, contratar funcionários e tudo mais”, explica Cristina.
Antes, Nina vendia a costura de um short por R$ 1, por exemplo. Hoje ela vende a R$ 7 e às vezes até a R$ 8. Isso porque aprendeu a precificar o trabalho, sabe dizer não e até escolhe o cliente que vai pagar um preço justo pelo serviço dela.
“Quando fizemos as aulas e falamos de precificação, de valorizar as mãos, eu fiquei chocada”, diz Nina.
Agora, na pandemia, com a queda nos pedidos de roupas, o que manteve as oficinas foi a confecção das máscaras. O projeto “Tecendo Sonhos” passou a ser online, com o foco na produção do equipamento de segurança.
Eles formaram uma rede com 29 oficinas de costura e cerca de 150 pessoas, o que ajuda os cooperados. Juntos, conseguem produzir até 30 mil máscaras por dia e pedir preços melhores.
“Chegou um momento que uma pessoa ofereceu fazer isso por 10 centavos. Era R$ 1, mas tem que descontar aluguel, mão de obra, a costura, então ficava 10 centavos do lucro. Eu fiquei chocada”, conta Nina.
Hoje as máscaras não saem por menos de R$ 3 e se chega ao objetivo principal do projeto. “O que a gente vem tentando fazer, junto com esses parceiros de acesso a mercado, é justamente conectar oportunidades melhores que paguem um preço justo na produção da máscara”, afirma Cristina.
Na outra ponta dessa cadeia estão empresas como a da Flávia Aranha, de roupas femininas, que desde 2009 incentiva e valoriza o comércio justo em todas as etapas de produção.
“Um dos maiores desafios da indústria da moda é justamente a mão de obra, que é precária, sub-valorizada. Ela é terceirizada, quarteirizada”, diz Flávia.
Parceira do projeto desde 2015, Flávia vende as máscaras produzidas pela Nina e acredita no poder do exemplo para outras empresas do setor.
Na oficina da Nina, a transformação fica evidente quando se olha pra parede cheia de certificados das aulas de empreendedorismo. Demorou, mas o sonho começa a virar realidade.
“Eu já trabalhei na escravidão. Agora, eu faço assim: o valor que vou te cobrar é esse, se você aceita, está de acordo, se não…”, garante Nina.
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