Com o estabelecimento fechado no início da pandemia, empresários perderam 100% da receita. A solução foi vender açaí, criar um co-living e comprar um novo hostel. Donos de hostel lançam novos negócios durante a crise e recuperam faturamento
Um hostel de Brasília perdeu 100% da receita no começo da pandemia do coronavírus. Agora, depois de seis meses, os sócios têm três negócios funcionando. A solução foi prestar atenção nas oportunidades.
A alta temporada estava começando quando a pandemia zerou o faturamento do hostel, onde a demanda de turistas se concentra de março a novembro. “Nós dormimos com uma ocupação de 100% e na virada da noite o governador emitiu um decreto fechando praticamente a cidade inteira. A nossa ocupação saiu de 100% e foi para zero”, relembra o empresário Gustavo Leal.
O hostel tem um custo fixo mensal de R$ 20 mil, entre aluguel e salários. Mas Gustavo e os sócios Wagner Cabral e Pedro Pereira tinham usado a maior parte do capital de giro da empresa para bancar as despesas da baixa temporada.
Era preciso achar uma saída urgente e eles começaram a vender açaí em pote. Em quatro dias, ele criaram, montaram, divulgaram e começaram a faturar com o novo negócio.
A velocidade, de dar inveja a qualquer startup, não foi de improviso. Os empresários fizeram um estudo baseado em quatro premissas.
“A primeira premissa é que tinha que ser investimento baixo, porque estávamos vindo de um período de muito problema no caixa e era um momento de incerteza. A segunda é que tinha que ser uma coisa de inicio rápido. A terceira premissa era treinar a equipe rapidamente. E a quarta era que isso obrigatoriamente teria que ser incorporado à operação do hostel no período pós-pandemia”, explica Gustavo.
Os empresários investiram R$ 10 mil em embalagens e matéria-prima. Eles compram o açaí, colocam em pote térmico, vendem e entregam. Com a receita, conseguiram pagar as despesas do hostel.
Mas ainda restava um desafio. Pra o novo negócio funcionar, bastava uma cozinha com 15 metros quadrados. Para ocupar os 800 metros restantes, eles montaram um co-living, ou compartilhamento de moradia, onde a pessoa aluga um quarto da casa, por um período mínimo de três meses.
“O co-living é uma moradia que agrega uma série de outros serviços. A pessoa pode vir morar em uma casa que já está completamente mobiliada, com tudo o que ela precisa, com todos os serviços, como água, luz, internet”, conta Gustavo.
Alugado no sistema de compartilhamento, o hostel voltou a ter 100% de ocupação, mas os ousados empreendedores queriam mais. Com o caixa reforçado, eles compraram um hostel concorrente que não suportou a crise.
Por enquanto, esse novo negócio está com menos de 10% de ocupação, mas isso não preocupa os empresários, que deixam mais duas lições importantes: crise também é oportunidade e todo empresário deve olhar pra frente, pensar a longo prazo.
Por enquanto, o novo negócio está com menos de 10% de ocupação, mas isso não preocupa os sócios, que deixam mais duas lições importantes: crise também é oportunidade e todo empresário deve olhar para frente, pensar a longo prazo.
Hoje, somando a receita da venda de açaí, do co-living e do novo hostel, os três negócios já faturam o mesmo que no período antes da crise do coronavírus.
“A nossa expectativa é que para o ano que vem a gente fature de quatro a cinco vezes mais do que a gente faturava no período pré-pandemia”, prevê Gustavo.
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