Capa do álbum 'A máquina voadora', de Ronnie Von Gil Prates ♪ MÚSICAS PARA DESCOBRIR EM CASA – A máquina voadora (Ronnie Von e San Martin, 1970) com Ronnie Von ♪ Em 1968, Ronnie Von decidiu destruir o castelo em que tinha se abrigado em segurança em território próximo do reino rival da Jovem Guarda. Promovido como o Pequeno príncipe daquela geração pop da década de 1960, tanto pela cara de galã quanto pelo repertório meloso, o artista resolveu que queria fugir da linha sentimental de músicas como Meu bem (Girl, John Lennon e Paul McCartney, 1965, em versão em português de Ronnie Von, 1966) e A praça (Carlos Imperial, 1967). Para pôr o castelo abaixo, Ronnie Von embarcou em viagem psicodélica feita em trilogia de álbuns encerrada em 1970 com a edição do LP A máquina voadora pelo selo Polydor, da gravadora Philips. Produzido por Arnaldo Saccomani (1949 – 2020), o álbum A máquina voadora seguiu rota mais arriscada que deu prestígio a Ronnie Von, nome artístico de Ronaldo Nogueira, cantor e compositor fluminense, nascido em julho de 1944 em Niterói (RJ), criado no bairro carioca de Copacabana e projetado como artista na cidade de São Paulo (SP), distante da abastada família. O grande trunfo do álbum é a música-título A máquina voadora, parceria de Ronnie com um amigo compositor creditado na ficha técnica como San Martin. O artista tinha o hábito de pilotar monomotores e, empolgado ao testar avião do gênero para ver se o comprava, percebeu que havia música no ronco do motor e resolveu fazer canção em homenagem ao ato de voar e à própria máquina voadora. Música que batizou e abriu o álbum, A máquina voadora é essa canção, composta em cerca de 40 minutos. Uma canção curta e inspirada, valorizada no primeiro e único registro fonográfico da composição pelo estupendo arranjo do maestro Chiquinho de Moraes. Simulando o ronco de um motor com o toque das guitarras de Cacho Valdez e Tony Osanah, o maestro criou arranjo que, no sopro dos metais, procurou evocar no ouvinte a sensação de um avião que decolava e planava pelo ar. A interpretação de Ronnie Von se ajustou com perfeição ao tom meio épico da canção e do arranjo de Chiquinho Moraes. Embora perfeita, a gravação de A máquina voadora jamais alçou o álbum ao topo das paradas, mas resultou em pequena obra-prima da fase mais ousada da discografia do desencantado Príncipe rival do Rei da Jovem Guarda. Finda a viagem psicodélica, Ronnie Von alcançaria maiores altitudes em playlists posteriores com as gravações das músicas Cavaleiro de Aruanda (Tony Osanah, 1972), Tranquei a vida (Ronnie Von e Tony Osanah, 1977) e Cachoeira (Thomas Roth e Luiz Guedes, 1979, hit com o cantor em 1984), mas seguindo rota mais segura, distante do voo artístico da música-título deste álbum de 1970, editado em CD em 2007 e relançado no formato original de LP em 2013 via Polysom com a capa original que destoava do conceito do disco. O artista queria que a capa do LP fosse o desenho de Pepe exposto na contracapa, mas a gravadora optou pela capa supostamente mais vendável com o cantor posando de galã. De todo modo, ao pôr A máquina voadora em ação, Ronnie Von destruiu de vez o castelo do Pequeno príncipe. Arte da contracapa do álbum 'A máquina voadora', de Ronnie Von Desenho de Pepe ♪ Ficha técnica da Música para descobrir em casa 18 : Título: A máquina voadora Compositores: Ronnie Von e San Martin Intérprete original: Ronnie Von Álbum da gravação original: A máquina voadora Ano da gravação original: 1970 Regravações que merecem menções: A música A máquina voadora nunca foi regravada. ♪ Eis a letra de A máquina voadora : “Quero todo o universo sem fim As alturas vou subir Vejo o espaço acima de mim E por ele vou sumir Vou vagar em pleno o ar Vou voar, vou voar… Em meu brilhante pássaro de prata Vou navegar pelas nuvens soltas Leve para o alto toda minha vida Meu aeroplano Combustível, metal e poema Minha máquina voadora Vejo os homens de cima, em cena Entre a música de um motor Vou vagar em pleno o ar Vou voar, vou voar…”