MC comenta começo na música aos 11 anos, desejo de produzir e como funk está mais profissional. G1 mostra bastidores e carreira de artistas nascidos nos anos 2000. A idade e o apelo sexual nas letras do Don Juan são medidas inversamente proporcionais. Quando tinha 14 anos, o funk proibidão era o que mais bombava e, mesmo sem ter feito parte diretamente desse movimento, as músicas eram bem diretas. "Ela gosta dos magrinhos, porque os magrinhos faz mais gostoso" são os versos mais leves de "Vou Botar", música lançada em 2015 com clipe em que Don Juan parece ter muito menos do que 14 anos. Hoje, a cena do funk, e, as músicas mais trabalhadas pelo funkeiro paulista, estão em uma pegada mais light para aumentar o público e interagir com outros gêneros. E Don Juan não vê problema nisso: "É uma nova etapa para mim. Eu estou achando daora, e acho que agora eu estou pegando todos os públicos", diz ao G1. Ouça trechos da entrevista no podcast acima. Conheça 5 artistas brasileiros nascidos nos anos 2000 Nesta semana, o G1 mostra bastidores e carreira de artistas nascidos nos anos 2000: do funk de Don Juan e Ingryd à MPB de Agnes Nunes, passando pelo sertanejo (Julia e Rafaela) e pelo pop (Carol e Vitória). Depois das parcerias "Eu te Prometo" com Dennis DJ e "Vai ter que Aguentar" com a dupla Maiara e Maraísa, Don Juan vê que ganhou mais fãs crianças. A música com o DJ e produtor carioca, aliás, é o maior lançamento do funkeiro em números de views no Youtube desde os hits "Amar, Amei", "Lei do Retorno" e "Se eu tiver solteiro", todos de 2017. "As de hoje estão light por causa que as de antes eram na época que aquele funk putaria tava muito forte. Então para gente estourar a gente tinha que fazer aquilo, mano", explica. Ele garante que não se incomodava com as letras. Don Juan fala sobre sonhos e artistas preferidos na música Arte/G1 Nem tão 'lights' assim… O discurso de Don Juan é de ser mais "light". Mas, na prática, não é bem assim. "Vou Além", EP lançado em maio de 2020, tem cinco músicas e quatro falam explicitamente de sexo. A única que foi fortemente trabalhada com clipe e divulgação foi "Vai Ter que Aguentar", que não menciona sexo ou drogas. O clipe já tem 70 milhões de views no YouTube, enquanto as outras estão na faixa de 300 mil só com lyric video. O rapper mineiro Djonga canta em "Amo Essa Bunda". Os próximos lançamentos de Don Juan são parcerias com Kekel, Luiza & Maurilio e Dodô do grupo Pixote. Há também uma música com um artista de Portugal, ainda em segredo. Ele não vê problema em cantar outros gêneros: "Gosto de música. Se o cara vir com uma música de rock e for daora, eu vou gravar rock". Controle da Dona Claudia Don Juan nasceu em janeiro de 2001 e começou a cantar funk aos 11 anos. A mãe, Claudia, acompanhava de perto todos os movimentos do filho na música e se preocupava com quem ele estava andando e o que saía nas fotos. Bebida, por exemplo, era vetada das imagens. "Nesse caminho todo eu era novo, cheguei a ver muita coisa também que talvez se não tivesse minha mãe, pessoas boas do meu lado para me passar a direção certa eu podia ter desandado sei lá, né", reflete Don Juan. É a mãe que cuida do dinheiro da carreira do filho e ele nem sabe quanto ganha por mês. Quando precisa de algo, pede e ela avalia se está podendo ou não comprar agora. A pira de Don Juan é com carro de luxo, ele já tem três na garagem e diz que gosta muito. Também queria ter moto, mas o contrato com a gravadora GR6 não permite: "Quando eu tiver mais velho, uns 50 anos de boa, tiver trabalhado bastante, eu vou comprar uma moto. Vou ter mais sabedoria, porque agora eu sou novo, querendo ou não a gente se empolga não tem como." 'Preocupadão' com a voz Don Juan Divulgação A mudança da voz é um ponto natural no crescimento de um adolescente, mas o impacto disso para quem canta desde criança é grande e Don Juan tinha o maior medo dessa transição. "Eu ficava pensando 'nossa minha voz vai mudar, será que vai mudar para daora?'. Ficava preocupadão e falava para os caras 'vou gravar uma pá de música que se a voz mudar a gente vai lançando essas'", diz e depois cai na gargalhada. No final das contas, ele gostou de como a voz ficou. Outro ponto que é comum aos jovens é brincar, sair com os amigos, curtir as festas e baladas, mas quando se é famoso essas atividades podem ficar comprometidas. Don Juan também não vê problema nisso: "Sentir falta eu não sinto não, porque foi isso que eu escolhi, sempre foi meu sonho desde criança. Falar que eu tive infância de poder brincar na rua à vontade, eu não tive porque comecei a cantar muito cedo." Ele lembra que até conseguia sair para balada, mas só depois de trabalhar: "Antes da quarentena, já aconteceu de estar de folga ir para o estúdio, fazer uma música e depois ir pra balada". Pela conversa dá para perceber que Don Juan está sempre pensando nas músicas, mesmo nos momentos de descanso. "Quando eu não estou trabalhando, eu estou trabalhando. Eu fui para praia, chamei três DJs, e ali na resenha o menino já estava destravando o beats e eu já estava indo lá gravar", afirma. Veia de produtor Tati Zaqui e Don Juan são parceiros em 'Pique de Novela' Reprodução/Instagram Na onda de trabalhar o tempo inteiro, Don Juan está montando um estúdio em casa para aprender a produzir suas músicas. "Eu amo estúdio, acho que eu gosto de estúdio mais até do que fazer show. Estúdio é onde eu fico no meu mundo ali." Ele também conta que vai dar umas voltas nas comunidades para ouvir a molecada cantando. Don Juan fala que "tem uns artistas", mas que outras pessoas cuidam porque ele está focado na carreira agora. "Antigamente, você ia na favela e todo moleque queria ser jogador de futebol. Hoje em dia tá dividido: a maioria dos moleques quer ser MC. Os que querem ser jogador de futebol, querem ser MC também", diz. "Hoje em dia nós estamos carregando um bagulho muito grande nas costas, muita criança se espelha em nós." Entre as referências, Don Juan cita MC Catra, Projota e Marília Mendonça como artistas que admira. Kevinho, Kekel, Hariel e Gaab são descritos como os "moleques que estão mesmo foco de não querer ser mais um, de crescer o movimento do funk". "2017 não estava profissional como está hoje em dia, tinha muita gente no susto. Hoje em dia a gente chega no sertanejo, nos caras do pagode, a gente troca ideia tipo mesma fita, tá ligado?" "Antigamente a gente por ser funkeiro, os caras não viam a gente com esses olhos. Hoje em dia eles enxergam a gente como foda, sabe do nosso potencial, que a gente alcançou algo grande também."