'Narciso em férias' é dos mesmos diretores que abordaram noite histórica de festival de 1967 em documentário lançado em 2010. ♪ Filme dirigido por Renato Terra e Ricardo Calil sobre a prisão de Caetano Veloso em dezembro de 1968, Narciso em férias está selecionado para a 77ª edição do Festival de Veneza, programada para acontecer na Itália de 2 de setembro a 12 de setembro. No festival, a exibição de Narciso em férias está agendada para segunda-feira, 7 de setembro. E a boa novidade é que os admiradores do artista baiano no Brasil poderão assistir ao inédito documentário na mesma data da estreia mundial do filme na mostra italiana. Produzido por Paula Lavigne, o filme Narciso em férias estará disponível a partir de 7 de setembro para os assinantes da plataforma Globoplay. No documentário, Caetano Veloso rememora detalhes dos 54 dias em que ficou preso por decisão de agentes repressores do governo militar da época. Diante das câmeras, o artista relata o cotidiano vivido na temida cela conhecida como solitária, as canções associadas a esse período de confinamento e os momentos divididos com Gilberto Gil, preso no mesmo dia de Caetano. Cartaz oficial do documentário 'Narciso em férias', de Renato Terra e Ricardo Calil Divulgação No cartaz oficial do filme Narciso em férias, Caetano é visto em rara foto tirada na prisão no início de 1969. Imagem que faz parte do acervo do pesquisador Lucas Pedretti, a foto do cartaz do filme foi feito após o corte involuntário dos cabelos cacheados do cantor Diretores do filme Narciso em férias, Renato Terra e Ricardo Calil é a dupla que, há dez anos, repôs em foco no documentário Uma noite em 67 (2010) a apresentação da final do III Festival de Música Popular Brasileira, transmitida pela TV Record em 21 outubro de 1967. Nessa finalíssima, Caetano Veloso tirou o quarto lugar ao defender com o conjunto argentino Beat Boys a marcha pop Alegria alegria (Caetano Veloso, 1967). Foi nessa noite que o cantor, compositor e violonista Sérgio Ricardo (1932 – 2020) atirou o violão na plateia como reação às vaias que o impediam de cantar o samba Beto bom de bola (Sérgio Ricardo, 1967). Importante para a deflagração da Tropicália naquele ano de 1967, esse festival projetou os nomes de Caetano Veloso e Gilberto Gil – a quem foi dado o segundo lugar por Domingo no parque (Gilberto Gil, 1967), música defendida por Gil com o grupo Mutantes – e impulsionou a carreira dos dois tropicalistas que, no embalo da consagração popular, organizaram o movimento musical que incomodou o governo da época. A ponto de, um ano e dois meses depois, ambos serem presos – assunto de Narciso em férias.