Artista carioca interpreta um dos dois sambas inéditos que valorizam o álbum 'Coração em desalinho'. ♪ Morto há dez anos, o compositor Alcino Correia Ferreira (5 de março de 1948 – 10 de outubro de 2010) – imortalizado no universo do samba como Ratinho, apelido tornado nome artístico – foi criado no subúrbio da cidade do Rio de Janeiro (RJ) desde os quatro anos. A vivência carioca fez o coração de Ratinho se alinhar na cadência do samba, a ponto de o compositor ter virado parceiro do bamba carioca Monarco. Contudo, a origem de Ratinho – dado desconhecido até por alguns sambistas – é portuguesa. Sim, Alcino Correia nasceu em Portugal, mais precisamente em Armamar, Distrito de Viseu. Esse dado biográfico conecta Ratinho a Nuno Bastos – cantor e músico também português, nascido em Estarreja, no Distrito de Aveiro – e, de certa forma, legitima o disco em que Bastos aborda a obra do compositor. Lançado no Brasil na sexta-feira, 28 de agosto, o álbum Coração em desalinho – Os sambas de Ratinho. Produzido por Alfredo Galhões e Ricardo Moreira, com 12 sambas gravados com arranjos de Galhões, o disco traz a participação avalizadora de Zeca Pagodinho no registro de Amigo, conselho não é sermão, título inédito da parceria de Ratinho com o próprio Pagodinho. Nunca gravada em disco, a música foi encontrada em esquecida fita cassete, presumivelmente gravada na época em que Alfredo Galhões e Ratinho batiam ponto no Gato de Botas, bar do bairro carioca de Vila Isabel. Outra parceira inédita de Pagodinho e Ratinho, Antes que eu me acostume, também ganha o primeiro registro fonográfico no disco de Nuno Bastos, tocador de cavaquinho. Capa do álbum 'Coração em desalinho – Os sambas de Ratinho', de Nuno Bastos Divulgação Zeca Pagodinho – cabe lembrar – é o principal intérprete da obra de Ratinho, tendo lançado sambas como Coração em desalinho (1986) e Vai vadiar (1998), ambos feitos pelo compositor em parceria com Monarco. Coração em desalinho e Vai vadiar figuram no repertório do disco de Nuno Bastos ao lado de outros sambas de Ratinho e Monarco, como Nunca vi você tão triste (2000) e Vou procurar esquecer (1996), também apresentados na voz de Zeca Pagodinho. Nuno Bastos também dá voz a uma rara parceria de Ratinho com os compositores cariocas Alcemir Gomes Bastos (1950 – 2013) – conhecido como Bandeira Brasil – e Nelson Cavaquinho (1911 – 1986), Amante da verdade, samba gravado por Bandeira no álbum A cor do Brasil (2003). Cantora que viveu durante três anos na cidade do Rio de Janeiro (RJ), frequentando rodas de samba, a fadista Raquel Tavares é a convidada de Loucuras de uma paixão (Ratinho e Mauro Diniz, 1996). Os sambas Parabéns para você (Ratinho, Mauro Diniz e Sereno, 1985), Termina aqui (Ratinho, Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho, 1987), Meiguice descarada (Ratinho e David Correia, 1988) – samba de toque afro-brasileiro lançado na voz de Almir Guineto (1946 – 2017) no álbum Olhos da vida (1988) – e Lua de Ogum (Ratinho e Zeca Pagodinho, 1991) também figuram no disco de Nuno Bastos, impulsionando a batida luso-carioca de Coração em desalinho.