Volume total das operações de crédito avançaram 1% no mês passado, para R$ 3,66 trilhões. Taxa média de juros para pessoa física caiu para 39,9% ao ano, mas juro do cartão de crédito rotativo avançou para 312% ao ano. O volume total do crédito ofertado pelos bancos cresceu 1% em julho deste ano, para R$ 3,666 trilhões, segundo números divulgados nesta sexta-feira (28) pelo Banco Central.
Já a taxa média de juros caiu no mês passado, o que não englobou, entretanto, as operações com cartão de crédito rotativo – que tiveram aumento no período (veja detalhes mais abaixo nessa reportagem).
Em julho, de acordo com o BC, houve uma alta de 1,2% no volume do crédito bancário para empresas, para R$1,6 trilhão, e de 0,9% em pessoas físicas – para o total de R$2,1 trilhões.
Em doze meses, informou a instituição, o crescimento do volume total do crédito bancário subiu de 9,9% para 11,3% estimulado pelas operações com empresas – que tiveram aceleração de 11,8% para 15% -, enquanto que nas operações com pessoas físicas a taxa de expansão permaneceu em 8,5%.
As concessões totais de crédito somaram R$ 341 bilhões em julho, acrescentou o Banco Central, o que representa uma elevação de 9,4% no mês, sendo 13,3% para empresas e 5,9% para famílias.
O aumento no crédito bancário nos seis primeiros meses deste ano está relacionado às medidas adotadas pelo Banco Central para liberar às instituições financeiras mais recursos destinados a empréstimos em meio à pandemia do novo coronavírus.
Porém, ainda há relatos de dificuldades por parte de pequenos empreendedores no acesso a linhas de crédito emergenciais, ofertadas pelos bancos com garantia do governo federal.
A segunda fase do Pronampe, por exemplo, será aberta somente na próxima semana – com até R$ 14 bilhões em crédito para micro e pequenos empreendedores.
Juros bancários
Os juros bancários médios com recursos livres (sem contar habitacional, BNDES e rural) de pessoas físicas e empresas, por sua vez, recuaram de 28,2% ao ano, em junho, para 27,2% ao ano no mês passado. Somente para pessoas físicas, a taxa passou de 41,4% para 39,9% ao ano na mesma comparação.
A queda do juro bancário no mês passado englobou as operações com cheque especial, cuja taxa passou de 113% ao ano em junho para 112,7% ao ano no mês passado. Nesse caso, o BC adotou um teto para os juros.
Porém, no caso das operações com cartão de crédito rotativo, os juros bancários cobrados das pessoas físicas subiram de 302,6% para 312% ao ano de junho para julho deste ano.
O crédito rotativo do cartão de crédito pode ser acionado por quem não pode pagar o valor total da sua fatura na data do vencimento, mas não quer ficar inadimplente. Essa é uma das linhas de crédito mais caras do mercado e, segundo analistas, deve ser evitada. A recomendação é de que os clientes bancários paguem todo o valor da fatura mensalmente.
A queda dos juros bancários médios e das operações com pessoas físicas acontece em um momento de recuo da taxa básica de juros da economia. De janeiro a julho deste ano, a Selic foi reduzida pelo BC para 4,5% ao ano (dezembro do ano passado) para 2,25% ao ano. Em agosto, houve nova queda, para 2% ao ano (mínima histórica).
De acordo com o BC, o chamado "spread" bancário (diferença entre quanto bancos pagam pelos recursos e quanto cobram dos clientes) médio passou de 27,9 pontos percentuais, em dezembro do ano passado, para 23 pontos percentuais em julho – uma queda de 4,9 pontos percentuais.
Nas operações com pessoas físicas, houve redução de 40,2 pontos em dezembro de 2019 para 35,2 pontos em julho deste ano – um recuo de cinco pontos percentuais.
Com isso, mesmo com o repasse da queda do juro básico da economia na parcial deste ano, o "spread" bancário ainda segue em patamar elevado para padrões internacionais.
O "spread" é composto pelo lucro dos bancos, pela taxa de inadimplência, por custos administrativos, pelos depósitos compulsórios (que são mantidos no Banco Central) e pelos tributos cobrados pelo governo federal, entre outros.
A taxa de inadimplência média dos bancos do crédito com recursos livres, por sua vez, passou de 3,7% para 3,5% de junho para julho. No caso das operações com pessoas físicas, a inadimplência passou de 5,2% em junho para 5,1% no mês passado, e nas empresas, caiu de 2% para 1,8% na mesma comparação.