♪ Embora de origem brasileira, o violonista e compositor Emiliano Castro viveu alguns anos da infância – de 1978 a 1980 – em Moçambique, na África, e passou quase cinco anos da vida adulta em Barcelona, na Espanha. Essa vivência transcontinental foi determinante para que o artista paulistano incorporasse a música do mundo aos sons que tira das sete cordas do violão. No álbum 7 caminos, lançado pelo Selo Sesc em 21 de agosto com capa assinada pelo artista plástico Elifas Andreato, Emiliano Castro segue por trilha pautada pela fusão da música brasileira com o flamenco, com a cultura latino-americana e com sons da África. A música flamenca foi o ponto de partida e inspiração para a composição do repertório quase inteiramente inédito e autoral do álbum 7 caminos. A mistura do disco está fundamentada na mescla dos ritmos flamencos – a bulería, a soleá, o tango flamenco e a granaína – com o son cubano, a chacarera e a seresta da música latino-americana. “É um disco que aproxima culturas e nasce da empatia entre os povos”, sintetiza Emiliano Castro no texto de apresentação do álbum 7 caminos. Capa do álbum '7 caminos', de Emiliano Castro Arte de Elifas Andreato Para dar forma a essa mistura sonora intercontinental, Emiliano Castro formou septeto que, além do violonista, inclui o flautista e saxofonista madrilenho Jorge Pardo (cultuado pela fusão de jazz e flamenco), o contrabaixista e jazzista basco Javier Colina, o percussionista e cantor chileno Camilo Zorrilla, o percussionista brasileiro Luciano Khatib, o guineense Mû Mbana (voz e tonkorong) – a quem Emiliano dedica uma das nove músicas do disco, Palo santo – e a dançarina brasileira de flamenco Isadora Nefussi (que gravou sapateados e palmas no disco). A rigor, a trilha do álbum 7 caminos começou a ser pavimentada por Emiliano Castro em 2006, ano em que o violonista voltou ao Brasil após cinco anos passados em Barcelona, cidade da Espanha para onde foi estudar flamenco, e trouxe na bagagem amplo conhecimento da música latino-americana. Das nove músicas que compõem o repertório do álbum 7 caminos, sete – Guateque, Ensolarada, La gaivota, Las minas, Milonguero, Navegando e a já mencionada Palo santo – são da lavra de Emiliano, sendo que Navegando também traz a assinatura de Manuel Carmona. As duas exceções são Atrás da porta (Francis Hime e Chico Buarque, 1972) e Morente (1991), tema do guitarrista espanhol Vicente Amigo, um dos ases da música flamenca. Curiosamente, Atrás da porta e Morente são as duas únicas músicas soladas no disco por Emiliano Castro com o toque do violão de sete cordas deste artista que transita por vários mundos musicais convergidos no álbum 7 caminos.