Baseado em peça de teatro, filme chega aos serviços de streaming com mesmos produtores de 'Hoje eu quero voltar sozinho', tentando ser referência LGBTQIA+. Cena do filme 'Música para morrer de amor' Divulgação Há dez anos, a peça "Música para cortar os pulsos" rodou o Brasil com uma história sobre descoberta da sexualidade e um triângulo amoroso complexo. Ganhou prêmios e conquistou o público, que sempre pedia para ver a história nos cinemas. Mais de uma década passada e cinco meses de pandemia depois, o filme “Música para morrer de amor”, inspirado na peça, não chega aos cinemas, mas estreia em serviços de streaming nesta quinta-feira (20). Ele conta a trajetória de um trio de jovens de vinte e poucos anos descobrindo sentimentos e desejos. Na história, Isabella sofre de um coração partido, Felipe quer se apaixonar e Ricardo, seu melhor amigo, está apaixonado por ele. "É a história da vida que eu vivi quando era mais jovem, dos meus amigos, das pessoas com quem eu andava. Eram o universo, sentimentos, relações de uma juventude da qual eu fazia parte", conta Rafael Gomes, roteirista e diretor, ao G1. Como cinemas vão se adaptar para a reabertura "E então senti vontade de ver mais filmes e séries brasileiros que abordassem as questões da vida íntima e emocional dessa juventude, do despertar da sexualidade. Em 2010, quando eu fiz a peça, tinha ainda menos do que hoje." Assista ao trailer de 'Música para morrer de amor' O longa tem os mesmos produtores e pode trilhar o mesmo caminho de sucesso de “Hoje eu quero voltar sozinho”, de 2014. "É um filme que eu gosto muito e aborda sexualidade de uma forma muito honesta, ampla e complexa. É um filme sobre sentimento", diz Gomes. Embora seja um drama, ele aproveita um momento em que as comédias românticas têm apostado na diversidade para conquistar uma geração. "É um momento de usar os velhos modelos com novas essências. Nosso filme é um drama romântico, mas minha inspiração também passou pelas boas comédias que eu via quando era jovem e que ainda eram muito heteronormativas. Eu não tive 'Com amor, Simon' ou 'Hoje eu quero voltar sozinho'." No ano passado, participou da seleção oficial de três festivais, rota importante para o cinema independente: Festival de Brasília, NEW FEST – Festival de cinema LGBTQ+ de Nova York e Festival Mix Brasil de cultura da diversidade. Antes de estrear nos streamings sob demanda, o filme teve algumas sessões especiais em cinemas drive-in. O combo foi a maneira encontrada pelos produtores e distribuidores para lançá-lo neste ano de aniversário da peça e não sair no prejuízo. “Nós ficamos na dúvida sobre esperar a reabertura, mas esperar o que, não há previsão. Então tomamos essa decisão também para preencher a lacuna de lançamentos brasileiros, que estão sendo pouquíssimos nesse momento”, explica o diretor. O elenco reúne jovens atores e artistas com anos de experiência. Cada um deles tem um motivo especial para estar na tela. Mayara Constantino e Victor Mendes eram parte do elenco original. Denise Fraga já interpretou roteiros de Gomes na teatro e no cinema. Escalar Suely Franco era uma vontade antiga. E Ícaro Silva participou do primeiro longa de Gomes, e o diretor queria dar um papel maior para ele em um de seus filmes. “Sou um grande apaixonado pelo trabalho do Rafael e pela capacidade dele destrinchar sensivelmente o amor. Quando assisti à peça, não acreditei que pudesse haver abordagem tão jovem e sensível de temas tão exaustivamente já explorados. Não tinha como não aceitar”, disse Silva. Ícaro Silva em cena do filme 'Música para morrer de amor' Divulgação Música para qualquer situação O nome dá o tom: a história é contada por meio de canções, às vezes parte das cenas. Alguns cantores inclusive fizeram participações especiais: Maria Gadú, Clarice Falcão, Fafá de Belém, Milton Nascimento, Tim Bernardes, Vinicius Calderoni e Mauricio Pereira. Os ritmos são os que embalaram a vida de Gomes, mas a escolha das canções não foi só dele. Ele contou com a direção musical de Marcus Preto, produtor premiado que já trabalhou com Gal Costa e Erasmo Carlos. "Para mim, o filme tinha que ser muito amplo, ter desde ópera até Leandro e Leonardo, passando por mil outros estilos e épocas”, conta. “Tudo se faz com a música de fundo, é o grande mapa dos nossos sentimentos. Na minha vida também foi assim."