Queda foi de 7,8% na comparação dos meses de abril, maio e junho deste ano com o trimestre anterior. Homem lê jornal em uma rua de Tóquio, no Japão Charly Triballeau / AFP O PIB do Japão caiu 7,8% na comparação do segundo trimestre deste ano (abril, maio e junho) com o trimestre anterior (janeiro, fevereiro e março) devido ao impacto da pandemia da Covid-19. É o pior resultado para o período, considerando os dados disponíveis na série histórica, desde 1980. A contração de 7,8% no segundo trimestre, de acordo com dados preliminares divulgados nesta segunda-feira pelo governo japonês, foi a terceira seguida, após as registradas no primeiro trimestre (-0,6%) e nos últimos três meses de 2019 (-1,9%), que levaram a terceira maior economia do mundo à recessão. Esta é a primeira recessão do Japão desde 2015, definida por uma contração da economia durante dois trimestres consecutivos. A sigla PIB se refere a Produto Interno Bruto e é uma medida do valor dos bens e serviços que o país produz num período de tempo (atividade econômica). O objetivo é medir a atividade econômica e o nível de riqueza de uma região. Quanto mais se produz, mais se está consumindo, investindo e vendendo. Japão registra queda histórica do PIB no segundo trimestre Menos afetado que Europa e EUA A economia do arquipélago, que já estava em dificuldades no último trimestre de 2019 pelo aumento do IVA em outubro, foi impactada pela pandemia nos primeiros três meses de 2020. No segundo trimestre, as atividades sofreram com o estado de emergência decretado no país em abril e maio, que provocou um revés para o consumo, que teve contração de 8,6% no período, enquanto os investimentos das empresas caíram 0,2% (bens imóveis) e 1,5% (outros setores). As exportações também caíram 18,5% e as importações 0,5%, enquanto os investimentos públicos registraram contração no primeiro trimestre, mas aumentaram 1,2% entre abril e junho. O Japão, com balanço de quase 54.000 casos e cerca de mil mortes provocadas pela COVID-19, foi menos afetado que a maioria dos países europeus e os Estados Unidos. O impacto do estado de emergência nipônico, que apelou à cooperação voluntária dos cidadãos e empresas, também foi menor que em outros países ricos. A zona do euro registrou contração de 12,1% do PIB no segundo trimestre, afetada sobretudo por quedas expressivas das economias da França, Itália e Espanha, enquanto o PIB dos Estados Unidos desabou 32,9% no segundo trimestre na comparação com o mesmo período do ano passado, o pior desempenho da economia americana desde o início dos registros em 1947. Apesar do aumento de novos casos diários de infecção desde julho, o governo japonês reluta em recorrer a um novo confinamento, por temer os efeitos negativos na economia. A queda do PIB no segundo trimestre é atribuída em particular ao estado de emergência de abril e maio. Os dados mostram resultados melhores a partir de junho, destacam analistas, que acreditam no início de uma recuperação no período julho-setembro. Para atenuar o impacto econômico da pandemia, o governo japonês anunciou dois planos de recuperação de dimensão histórica, que incluem 100.000 ienes (US$ 939) para cada residente no país. O auxílio tinha como objetivo estimular o consumo durante o verão. Apesar das medidas, Naoya Oshikubo, economista do SuMi Trust, acredita que a recuperação será "modesta" e apenas em 2022 o PIB deve recuperar o nível anterior ao coronavírus. A recuperação também pode ser prejudicada pela enfraquecida demanda por exportações japonesas nos países duramente afetados pela pandemia.