Vendas de carne bovina para o país asiático saltaram 145% no trimestre e foram 65% das receitas de exportação. Funcionário organizando frigorífico da Marfrig em São Paulo. REUTERS/Paulo Whitaker A Marfrig teve lucro líquido de 1,59 bilhão de reais no segundo trimestre, um salto ante os 87 milhões obtidos em igual período de 2019, melhora que a companhia atribuiu à melhora no desempenho operacional e firme demanda da China. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado subiu 266% ano a ano, a 4,1 bilhões de reais. A receita líquida consolidada atingiu 18,9 bilhões de reais, crescimento de 54% em relação ao mesmo intervalo do ano passado. "Apesar do cenário adverso (com a pandemia da Covid-19), a companhia registrou um desempenho operacional significativamente acima da média do mercado…Buscamos comprar melhor e vender melhor", disse à Reuters o presidente da Operação América do Sul da Marfrig, Miguel Gularte. "Nosso preço médio (de portfólio) subiu 18%, enquanto o mercado subiu 11%…Reduzimos os abates em linha com o mercado, de 10% a 11%, mas o custo com gado aumentou 31%, enquanto para a Marfrig subiu 29%", comparou. No período, a receita líquida da Operação América do Sul –Brasil, Argentina, Uruguai e Chile– atingiu 4,4 bilhões de reais, crescimento anualizado de 27,7%, enquanto o Ebitda ajustado passou de 216 milhões de reais para 613 milhões. Parte significativa deste resultado se deve ao forte avanço de exportações da Operação América do Sul para a Ásia. Segundo a companhia, as vendas de carne bovina para China e Hong Kong saltaram 145% no trimestre, no comparativo ano a ano, e representam 65% das receitas de exportação. Gularte disse que este forte desempenho no mercado asiático foi impulsionado também pelo aumento no número de plantas habilitadas para exportar à China. "O Brasil teve um acréscimo de 17 plantas aprovadas pelos chineses, em relação ao segundo trimestre do ano passado. A Marfrig, mais quatro", afirmou o executivo. Atualmente com 13 unidades habilitadas pela China, a Operação América do Sul da Marfrig obteve 68% de suas receitas totais oriunda do exterior. Há um ano, essa fatia era de 52%. Sobre a pandemia, Gularte ressaltou que nenhuma planta da empresa foi paralisada no Brasil e os gastos com medidas de prevenção alcançaram 42 milhões de reais desde o fim de março. O food service foi o segmento mais afetado e a expectativa é que até o quarto trimestre haja uma normalidade. Olhando para os próximos meses, Gularte vê um cenário de ajuste na oferta de gado no Brasil, relacionado a questões climáticas por ausência dos animais de confinamento, mas compensada por preços atrativos para a carne. Mais de 550 funcionários de frigoríficos foram infectados pela Covid-19 em MT, diz governo América do Norte A receita líquida da Operação América do Norte atingiu 2,7 bilhões de dólares no trimestre, alta anual de 19%, com salto de 170,3% no Ebitda ajustado para 635 milhões de dólares. Com isso, a operação representou 77% das receitas líquidas e 86% do Ebitda consolidado da Marfrig, um recorde. "Por trás desse resultado estão a robustez do mercado americano que, por conta do isolamento exigido pela pandemia, teve o aumento de consumo e de preços finais, e a queda do custo do gado, provocada por uma maior oferta local", disse o presidente da empresa para a região, Tim Klein. Gastos ligados à pandemia somaram 48,5 milhões de dólares. Ele destacou que com a queda de abates no segundo trimestre, houve aumento de oferta de gado, que deve se estender até 2021.