Entre os desempregados, 43% relatam ter perdido o trabalho durante a pandemia. A crise econômica advinda da pandemia do novo coronavírus prejudicou mais fortemente a renda de pretos e pardos do que a de brancos, segundo pesquisa feita pela Datafolha a pedido do C6 Bank. De acordo com o levantamento, 61% dos pretos e pardos do país tiveram a renda familiar reduzida, contra 54% dos brancos.
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Os dados também aponta quem 48% precisaram adiar pagamentos ou renegociar dívida. Já entre os brancos, esse percentual foi de 40%.
As famílias de renda mais baixa também sentiram mais a perda do rendimento: 61% das classes D e E afirmam ter tido seus ganhos reduzidos. Na classe C, esse percentual é de 60%. Já nas classes A e B, 50%.
Entre os assalariados, chega a quase 40% o percentual entre os assalariados com ensino básico e entre os integrantes das classes C, D e E que relata ter passado a receber menos do seu empregador. Nas classes A e B e no ensino superior, cai para cerca de 20%.
Considerando todos os entrevistados, 69% dos brasileiros cortaram ou reduziram gastos pessoais ou gastos com a família.
Perda do emprego
A pesquisa aponta ainda que entre os brasileiros que estão desempregados atualmente, 43% relatam ter perdido o trabalho durante a pandemia.
Os maiores efeitos foram sentidos na região Sul e em cidades do interior e pelos entrevistados com renda entre um e cinco salários mínimos.
Entre os autônomos, profissionais liberais, empresários e freelancers, quase 80% relataram que a quantidade de trabalho diminuiu em relação às demandas que recebiam antes da pandemia. O trabalho foi totalmente paralisado para 45% deles, segundo o estudo. Essa fatia aumenta mais de cinco pontos percentuais entre pretos e pardos, profissionais com renda de até cinco salários mínimos e moradores de regiões metropolitanas do país.
"O impacto da pandemia sobre o mercado de trabalho aprofunda desigualdades, ao lançar, proporcionalmente, mais pretos, pardos e pobres ao desemprego e à informalidade", diz em nota Alessandro Janoni, diretor de pesquisas do Datafolha.
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Estresse e solidão
A pesquisa mostrou ainda que, em comparação com os homens, as mulheres ficaram mais estressadas com relação a questões financeiras e se sentem mais sozinhas – 49% delas, contra 38% deles.
Ao mesmo tempo em que as obrigações com a família aumentaram para as mulheres brasileiras, elas experimentam mais solidão neste período de pandemia do que eles. Enquanto 49% das mulheres se sentem muito isoladas e solitárias, 38% dos homens brasileiros relatam o mesmo.
A pesquisa ouviu 1.503 pessoas das classes A, B, C, D e E de todo o Brasil. As entrevistas foram realizadas por telefone entre 6 e 10 de julho, e a margem de erro é de 3 pontos percentuais.