Cálculos comparam expansão real com hipótese baseada na média verificada entre 1997 a 2013. PIB do país poderia seria R$ 1,8 trilhão maior. Produto Interno Bruto (PIB) R$ 1,8 trilhão maior agora Marília Marques/G1 Se, nos últimos sete anos, a economia brasileira tivesse continuado a crescer no ritmo anterior a 2014, o país teria um Produto Interno Bruto (PIB) R$ 1,8 trilhão maior agora, ou 27% acima do nível atual. Os cálculos são da MB Associados, que comparou a expansão real do PIB acumulada de 2014 a 2020 com a trajetória que teria sido observada se o país tivesse crescido na mesma velocidade média anual registrada entre 1997 a 2013. Em sete anos, PIB per capita cai e brasileiro fica 11% mais pobre Mercado melhora novamente estimativa para o PIB em 2020 e projeta tombo de 5,66% O exercício hipotético mostra o que se perdeu em termos de crescimento econômico nos últimos anos, mas também o desafio da recuperação à frente, especialmente em setores importantes como investimentos e construção civil, diz Sérgio Vale, economista-chefe da MB. "Desde 2013, o Brasil tem sofrido solavancos de diversas formas que levaram a uma queda importante e histórica do PIB e do PIB per capita no período." A análise por componentes do PIB evidencia que mesmo o agronegócio, que tem dinâmica mais favorável que outros segmentos, poderia ter mostrado desempenho melhor no período sem os “desajustes” na economia, aponta Vale. Em suas estimativas, o PIB efetivo da agropecuária estaria 8% aquém do potencial, ou R$ 24,2 bilhões abaixo. E este é o resultado mais favorável entre os setores. Na ponta mais negativa, a indústria teria "perdido" 31% de crescimento desde 2014, ou R$ 411,8 bilhões de PIB. Dentro do PIB industrial, a construção "perdeu" 49%, o equivalente a R$ 181,5 bilhões a menos. Por fim, nos serviços, o crescimento registrado desde 2014 ficou 26% inferior ao ritmo verificado de 1997 a 2013. Se o setor tivesse continuado crescendo no ritmo anterior, seu PIB real estaria R$ 1 trilhão mais alto. Do lado da demanda, chama atenção o comportamento do investimento, que avançou 52% abaixo de seu PIB potencial de 2014 para cá, destaca o economista. "Se tivesse mantido o ritmo, a taxa de investimento estaria em 22% do PIB hoje, e não nos 14% em que se encontra", estimou. No consumo das famílias, a diferença é de 25%, e nas exportações, de 32,3%. Já as importações teriam crescido 52% a mais se tivessem seguido no padrão de 1997 a 2013. Todos os cálculos consideram como base o PIB de 2013 e aplicam o crescimento real desde então até o ano atual. "Não se deve considerar o período entre 1997 e 2013 especialmente forte em crescimento na média, o que coloca o resultado em situação ainda pior", destaca Vale. “No final, todos os setores têm sido impactados negativamente pelas crises recorrentes desde 2014”, resume o economista-chefe da MB. Analisando a série histórica do PIB brasileiro, é possível identificar três momentos diferentes, observa ele: o que vai até 1980, com forte crescimento; o da década de 80 até 2013, marcado por desaceleração significativa, e o iniciado em 2014. “O período atual é uma incógnita. Ele pode ser a continuidade de anos medíocres vistos nas décadas anteriores, ou um novo período de piora econômica mais profunda”, alerta Vale. “Mudar isso certamente depende da continuidade das reformas que têm sido feitas, mas também de uma estabilidade política que nos falta há alguns anos”, avaliou. Paulo Guedes entrega primeira parte da reforma tributária ao Congresso