Ateliê que vende turbantes quase fechou as portas durante a pandemia. Mas o financiamento criou novas possibilidades de trabalho. Plataforma de financiamento coletivo garante sobrevivência de negócio da periferia de SP
A pandemia foi muito danosa para os empreendedores das periferias do Brasil. Uma empresária que usa a temática afro como inspiração para o trabalho se preparava pra baixar as portas do negócio. Mas foi salva por uma nova modalidade de financiamento coletivo.
Para Michelle Fernandes, o turbante sempre foi uma forma de empoderamento da mulher negra. Em 2012, quando ela foi demitida do emprego, o turbante também virou um negócio.
“Eu estava passando por uma transição capilar, que é deixar meu cabelo crescer natural. Então, eu comecei a usar os turbantes e as pessoas começaram a perguntar onde eu comprava, se era eu que fazia. Aí pensei: ‘poxa aqui tem um negócio’”, conta Michelle.
Ela montou um ateliê e contratou duas funcionários. As encomendas vinham pelo WhatsApp e redes sociais. Até que a pandemia zerou as vendas e a empresária não conseguia mais pagar as contas de R$ 5 mil por mês.
“Tinha cliente falando: ‘a gente tem que comprar comida, ninguém quer saber de turbante’. E aquilo foi um choque pra mim. Não tem clima pra vender, o que eu vou fazer? Nas primeiras semanas, pensei que era derradeiro, que ia fechar”, relata.
Mas Michelle encontrou a saída em ma vaquinha virtual, numa plataforma de financiamento coletivo que já direcionou R$ 7 milhões para empreendedores. Todos são negócios da periferia, como o da Michelle, que fica no Capão Redondo, Zona Sul de São Paulo.
“A gente identificou ali muita potência e a importância da manutenção e da existência desse negócio, que também tem a conexão com outras colaboradoras”, explica Wagner Silva, coordenador do Matchfunding Enfrente.
Este tipo de financiamento coletivo tem uma característica diferente. O empreendedor faz um projeto e fica responsável por correr atrás de um terço do valor pedido. O restante, a plataforma completa e faz o “match”. Isto é: o dinheiro não precisa ser devolvido.
“Os projetos que são apresentados pra plataforma Enfrente têm o valor entre R$ 10 e R$ 30 mil. Então, é uma corresponsabilidade entre o proponente do projeto e este fundo colaborativo. E a cada R$ 1 captado pelo empreendedor, R$ 2 são doados pelo fundo colaborativo”, conta Wagner.
Em 15 dias, Michelle arrecadou R$ 10 mil entre as pessoas que conhecia e gostavam da marca dela. A plataforma completou com mais R$ 20 mil. Ela usou parte dos R$ 30 mil para pagar as contas atrasadas e enxergou outra oportunidade de negócio na crise: fazer máscara de proteção e um kit com a peça combinando com o turbante.
O kit com as duas peças combinando fez tanto sucesso, que Michelle está faturando mais do que antes da pandemia. Em maio, vendeu mais de 140 kits de turbantes com máscaras e faturou R$ 9 mil.
“Um trabalho forte, honesto, as pessoas vão se conectar à marca e quando você chegar nesse período, um período de crise, você vai saber com quais pessoas você consegue contar”, comemora Michelle.
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