País entra tecnicamente em recessão, após acumular queda no PIB por dois trimestres consecutivos. A economia da Espanha registrou uma queda histórica de 18,5% no segundo trimestre deste ano em relação ao primeiro, em consequência do confinamento decretado para interromper a epidemia do novo coronavírus, segundo dados desta sexta-feira (31) do Instituto Nacional de Estatística (INE).
A Espanha entra tecnicamente em recessão, após acumular queda no PIB em dois trimestres consecutivos.
Espanha registra recorde de casos de Covid-19 em 24 horas desde o relaxamento do lockdown
Esta é a maior contração desde que a série do INE começou, em 1970, e é 13,3 pontos superior à segunda maior queda trimestral da série, que foi de 5,2% no primeiro trimestre. O tombo na economia espanhola é mais forte do que a queda de 13,8% da França, que foi anunciada nesta sexta, e do que a queda de 10,1% da Alemanha, informada na quinta-feira (30).
A evolução do PIB entre abril e junho é consequência de uma contribuição negativa da demanda nacional (consumo e investimento) de 16,6 pontos e da demanda externa (exportações e importações) de 1,9 pontos.
O emprego medido em horas trabalhadas caiu 21,4%, uma redução superior à destruição de empregos equivalentes em período integral, que diminuiu 17,7%. A pandemia destruiu mais de um milhão de empregos na Espanha no segundo trimestre, principalmente no turismo e setor de serviços. A taxa de desemprego subiu a 15,3% em junho e o governo calcular que atingirá 19% até o fim do ano.
Com a economia estagnada por causa da pandemia, o consumo das famílias despencou 21,2%; investimento, 21,9%; investimento em habitação e construção, 25%; e o investimento em bens de capital, 25,8%.
As despesas das administrações públicas cresceram 0,4%, 1,4 ponto a menos que no trimestre anterior, mas ainda encadeando quatorze trimestres em alta. As importações caíram 28,8%, enquanto as exportações caíram 33,5%.
O único setor econômico que permaneceu positivo no segundo trimestre foi a agricultura, que cresceu 4,4% trimestralmente, enquanto a indústria afundou 18,5%; serviços, 19,1%; e construção, 24,1%. No setor de serviços, apenas as atividades financeiras e de seguros avançaram 3,4%, enquanto o comércio e transporte registraram a maior contração, 40,4%.
Na comparação anual, a queda do PIB atingiu 22,1%, comparada à queda de 4,1% no trimestre anterior, e é cinco vezes maior que a segunda maior da série, que foi de 4,4% no segundo trimestre.
Efeitos da pandemia
A Espanha foi um dos países mais afetados da Europa pela pandemia, com mais de 28.400 mortos, de acordo com o balanço oficial. Mas também será um dos principais beneficiários do plano europeu de estímulo anunciado pela União Europeia em 21 de julho.
O país deve receber, na forma de créditos e subsídios diretos, 140 bilhões de euros (166,245 bilhões de dólares) do total de EUR 750 bilhões (US$ 890,6 bilhões) do plano europeu.
A ministra da Economia, Nadia Calviño, afirmou que as medidas adotadas pelo governo para apoiar as atividades, incluindo um plano de desemprego temporário, a aprovação do Estado a créditos contraídos pelas empresas ou as ajudas a autônomos, permitiram evitar uma queda de mais de 25% do PIB. O custo das medidas, destacou, representa "20% do PIB previsto para 2020".