Galã, humor social, 'webcrentes'… Plataforma viu seu público e conteúdo se diversificarem durante a quarentena causada pelo coronavírus; relembre fenômenos tiktokers. Fãs fazem vídeos com desafios de dança e maquiagem ao som da música viral 'Na raba toma tapão' Reprodução / Tik Tok Antes visto com estranheza por adultos como "coisa da geração Z", o TikTok virou gerador de hits para todas as idades durante a quarentena causada pelo coronavírus. No Google, as buscas pela plataforma cresceram mais de 600% entre março e julho. O TikTok não revela números, mas admite que viu seu público e conteúdo se diversificarem durante o confinamento no Brasil. Uma diversidade que fica clara na lista de memes e tendências, nascidas na plataformas, ao longo do isolamento no Brasil. Mesmo quem não é usuário da rede social pode ter ouvido falar de… Mário Jr., o "galã" do TikTok O 'humor social' de Kaique Brito e Laura Giordana Os 'webcrentes' da rede social O hit 'Na raba toma tapão' O funk obscuro de 2008 que virou sucesso global Como estética dos 'desafios' no TikTok está mudando a forma de fazer música no Brasil Charme de comédia romântica 'Galã' do TikTok, viraliza fazendo charme à lá comédia romântica Mario Junior, o tiktoker @Izmaario, de 20 anos, virou celebridade na internet por causa dos vídeos em que reproduz o charme de um protagonista de comédia romântica americana. Seja convidando uma garota para o baile de formatura – em português – ou, nervoso, segurando flores antes de buscá-la em casa, Mario não tem medo de clichês. “Tem gente que fala que estou interpretando um personagem. Acho curioso. Só quem me conhece de verdade sabe que eu sou assim na vida real”, diz ele em entrevista ao G1. TikTok consciente Kaique Brito e Laura Giordana são estrelas do Tik Tok mais 'consciente' Acervo Pessoal Em meio a "trollagens" e dancinhas, alguns jovens subvertem a dinâmica na plataforma, criando vídeos bem humorados com temas sociais, como racismo, educação e feminismo. As publicações de Kaique Brito e Laura Giordana se espalharam em outras redes sociais por meio dos elogios de webcelebridades como Whindersson Nunes, Felipe Castanhari e Maísa Silva. Initial plugin text Ele é de Salvador, tem 14 anos e ficou famoso depois de gravar um vídeo de 17 segundos, editado no TikTok, em que ironiza um discurso sobre "racismo reverso". Já ela, de 18, mora em Volta Redonda (RJ) e publica dublagens e montagens brincando com assuntos como as falas polêmicas de Damares Alves, ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos. Pregações divertidas Veja vídeos que brincam com temas religiosos no TikTok Postado no TikTok pelo seminarista René Gomez, um vídeo que faz uma reinterpretação divertida da ressurreição de Cristo revelou à web o mundo de publicações cristãs, que têm conquistado mais seguidores na rede social. A vertente tem memes com humor cristão e usuários que mesclam o conteúdo religioso com outros nichos – casos da "gótica cristã" e da "otaku gospel", por exemplo. O padre Luiz Claudio Braga, que também usa a rede social para publicar vídeos divertidos, conta ao G1 que a Igreja Católica vê com receio algumas brincadeiras envolvendo a religião na internet. “É tênue a linha que divide o bom humor e a ridicularização. O que os padres pregam é que não haja uma ridicularização. A igreja zela pela imagem da instituição”, explica. Do desafio ao topo das paradas Os hits do Niack. O título pode assustar, os músicos são desconhecidos e a produção é simples. Nada disso impediu o funk "Na raba toma tapão" de surgir, de repente, entre as músicas mais ouvidas do Brasil. Na letra, o "tapão" é consensual, sem violência, segundo MC Niack e DJ Markim WF. Em vídeos de fãs, ele ganhou um sentido divertido e virou um "tapa no visual" em desafios de dança e de maquiagem no app TikTok. O sucesso na plataforma levou a música a concorrer com superproduções de Lady Gaga e Ariana Grande ("Rain on me") e Gusttavo Lima ("Saudade sua") nas listas de mais ouvidas do país. Depois dela, Niack já conseguiu emplacar "Oh Juliana", seu segundo hit no topo das paradas do país. Hit sem direito autoral Neymar faz dancinha no TikTok com remix de 'Sentadão', do Bonde das Tequileiras "Pode me dar sua sequência de pente, mas quero que aguente meu sentadão", canta Débora Tequileira. Ao ouvir os versos, um gringo que não faz ideia do que a letra significa levanta os braços e balança as pernas. Essa cena já se repetiu milhões de vezes no TikTok. É mais uma dancinha viral do aplicativo chinês de vídeos. Mas se as outras danças ajudaram a revelar jovens astros pop, essa esconde o nome dos autores atrás de um remix misterioso e revela falhas da plataforma nos direitos autorais. "Sentadão" foi lançada em 2008 pelas Tequileiras do Funk, grupo de São José dos Campos (SP). Doze anos depois, o funk obscuro foi parar no TikTok, com a voz das brasileiras e um remix electro assinado por um DJ desconhecido chamado Shun, intitulado "Bass da da da". O nome das Tequileiras não aparece nos vídeos e elas não ganharam um centavo por eles.